sexta-feira, 8 de setembro de 2017

O diaconato na Bíblia

Os primeiros oficiais da Igreja eleitos foram os diáconos. Devida a uma situação de necessidades materiais e assistência dos menos favorecidos, os apóstolos sabiamente separaram junto com a Igreja emergente, em Atos 6, alguns homens valorosos para desempenhar o ofício. Estevão, Filipe, Prócoro, Nicanor, Timão, Parmenas e Nicolau foram os sete eleitos pela Igreja nesse momento. Mas, quais eram as qualificações e qual a finalidade específica do cargo?
Existia uma distribuição alimentícia chamada “ministério cotidiano”, criada circunstancialmente para atendimento das necessidades dos discípulos menos favorecidos e daqueles que estavam temporariamente em Jerusalém debaixo do acolhimento da Igreja. Como houve um acréscimo elevado de seguidores, alguns estavam sendo esquecidos, porquanto a prioridade era dada aos autóctones cristãos em detrimento dos que vieram de outras regiões, principalmente as viúvas. Em meio a reclamações dos cristãos gregos aos líderes, houve uma reunião na qual os apóstolos resolveram instituir um grupo de apoio para atendimento das necessidades materiais, enquanto eles dedicariam tempo e oportunidades às questões espirituais. Para tanto, não poderiam eleger quaisquer seguidores, deveriam ser exemplares: boa reputação, cheios do Espírito e de sabedoria (nas epístolas paulinas, posteriormente, há acréscimos aos pré-requisitos dos diáconos). Portanto, aqueles homens foram eleitos para servirem às mesas. Era o grupo assistencial da Igreja cujo trabalho deveria ser dedicado ao atendimento dos necessitados, das viúvas, dos órfãos e de quem estivesse em similar situação. Essa é a instrução bíblica da qual deveremos situar nossa observância, porém, atualmente, questiono-me se esse paradigma tem sido observado fielmente nas muitas igrejas evangélicas espalhadas. Por qual razão não está sendo observado? Pelo fato de não verificar esse entendimento nem no seu povo nem na sua liderança.
Constatamos nas igrejas evangélicas de forma geral que a função de diácono é, na realidade, um status hierárquico, uma oportunidade de liderança de congregação, um servidor de distribuição da ceia e um coletor das ofertas e dízimos, ou seja, uma função nada condizente com o instituído no princípio que norteia o ofício.
O status hierárquico é um patamar no trajeto sucessório a fim de se alcançar um dia o mais cobiçado dos ofícios, atualmente, o ministério pastoral, dando a entender que o pastorado não é somente vocacional. Entrar no circuito é uma das possibilidades de encabeçar e chegar ao ápice da liderança evangélica, adquirindo com o tempo a atenção do povo numa função que está sendo mal desempenhada. Quem é um diácono que executa bem sua função será reconhecido e reputado pelos seus serviços sem, entretanto, existir uma obrigatoriedade de um sequenciamento e elevação de categoria. Afinal, o diaconato não é vocacional, não podendo nenhum crente achar que a função é um chamado específico de Deus, antes é de mandato eletivo submisso às decisões da Igreja.
Ao ver diáconos sendo utilizados apenas para servir o pão e o cálice da ceia para uma multidão, indo de banco em banco, e também recolhendo os dízimos e as ofertas em salvas, verificamos como estão sendo subutilizados ou, ainda, não utilizados. Primeiro, a Bíblica nos ensina que somos nós que nos servimos na ceia, pois todos deverão partir o pão (I Coríntios 10:16) e na contribuição, deveremos levar o bem ao gazofilácio; e segundo, a atenção diaconal deveria prestigiar sabiamente as situações de necessidade, pois a falta de exercício da prática empobrece a função. Se por outro lado, devido aos discursos inflamados de prosperidade dos pastores neopentecostais, os necessitados estão sendo “expulsos” e oprimidos de suas igrejas, quão terrível é o contexto que se apresenta para elas.
Portanto, a preocupação diaconal deverá ser a de amparo e ajuda. O autêntico Cristianismo preza pelos outros, segundo as suas necessidades, delegando a esses oficiais um trabalho louvável, de paixão, de envolvimento e de cumprimento do querer divino no que diz respeito ao segundo grande mandamento. Se igrejas estão assumindo outro modelo e não o da Escritura, deverão se preocupar em retornar ao padrão estabelecido pelos santos apóstolos.

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