sábado, 6 de agosto de 2011

Um Templo ou um Teatro?

Os homens parecem nos dizer: “Não há qualquer utilidade em seguirmos o velho método, arrebatando um aqui e outro ali da grande multidão. Queremos um método mais eficaz. Esperar até que as pessoas sejam nascidas de novo e se tornem seguidores de Cristo é um processo demorado. Vamos abolir a separação que existe entre os regenerados e os não-regenerados. Venham à igreja, todos vocês, convertidos ou não-convertidos. Vocês têm bons desejos e boas resoluções: isto é suficiente; não se preocupem com mais nada. É verdade que vocês não crêem no evangelho, mas nós também não cremos nele. Se vocês crêem em alguma coisa, venham. Se vocês não crêem em nada, não se preocupem; a ‘dúvida sincera’ de vocês é muito melhor do que a fé”. Talvez o leitor diga: “Mas ninguém fala desta maneira”. É provável que eles não usem esta linguagem, porem este é o verdadeiro significado do cristianismo de nossos dias. Esta é a tendência de nossa época. Posso justificar a afirmação abrangente que acabei de fazer, utilizando a atitude de certos pastores que estão traindo astuciosamente nosso sagrado evangelho sob o pretexto de adaptá-lo a esta época progressista. O novo método consiste em incorporar o mundo à igreja e, deste modo, incluir grandes áreas em seus limites. Por meio de apresentações dramatizadas, os pastores fazem com que as casas de oração se assemelhem a teatros; transformam o culto em shows musicais e os sermões, em arengas políticas ou ensaios filosóficos. Na verdade eles transformam o templo em teatro e os servos de Deus, em atores cujo objetivo é entreter os homens. Não é verdade que o Dia do Senhor está se tornando, cada vez mais, um dia de recreação e de ociosidade; e a Casa do Senhor, um templo pagão cheio de ídolos ou um clube social onde existe mais entusiasmo por divertimento do que o zelo de Deus? Ai de mim! Os limites estão destruídos, e as paredes, arrasadas; e para muitas pessoas não existe igreja nenhuma, exceto aquela que é uma parte do mundo; e nenhum Deus, exceto aquela força desconhecida por meio da qual operam as forças da natureza. Não me demorarei mais falando a respeito desta proposta tão deplorável.


Por Charles H. Spurgeon
Autorizado por Felipe Sabino de Araújo Neto®


A RELIGIÃO E A ARTE

A arte, como uma das expressões supremas da cultura humana, tem o seu lugar também no campo religioso. Não há nenhuma dúvida de que a natureza religiosa do homem, bem como as suas aspirações pelo eterno podem ser representadas. A altura dos prédios religiosos e sua aparência imponente, por exemplo, revelam a esfera do sagrado como a região mais elevada e profunda do ser, assinalam que o temor e o fascínio são os sentimentos que devem evidenciar o encontro do homem com o seu criador.

A crença numa salvação mecânica, realizada por meio de sacramentos e cerimônias, como a que é defendida pelo catolicismo romano, manifesta-se na decoração interna de seus prédios religiosos, como se pode ver na centralidade do altar eucarístico, nas vestes sacerdotais, velas, incensos, sinos etc. Por outro lado, a doutrina protestante, segundo a qual a salvação, sendo pessoal e mediante a fé, começa pelo ouvir da Palavra de Deus, mostra-se na figura do púlpito ocupando a posição mais destacada no edifício religioso, bem como na elevação da tribuna.

O desenho do peixe, por exemplo, tornou-se por razões históricas em um símbolo do cristianismo, enquanto a figura de uma pomba ou a do fogo, lembrando os fatos históricos relacionados à descida do Espírito Santo sobre Jesus e, posteriormente, sobre os cristãos no dia de Pentecostes, pode significar adesão à crença pentecostal na atualidade das manifestações sobrenaturais e miraculosas da divindade.

Todas as representações até agora citadas expressam a natureza religiosa do homem, ou seja, têm natureza antropológica. Todas são passíveis de serem adequadamente lidas. A grande questão, entretanto, é se a própria divindade deve ser representada para fins de culto e se tal representação pode ser lida de modo a ensinar a verdade.

