sábado, 9 de abril de 2011

Wesley, um Jovem que Mudou o Destino de sua Pátria

Um vale em trevas, mas no outro lado da montanha o fulgor do sol nascente! As muralhas de uma época sombria muitas vezes se tornam "as fronteiras de uma etapa gloriosa". O Rev. Ryle assim descreve a Inglaterra no tempo em que nasceram os Wesleys: "Esta hora foi a mais escura que a Inglaterra já experimentara em trezentos anos. Uma condição mais deplorável na religião, na moral e nas idéias é difícil imaginar. Quase não havia mais pregação sobre as doutrinas básicas do Cristianismo: a reconciliação com Deus pelo sangue de Jesus, a obra de Cristo e o Santo Espírito. Usualmente os sermões eram boas palestras sobre moral, sem qualquer poder de vivificar, converter ou santificar almas perdidas".

Justamente em tal ponto como este, Deus escolhe um homem, prepara-o na fornalha do sofrimento, treina-o, disciplina-o com derrotas e fracassos, até ele aprender sua insuficiência e a riqueza dos recursos de Deus.

Na plenitude dos tempos, Deus estendeu Sua mão sobre os filhos amados da nobre Suzana, mãe consagrada, valente e cuidadosa em educar sua numerosa prole.

Na grande Universidade de Oxford, João e Carlos começaram a estudar, mas poucos compreenderam a nobreza dos filhos de Suzana.

Organizaram naquela universidade, entre estudantes que escarneciam do que é santo e puro, um Clube de Santidade.

Este pequeno grupo se reunia inicialmente aos domingos à noite e, depois, duas vezes para estudo da Bíblia e discussão. Finalmente eles se reuniam todas as noites. Separavam dois dias por semana para orar e jejuar. Cada membro devia pôr sua consciência diante destas normas que eles estabeleceram:

1. Tenho eu aproveitado toda oportunidade de fazer o bem e evitar o mal?

2. Tenho eu reservado toda e qualquer coisa, que me pareça por demais valiosa, para servir meu próximo?

3. Tenho eu usado, pelo menos, uma hora durante o dia para falar com alguém?

4. Tenho explicado a outros o que a religião é e o que não é, redescobrindo a imagem de Deus?

5. Tenho persuadido todas as pessoas possíveis a assistirem às reuniões de oração e sermões?

6. Depois de cada visita feita, tenho perguntado a meu companheiro: "Falei qualquer coisa errada?"

7. Quando alguém pediu-me conselho, será que eu fiz tudo para ajudá-lo?

8. Tenho eu me regozijado com meu próximo e para ele?

9. Tem sido a boa vontade o motivo de todas as minhas ações para outros?

O Primeiro Diário

O primeiro diário de João Wesley, escrito durante os anos de Universidade, registra estas resoluções:

Regra Geral

Quando contemplar qualquer dever, considerar como Deus o faria e imitar Seu exemplo.

Regras para Empregar o Tempo

1. Começa e termina cada dia com Deus; não durma demais.

2. Sê diligente no teu trabalho.

3. Emprega todo o tempo vago em religião, se puder.

4. Evita escarnecedores e intrigantes.

5. Evita a curiosidade, o desperdício de tempo e a sabedoria vã.

6. Sonda cada noite teu próprio coração.

7. Nunca deixes passar um dia sem separar, pelo menos, uma hora para o culto devocional.

8. Foge de tudo que é impuro. Sexta-feira, 26 de março: Descobri pensamentos indignos durante a hora do culto individual e uma inclinação para:

a) Maneiras frívolas.

b) Hábito de escutar conversas ociosas.

c) Leituras que não edificam.

d) Ociosidade e falta de amor ao culto devocional.

Acho necessário:

• Buscar viver com mais seriedade.

• Evitar companheiros vaidosos e frívolos.

• Lembrar, com temor, da presença de Deus.

• Evitar toda ociosidade.

• Resistir à concupiscência logo no início, não brincando com o pecado, cortando-o logo os pensamentos, divertindo-me com meus companheiros.

• Orar fervorosamente freqüentemente.

Mais tarde, João Wesley escreveu sobre sua saída de Oxford: – "Dois moços amigos, sem nome, poder ou fortuna, saíram da Universidade com princípios totalmente diferentes do povo em geral para combater contra todo o mundo, contra preconceitos de toda espécie: Seu primeiro princípio atacava diretamente o pecado e o segundo atingia a presunção e a vaidade."

