terça-feira, 16 de novembro de 2021

Regeneração: antes ou depois da fé?

Mesmo contrário ao bom senso da interpretação bíblica, existe no meio evangélico o movimento calvinista que assevera ser o novo nascimento anterior ao crer. Para justificar sua visão, citam, dentre outros textos, Efésios 2:1 que diz: “Ele vos vivificou, estando vós mortos nos vossos delitos e pecados” e 1 Cor 2:14, no qual está escrito: “Ora, o homem natural não aceita as coisas do Espírito de Deus, porque para ele são loucura; e não pode entendê-las, porque elas se discernem espiritualmente”.

Assim, dizem que uma pessoa não pode crer sem antes experimentar o novo nascimento, já que está morta espiritualmente. Todavia, esquecem-se de que Jesus disse que esse mesmo morto pode perfeitamente crer nele, veja: "Em verdade, em verdade vos digo que vem a hora, e agora é, em que os mortos ouvirão a voz do Filho de Deus, e os que a ouvirem viverão" (João 5:25). No caso o crer é substituído pelo ouvir, pelo dar crédito e pelo atender ao chamado, etc.

Ao contrário do que dizem os calvinistas, o descrente não entende as coisas do Espírito de Deus, por isso é necessário que creia pelo conhecimento básico para depois entender todo o complexo processo da salvação. No primeiro momento, basta o convencimento pelo Espírito Santo do pecado, da justiça e do juízo (João 16:8). Se a regeneração é anterior à fé porquê o Espírito Santo iria ter esse trabalho, já que a fé seria consequência dessa regeneração? Ficam sem resposta os defensores do calvinismo, assim como não conseguem responder o porquê uma pessoa pode ser iluminada pelo Espírito, dele participar, provar a Boa palavra, provar os poderes do mundo vindouro (Hebreus 6: 4-6), e ainda assim não ser crente. Por que mesmo depois dessa ação do Espírito a pessoa ainda pode não ser um regenerado? Não seria uma ação desnecessária do Espírito agir dessa forma em quem não foi regenerado? Isso se analisarmos pela lógica calvinista de que a regeneração é anterior à fé.

A ação do Espírito Santo para convencer o mundo, consequentemente o homem natural, visa uma resposta favorável (ROMANOS 10:6-11) à graça preveniente disponibilizada por meio da cruz do Senhor, sem a qual não haveria salvação. No texto de Romanos, podemos perceber que: "...a palavra pregada está perto, na  boca e no coração..." e tem todas as possibilidades para confessar Jesus depois de crer, assim usufruindo da salvação. Percebam que ele diz "será salvo" (regenerado) após o crer e a prova é o confessar com a boca.

No evangelho de Marcos 10: 17-22, o jovem rico recebeu o convite para seguir o SENHOR, mas não o atendeu. Contudo, a bíblia diz que Jesus O AMOU. A questão é: como o Espírito Santo não regenerou alguém que recebeu o convite para seguir o SENHOR mesmo tendo Jesus o amado? A resposta é simples, ele não creu a ponto de ter Jesus como uma joia mais preciosa do que seus bens (MT 13:46). Além disso, Jesus depois de dizer que a palavra não permanecia nos fariseus por não crerem e que deveriam examinar as escrituras, pois testificavam dele, acrescenta: "mas não quereis vir a mim para terdes vida!" (João 5:40). Apenas esse versículo é o suficiente para destruir toda argumentação calvinista, pois Jesus dá a ordem certa: primeiro ir a ele (pela fé, é claro) depois ter vida (salvação).

Por fim, em Efésios 1:13, diz: “no qual também vós, tendo ouvido a palavra da verdade, o evangelho da vossa salvação, e tendo nele também crido, fostes selados com o Espírito Santo da promessa”. Esse texto mostra a ordem perfeita da salvação: ouvir a palavra, crer em Jesus e ser selado pelo Espírito Santo (regeneração que é o novo nascimento). Ninguém com uma consciência pura pode dizer que essa não é a ordem cronológica e lógica dos fatos requeridos para a salvação. Ilustrativamente, basta pensarmos na moeda com suas duas faces para daí conseguirmos enxergar que na salvação ocorre o crê e o arrependimento. Diante disso, podemos tirar muitas outras conclusões consequentes como: a expiação geral (já que a Bíblia mostra que Deus exige uma resposta do homem quando ele ouvir a Palavra), a necessidade de pregarmos a palavra, o amor de Deus por todos (revelado através da entrega de seu único filho por amor a nós) e a não existência de determinismo fatalista.

 

Pr. Jander Lira