De acordo com o pensamento católico, as imagens de esculturas têm valor pedagógico, tanto por ajudar as pessoas a aprenderem sobre Deus como por estimularem o culto. No século VI, quando o culto às imagens não se tinha generalizado na Igreja Romana, o papa Gregório, o “Grande”, começava a defender a introdução de quadros nos templos como uma “muleta” para os iletrados. São suas as seguintes palavras:“Uma coisa é adorar um quadro, outra é aprender em profundidade, por meio dos quadros, uma história venerável. Pois aquilo que a escrita torna presente para o leitor, as pinturas tornam presente para os iletrados, para aqueles que só percebem visualmente, porque nas imagens os ignorantes vêem a história que devem seguir, e aqueles que não conhecem o alfabeto descobrem que podem, de certa maneira, ler. Portanto, especialmente para o povo comum, as pinturas são o equivalente da leitura”.

Noutra perspectiva, o entendimento protestante, em plena consonância com a orientação bíblica, apesar de admitir o valor da arte, conclui que as imagens têm valor negativo, tanto para ensinar acerca de Deus como para fortalecer o culto.

Deus é o “numinoso”, uma realidade inefável que deve impressionar o espírito humano num encontro imediato, ou seja, sem a intervenção da imaginação. Os artifícios criativos da mente humana só limitarão a divindade, criando ídolos. No Areópago de Atenas, o apóstolo Paulo discursou:“O Deus que fez o mundo e tudo que nele há, sendo Senhor do céu e da terra, não habita em templos feitos por mãos de homens; nem tampouco é servido por mãos de homens, como que necessitando de alguma coisa; pois ele mesmo é quem dá a todos a vida, e a respiração, e todas as coisas (...) Para que buscassem ao Senhor, se porventura, tateando, o pudessem achar; ainda que não está longe de cada um de nós; porque nele vivemos, e nos movemos, e existimos; como também alguns dos vossos poetas disseram: Pois somos também sua geração. Sendo nós, pois, geração de Deus, não havemos de cuidar que a divindade seja semelhante ao ouro, ou à prata, ou à pedra esculpida por artifício e imaginação dos homens.” (Atos 17: 24-29).

Santo Agostinho disse:“Pense o homem o que quiser: um ser criado não se compara ao criador. Exceto Deus, tudo o que realmente existe foi feito por Deus. Quem pode calcular exatamente a distância entre o criador e a criatura? O salmista declara, por isto: ‘Não há entre os deuses quem te seja semelhante, Senhor’. Não explicou quanto difere de Deus, porque é impossível dizer. V. Caridade preste atenção. Deus é inefável. É mais fácil exprimir o que não é do que aquilo que é. Pensas na terra. Deus não é isto. Pensas no mar. Deus não é isto. Em tudo que existe na terra, homens e animais. Deus não é isto. Tudo o que brilha no céus, as estrelas, o sol e a lua. Pensa nos Anjos, Virtudes, Potestades, Arcanjos, Troncos, Sedes, Dominações. Deus não é isto. E o que é então? Somente pude declarar o que não é. Perguntas o que é? ‘O que os olhos não viram, os ouvidos não ouviram e o coração do homem não percebeu’(cf I Cor. 2:9). Por que procuras que exprima a língua o que o coração não percebeu? ‘Não há entre os deuses quem te seja semelhante, Senhor, nem que seja comparável a tuas obras’”.