Assim eles tentaram uma reforma, não de opiniões, mas de vida, de toda qualidade de vício, de tudo que era contrário à justiça, misericórdia e verdade. Por isto... todos olharam para eles, tratando-os como se fossem cães hidrófobos.

Mas os irmãos Wesley tinham de aprender que é impossível atingir santidade de vida por normas preestabelecidas, pela instrução ou qualquer esforço próprio. Foram como missionários à América do Norte trabalhar entre os índios, e apesar de sua cultura e código moral, fracassaram miseravelmente. Deus deixou esses dois jovens tão idealistas serem derrotados e sentirem como somos impotentes em nossa força e como precisamos de um poder que não é nosso para sermos vitoriosos. Sentiram a miséria de suas condições.

Escreveu Wesley no seu jornal, neste tempo: "Aprendi depois de ir aos fins do mundo, que estou destituído da glória de Deus, que meu coração é inteiramente corrompido e abominável, que minhas obras, meu sofrimento e minha justiça não podem me reconciliar com um Deus ofendido. Quero a fé que me faz dizer: ‘Não vivo eu... mas Cristo vive em mim’. Desejo a fé onde o Espírito testifica com meu espírito, que sou filho de Deus."

Wesley Descobriu a Chave da Vitória

Quando chegamos ao fim de nós mesmos, contritos e convictos de que não podemos fazer coisa alguma, mas que a vitória está em Cristo e Seu Espírito, estamos perto do triunfo.

Os Moravianos ensinaram aos Wesleys o segredo. Em 21 de maio de 1738, João foi realmente convertido. No último dia deste ano, recebeu a plenitude do Espírito. É melhor usar suas próprias palavras:

"Mais ou menos às três horas da manhã, perseverávamos em súplicas fervorosas, quando o poder de Deus desceu sobre nós de modo que choramos com grande gôzo e muitos caíram por terra, atônitos. Todos começaram a dizer como se fosse uma só voz: "Louvamos a Ti, ó Deus, reconhecemos que Tu és Senhor".

Lecky, em sua "History of Morals" fala sobre o lugar onde Wesley foi transformado: "O que aconteceu nesta salinha teve maior significação para a Inglaterra do que todas as vitórias de Pitt por terra e mar". Sim, Whitefield foi acima do valor de qualquer rei ou estadista do Império Britânico.

A Inglaterra contemporânea ainda sente a influência do avivamento para o qual João Wesley deu a sua vida. Este país foi salvo duma revolução semelhante àquela da França, as ondas do mal foram contidas, os muros consertados e as correntes purificadoras daquele santo movimento são sentidas ainda hoje. O Clube de Santidade dos estudantes de Oxford não foi em vão. Seus raios brilharam sobre uma nação durante os séculos vindouros.

O heroismo dos filhos da nobre Suzana é um dos mais belos da história.

Dois jovens pobres, nascidos em um lar piedoso, honraram seu Deus perante uma Universidade de escarnecedores. Zombados, desprezados, mas permanecendo firmes como vendo o invisível, buscando um ideal mais almejado do que a popularidade pessoal. Como Daniel, honraram o verdadeiro Deus num dia de trevas. Como Moisés, "escolheram antes ser maltratados... por um pouco de tempo do que ter o gôzo do pecado, tendo por maiores riquezas o vitupério de Cristo do que os tesouros do Egito".

Assim, Deus preparou João Wesley ali na Universidade de Oxford, na fornalha do sofrimento, de modo que todos os fariseus religiosos mais tarde não puderam deter seu serviço glorioso, a sua marcha triunfante contra os males da sua época. E Wesley, com Deus, mudou uma nação e rasgou estradas novas para o destino dum povo. Não só a Inglaterra, mas as Américas sentiram a influência de sua vida grandiosa que recusou deixar-se vencer pelas ameaças ou pelos preconceitos dos homens.

Parece que dos lábios dele saíram estas palavras: "Dá-me dez homens que nada odeiem senão o pecado, que nada temam senão Deus e que nada busquem senão almas perdidas, e eu transformarei o mundo em chamas".

Hoje em dia em nossos colégios Deus tem homens desta fibra, jovens que estão na fornalha de lutas e sofrimentos, preparando-se para serem arautos de um novo dia, labaredas ardentes num mundo frio e incrédulo, chamas purificadoras para avivarem a nossa querida Pátria.

(do livro Labaredas de Fogo, de 1962, de Rosalee Appleby)



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