O conhecimento de Deus é diferente do conhecimento intelectivo que forma imagens concretas ou abstratas a partir de informações enviadas pelos sentidos físicos. No conhecimento intelectivo, a imagem é dominada pelo sujeito, podendo ser alterada pelo poder da imaginação. Entre o homem e Deus não há a relação sujeito-objeto para que o homem possa trazer Deus para a sua mente sob a forma de imagem, antes, há uma relação pessoa finita-pessoa infinita, onde cabe ao homem sair de si e mergulhar em Deus. Não é Deus que entra na mente humana sob a forma de imagem, mas é o homem que entra em Deus pelo abandono de si. De acordo com Max Scheler:“Este caminho, que leva a se perder a si mesmo, para ganhar novamente em Deus, no plano ético se chama humildade, e no plano intelectual ‘intuição’ pura. Tal desobstrução é o risco mais extremo, e, ao mesmo tempo, para o ser da alma mesma, o movimento aberto à existência da ousadia. Esta é a renúncia radical à força e ao valor próprio, o puro ‘se despedir de Deus colocando Cristo sob as asas da galinha’(Lutero), que tão brilhantemente foi descrito há pouco tempo por William James. Em um trecho de seu livro A experiência religiosa em sua variedade, intitulado por ele como ‘Conversão’, ele tece comentários notáveis acerca dos dois tipos de conversão, a ‘voluntária’ e a do ‘abandono de si’. Ele mostra, em uma série de exemplos, como este segundo tipo possui uma significação maior do que o primeiro.”

Embora seja tolerável que o homem use metáforas e símiles para falar de Deus, isso só acontece porque esta é a única forma possível de falarmos do inexprimível. No entanto, cada pessoa deve estar cônscia de que os termos são apenas figuras de linguagem. Atentemos para as observações de Santo Agostinho:“Refiras-te como quiseres à eternidade. Por isso fala como quiseres, porque, seja o que for que disseres, dirás menos do que é. Mas é preciso dizer alguma coisa, para poder pensar o que não se pode exprimir.” “Só ele é inefável, ele que ‘disse e tudo foi feito’. Disse e fomos feitos; mas nós não podemos dizer o que ele é. Seu Verbo, no qual ele nos criou, é seu Filho, para que nós, em nossa fraqueza, de algum modo o exprimíssemos, ele se fez fraco. Podemos pôr júbilo no lugar da palavra; trocar o verbo por uma palavra não podemos. ‘Jubilai, pois, diante do Senhor, terra inteira”.

A imagem esculpida desperta os sentidos físicos, criando inclinações afetivas que culminam na idolatria. A visão não pode ajudar a fé, pois se contrapõe a ela.“Porque andamos por fé, e não por vista”(II Cor. 5:7). “Ora, a fé é o firme fundamento das coisas que se esperam, e a prova das coisas que se não vêem” (Hebreus 11:1).

A fé, segundo a Bíblia, vem pelo ouvir e não pelo ver:“De sorte que a fé é pelo ouvir, e o ouvir pela Palavra de Deus”(Romanos 10:17)

É bom lembrar que Jesus veio na plenitude dos tempos (Gálatas 4:4), e, nesse período, não havia fotografia. Nenhum legítimo cristão contemporâneo a Jesus ousou fazer um desenho da sua pessoa . A sua imagem na cruz, que tanto querem representar, não é passível de reprodução, conforme a observação do profeta bíblico:“Como pasmaram muitos à vista dele, pois o seu parecer estava tão desfigurado, mais do que o de outro qualquer, e a sua figura mais do que a dos outros filhos dos homens” (Isaías 52: 14).

É bom lembrar que, segundo os evangelhos, Jesus foi chicoteado com um instrumento de várias pontas nas quais, de acordo com registros históricos, encontravam-se lâminas e pedaços de ossos. Seus cabelos e barbas foram arrancados. Uma coroa de espinhos penetrou na sensível pele da cabeça. Bateram-lhe no rosto com murros e na cabeça com uma cana. Sem falar da própria crucificação que implicava em ter o corpo traspassado e as juntas separadas. Segundo a profecia messiânica, foi esse o comportamento do salvador: “As minhas costas ofereci aos que me feriam, e a minha face aos que me arrancavam os cabelos; não escondi a minha face dos que me afrontavam e me cuspiam.” (Isaías 50: 6).

A imagem atual do Cristo glorificado ainda é mais difícil de ser representada. Disso testemunhou o apóstolo João no livro do Apocalipse: “E no meio dos sete castiçais um semelhante ao Filho do homem, vestido até aos pés de uma roupa cumprida, e cingido pelos peitos com um cinto de ouro. E a sua cabeça e cabelos eram brancos como a lã, como a neve, e os seus olhos como chama de fogo; e os seus pés, semelhantes a latão reluzente, como se tivessem sido refinados numa fornalha, e a sua voz como a voz de muitas águas. E ele tinha na sua destra sete estrelas; e da sua boca saía uma aguda espada de dois fios; e o seu rosto era como o sol, quando na sua força resplandece. E eu, quando o vi, caí a seus pés como morto....”(Apoc. 1: 13-17).

João Calvino contestou violentamente a posição de Gregório segundo a qual as imagens são úteis para a instrução dos iletrados:“Quando, portanto, Jeremias (10:3) proclama que o lenho é o preceito da fatuidade, quando Habacuque (2:18) ensina que a imagem fundida é a mestra da mentira, por certo que daqui se deve deduzir esta doutrina geral: que é fátua e, mais ainda, mendaz tudo quanto das imagens hajam os homens aprendido acerca de Deus.”

As palavras do profeta Habacuque são muito claras:“Que aproveita a imagem de escultura, depois que a esculpiu o seu artífice? Ela é máscara e ensina mentira, para que quem a formou confie na sua obra, fazendo ídolos mudos? Ai daquele que diz ao pau: Acorda! E à pedra muda: Desperta! Pode isso ensinar? Eis que está coberta de ouro e de prata, mas dentro dela não há espírito algum. Mas o Senhor está no seu santo templo; cale-se diante dele toda a terra.” (Habacuque 2: 18-20).

Em Deuteronômio 4:15, 16, a Bíblia diz:“Guardai, pois, com diligência as vossas almas, pois nenhuma figura vistes no dia em que o Senhor, em Horebe, falou convosco do meio do fogo; para que não vos corrompais, e vos façais alguma imagem esculpida na forma de qualquer figura, semelhança de homem ou mulher ....”

No concílio de Elvira (séc. IV) se decretou (cânon trinta e seis) :“Resolveu-se que se não tenham nos templos representações pictoriais, assim que se lhes não pinte nas paredes o que se cultua ou adora.”

Na visão cristã, o culto a Deus é algo que deve acontecer com estímulos unicamente espirituais, tendo em vista a própria natureza de Deus: “Deus é Espírito, e importa que os que o adoram o adorem em espírito e em verdade.”(João 4: 24).

Desse modo, ausência de imagens no templo protestante revela a crença de que o culto deve ser espiritual, com estímulo vindo de dentro e não de fora. Leland Riken, explicando a visão de culto dos puritanos ingleses do século XVII, disse:“Os puritanos chamavam seus templos de ‘casa de reunião’ num esforço para desviar a atenção do lugar físico para as atividades espirituais, as quais eram o verdadeiro âmago do culto da igreja. Para qualquer um que crê que a ‘beleza da igreja é toda interior.... e que devem ser simples’, tirar imagens visuais das igrejas é a única prática possível. Havia, como veremos, outras razões para o iconoclasmo puritano (principalmente a aversão à idolatria), mas a crença na primazia do culto espiritual da sua doutrina da igreja era a razão principal”.

Sigamos, portanto, às orientações do apóstolo Paulo:“... mas enchei-vos do Espírito; falando entre vós em salmos, e hinos, e cânticos espirituais; cantando e salmodiando ao Senhor no vosso coração” (Efésios 5:18,19).

Pr.Glauco Barreira Magalhães Filho

PERDÃO DE DEUS: é de que o homem precisa

Em Lucas 5:17-26 (Mat 9:1-8), é narrado um fato interessante. Uns homens transportavam um paralítico numa cama desejando pô-lo diante de Jesus, todavia, por causa da grande multidão, foi necessário descê-lo pelo telhado, e o Mestre, perante esta cena, disse-lhe: perdoados são os teus pecados. Esta frase gerou uma certa polêmica. Os escribas e os fariseus pensaram que se tratava de uma blasfêmia. Quem pode perdoar pecados, senão só Deus?(Luc 5:21). No entanto, o mais fascinante foi a resposta do Senhor Jesus ao pensamento daqueles incrédulos: Qual é mais fácil? dizer: Os teus pecados te são perdoados; ou dizer: Levanta-te, e anda?

Eles, considerados doutores da lei, mal sabiam que ali estava o Todo-Poderoso, o unigênito filho de Deus, e que estava dizendo o que a humanidade mais precisa receber de Deus – o perdão! A Bíblia revela claramente a situação, resultante do pecado, entre o ser humano e o Criador: ...como está escrito: Não há justo, nem sequer um. Não há quem entenda; não há quem busque a Deus.(Rom 3:10,11); ...mas as vossas iniqüidades fazem separação entre vós e o vosso Deus; e os vossos pecados esconderam o seu rosto de vós... (Is 59:2); Pois todos nós somos como o imundo, e todas as nossas justiças como trapo da imundícia; e todos nós murchamos como a folha, e as nossas iniqüidades, como o vento, nos arrebatam. E não há quem invoque o teu nome, que desperte, e te detenha; pois escondeste de nós o teu rosto e nos consumiste, por causa das nossas iniqüidades. (Is. 64:6, 7). Revela ainda o destino dos homens sem Deus: ...sua parte será no lago ardente de fogo e enxofre... (Apoc. 22: 8). A humanidade precisa, portanto, reconciliar-se com o seu Criador.

Quando li, pela primeira vez, o texto inicialmente mencionado, chamou-me atenção o fato de Jesus dizer, primeiramente, ao paralítico perdoados são os teus pecados em vez de ordenar sua cura física. O Espírito de Deus me ensinou! Considerando que naquela época o paralítico era rejeitado, não tinha direitos como hoje, era tido como um “coitadinho”, era marginalizado, o Mestre quis dar uma lição. O problema no corpo daquele homem revelava o estado da vida espiritual da humanidade, pois o homem sem Deus está mal, deficiente, debilitado, ou melhor, está como um paralítico, seu estado físico era a imagem do espiritual, por isso o Salvador disse: Qual é mais fácil? dizer: Os teus pecados te são perdoados; ou dizer: Levanta-te, e anda? Jesus deixou claro que Deus podia fazer as duas coisas, para o Senhor nada é impossível (Luc 1:37), no entanto aquele homem estava precisando de algo mais importante que a cura de seu corpo – o perdão de Deus! A cura espiritual! Afinal, de acordo com a Bíblia, o que adianta o homem ganhar o mundo, mas perder sua alma? (Mt 26:16) O ser humano precisa é de paz com Deus, ou seja, ter os pecados perdoados e passar a vivenciar um relacionamento profundo e perene com o seu Criador.

A paz com Deus é obtida através de Cristo, quando o homem, arrependido de seus pecados, confia em Jesus, sabendo que pode perdoar seus pecados e salvar completamente sua vida. (Rm 5:1). Pedro sabiamente desse: Arrependei-vos, pois, e convertei-vos, para que sejam apagados os vossos pecados, e venham assim os tempos do refrigério pela presença do Senhor (At 3:19). É preciso arrepender-se e voltar-se para Cristo. Qualquer pessoa pode ir confiante a Jesus, porque ele perdoa verdadeiramente. Porque serei misericordioso para com suas iniqüidades, E de seus pecados e de suas prevaricações não me lembrarei mais.(Hb 8:12)

Felizmente Deus não é como os seres humanos, que guardam rancor. Ele se esquece do males realizados pelo homem, apesar de tantas vezes lhe afrontar, quando este se volta para Jesus em busca de perdão. Quem é Deus semelhante a ti, que perdoa a iniqüidade, e que passa por cima da rebelião do restante da sua herança? Ele não retém a sua ira para sempre, porque tem prazer na sua benignidade. Tornará a apiedar-se de nós; sujeitará as nossas iniqüidades, e tu lançarás todos os seus pecados nas profundezas do mar. (Mq 7:18,19) Que Deus maravilhoso! O próprio Senhor deixa claro esta verdade ao falar também através do autor da Epístola aos Hebreus 10:17: E jamais me lembrarei de seus pecados e de suas iniqüidades.

Portanto, Buscai ao Senhor enquanto se pode achar, invocai-o enquanto está perto." (Is 55 : 6)

No amor de Deus,

Ernani Moreira.

Entrevista com o pastor Enéas Tognini

Com muita alegria, o Jornal Tocha da Verdade entrevistou o Pastor Enéas Tognini. Ele foi presidente da Sociedade Bíblica do Brasil, ex-presidente da Convenção Batista Nacional, diretor do Seminário Teológico Batista Nacional do Estado de São Paulo e vice-presidente da Igreja Batista do Povo, que fundou em 17 de janeiro de 1981 e a qual liderou por mais de 20 anos, e autor de vários livros, como O Batismo no Espírito Santo, Moisés: um homem santo na escola do deserto, João: o Batista etc.


O que nos chama atenção é o fato de ser, sem dúvida, um dos grandes nomes da visitação Pentecostal de Deus no Brasil. Foi um importante instrumento do Senhor no Movimento de Renovação Espiritual nas Igrejas Batistas na segunda metade do século passado.

Ele não acreditava no Batismo no Espírito Santo, entretanto, depois de uma maravilhosa experiência com Deus, passou não só a acreditar, mas também a pregar o Batismo no Espírito Santo como uma experiência subseqüente à salvação, anunciando pelo Brasil essa verdade às Igrejas Tradicionais.

JTV - Pastor Éneas Tognini o que levou o senhor a crê na atualidade da Renovação Espiritual (batismo com Espírito Santo) uma vez que tradicionalmente as Igrejas Batistas não de linha pentecostal? Fale um pouco de sua experiência pessoal?

Pr. Enéas Tognini - Foi experimentando a bênção. Eu era tão contra o batismo no Espírito Santo que se Deus viesse para oferecer essa bênção, e a rejeitaria. Geralmente no batismo no Espírito Santo vai-se da teoria a prática, comigo foi o inverso. Deus me deu a bênção e depois explicou o que era.

JTV - Renovação Espiritual Batista se limitou apenas ao batismo com o Espírito Santo ou deu ênfase a outras manifestações espirituais tais como os dons do Espírito?

Pr. Enéas Tognini - Quando Deus abre os céus e derrama a bênção do batismo no Espírito Santo, sem dúvida alguma, a bênção é completa para dons espirituais, liberdade no púlpito para louvor ao Senhor com toda a sorte de bênçãos nas regiões espirituais.

JTV - Quando o senhor começou a pregar sobre Renovação Espiritual nas Igrejas Batistas houve um apego maior a Deus, as Escrituras e a evangelização por parte das Igrejas? Comente.

Pr. Enéas Tognini - Eu comecei pregando nas Igrejas Batistas que rejeitavam, fechavam as portas, então, fui para onde Deus me orientava a ir. Tinha, no tempo tradicional, preconceito tão grande que achava que só batistas iam para o céu. Depois que fui batizado no Espírito Santo (16 de agosto de 1958) tive um apego tão grande à palavra, à comunhão fraternal e a evangelização.

JTV - Quais conseqüências (favoráveis e desfavoráveis) enfrentadas pelo movimento de Renovação Espiritual Batista no seu início e no seu desenrolar?

Pr. Enéas Tognini - Deus bateu na porta dos Batistas para a obra poderosa do Espírito Santo. Não quiseram. Deus me disse um dia que estava trocando o meu ministério local pelo nacional. O maior problema negativo que enfrentei foi o barulho. Nosso povo não soube usar a liberdade no culto. Achava que gritaria era poder. Enfrentamos também a chegada em nossos arraiais de alguns aventureiros que penetravam em nosso meio porque a porta estava aberta. Logo, porém, se foram.

JTV - O que o senhor poderia falar sobre o trabalho da missionária americana Rosalee Mills Appleby pela Igreja Batista brasileira?

Pr. Enéas Tognini - D. Rosalee pode ser chamada a “apóstola” da Renovação Espiritual. Depois de ser cheia do Espírito Santo começou a escrever, recordando grandes avivamentos da história. Sofreu, foi perseguida, mas continuou sonhando com avivamento e conseguiu, antes da aposentadoria, ver as primeiras gotas do avivamento. Renovação Espiritual deve muito, muito a D. Rosalee. D. Rosalee trabalhou através de panfletos com os pastores batistas.

JTV - O senhor acredita que nossas Igrejas Batistas atuais absorveram os ideais de graça e poder espirituais pregados pelos homens e mulheres de Deus do inicio do movimento Justifique.

Pr. Enéas Tognini - Creio que muitos pastores aderiram ao nosso movimento como um modismo. Os que foram realmente revestidos de poder, resistiram aos vendavais da oposição e saíram ilesos espalhando as brasas do avivamento (Ez 10). Depois de cinqüenta anos de Renovação Espiritual algumas Igrejas renovadas são tão tradicionais como as tradicionais, e algumas tradicionais são tão renovadas como as renovadas. Creio que 80% das atuais de nossa CBN (Convenção Batista Nacional) continua pregando no poder do Espírito Santo como há cinqüenta anos atrás.

JTV - Na sua opinião, existe similaridade daquela Igreja de cinqüenta anos atrás com a de hoje? Destaque as similitudes e as diferenças.

Pr. Enéas Tognini - Antigamente, antes do movimento de Renovação Espiritual, um crente tradicional era batizado no Espírito Santo e corria para um Igreja Pentecostal e lá era absorvido por esses irmãos. E os tradicionais que precisavam de FOGO ficavam apagados. Deus me levantou para um trabalho específico, qual seja, levar o FOGO do Espírito para as Igrejas tradicionais (Batista, Presbiteriana, Presbiteriana Independente, Metodista, Congregacional e até algumas Luteranas). E nessa missão percorri o Brasil muitas vezes pregando esse fogo. Dezoito ou dezenove anos por esse Brasil de ponta a ponta e muitas vezes com um tríplice ministério:

Pregar a Palavra
Pregar pelos livros
Pregar pela Palavra gravada
Hoje, ouço dizer que não há mais tradicional que seja, que não tenha um grupo batizado no Espírito Santo e falando em línguas.

JTV - Como o senhor vê a Igreja evangélica brasileira atual, tem uma conduta moralmente correta de maneira a cumprir os propósitos de Deus?

Pr. Enéas Tognini - A Teologia Liberal penetrou em nossas Igrejas. Noto que o evangelismo, não só em nossos arraiais, mas também nos tradicionais, trouxe o mundo em nossas Igrejas. Nota-se que há um esfriamento em nossas Igrejas. Há os que pregam dinheiro, pregam cura, pregam milagres e as almas caminham a passos largos para o inferno. Estamos precisando urgentemente de um PODEROSO SOPRO do Espírito Santo para que os carvões do antigo movimento, voltem a arder. Nossas Igrejas avivadas ou tradicionais necessitam sair detrás das portas fechadas para o fogo e o ardor do Espírito Santo nos campos de batalha. Manda chuva, Senhor, manda chuva.

JTV - Qual conselho o senhor deixaria para as futuras gerações evangélicas?

Pr. Enéas Tognini - O caminho, o único caminho para o futuro de nossas Igrejas é o mesmo que os apóstolos enfrentaram no passado:
Esperavam o pentecoste
Esperavam em oração
Esperavam com a Espada do Espírito Santo que é a Palavra
Esperavam, receberam e trabalharam até a morte com amor e fidelidade.

JTV - Qual conselho o senhor daria aos aspirantes do ministério pastoral?

Pr. Enéas Tognini - Que esses futuros ministros não saiam para a batalha, sem a gloriosa experiência que João Hyde teve no navio, indo para o Oriente.
- Que sejam humildes
- Desprendidos de dinheiro
- Desprendidos de fama e glória humana
- Que sejam, como Paulo, crucificados com Cristo
- Que morram para o mundo e vivam para Jesus
- Que tenha uma vida santidade
- Que morram de paixão pelas almas como Booth no Exército da Salvação
- E como Moody digam: “Este livro me afastará do pecado, ou o pecado me afastará deste livro”.