segunda-feira, 16 de abril de 2018

Tantas mazelas


O Cristianismo ao molde neotestamentário é uma grande novidade. A razão? Os muitos desdobramentos e acréscimos pelos quais passou ao longo de sua História: inserção de práticas fora do conjunto da obra apostólica, tidas por piedosas, processo de aculturação, ordenações políticas e clericais, adaptações devido às tendências locais, ideológicas e globais.
No exame das Escrituras, entretanto, é perceptível uma valorização do que está posto como fundamento permanente da conduta cristã e não a série de adaptações ocorridas. Abdicar dos valores lá contidos constitui-se em desvio e apostasia. Valendo-se disso, tanto Cristo como os apóstolos pregaram e alertaram sobre a necessidade de ampararmos a Escritura nos submetendo a Ela e não as subjugando a outros interesses. O autêntico discípulo não muda a forma prescrita, mas confirma-a em sua conduta; razão para a detecção do conceito de conservadorismo, algo muito rejeitado em nossos dias como se isso fosse avesso ao ensino cristão.
Conservar a predica cristã tal qual fora escrita é considerá-la superior a qualquer outra forma de manifestação de religiosidade, porém hoje é classificada como híbrida e sem “sal”, sem a “luz” da verdadeira iluminação do alto. Mas, conservadorismo não é rigor isolada, é entender o pleno direcionamento do alto para a Igreja que deve ser imaculada, intocada pelo mundanismo e exemplo de ética. Quando não se conserva aqueles valores e condutas contidos nas Escrituras, prática não encontrada atualmente, tende-se a demonstrar com veracidade o quanto esses movimentos empobreceram o Cristianismo puro. Para ilustrar a situação de muitas igrejolas evangélicas que se portam sem a conduta plena, mas que se acham “agraciadas”, vale o que está escrito em Apocalipse sobre o estilo laodiceano, pois elas pensam: “... rico sou, e estou enriquecido, e de nada tenho falta; e não sabes que és um desgraçado, e miserável, e pobre, e cego, e nu; aconselho-te que de mim compres ouro provado no fogo, para que te enriqueças; e roupas brancas, para que te vistas, e não apareça a vergonha da tua nudez; e que unjas os teus olhos com colírio, para -que vejas” (Ap 3:17-18). Como posto, a reprimenda vem em seguida à percepção equivocada da igreja, pois ninguém pode ser o que não é.  
Pode-se a partir deste ponto estabelecer um diferencial entre o que é Igreja e o que não é. Igreja é a comunidade que guarda fielmente o preceito escriturístico e bíblico, enquanto que se constitui qualquer outra coisa menos igreja aqueles que a usam parcialmente. O título de Igreja só pode ser veraz se utilizado no todo e nunca na parte. Esse conceito de ser Igreja verdadeira foi tão presente nos séculos passados que os cismas demonstraram quem guardava plenamente os oráculos de Deus e os que não guardavam. Montanistas, Novacionos, Donatistas, Arnoldistas, Petrobrussianos, Bogomilos, Albingenses, Waldenses e Anabatistas são citados por grandes historiadores como aqueles que se dedicaram ao cumprimento do princípio primeiro do ordenamento cristão, não aceitando as muitas incrementações dos donos da religião que foram surgindo. Tornaram-se, assim, exemplos para o remanescente posterior que percebe o cumprimento da Escritura no que diz respeito a conservação da verdadeira Igreja de Cristo ao longo dos séculos.
Desta forma, qualquer movimento que foge ao princípio primitivo da Igreja está afastado da verdadeira maneira de ser Igreja. Isto decorreu de uma série de implementações que vem desde o catolicismo na Alta e Baixa Idade Média, na qual está a Idade das Trevas, até o neopentecostalismo com seus discursos de prosperidade material. Diante do exposto, não podemos querer outra coisa senão alertar para o perigo que é fugir dos institutos divinos para ceder aos de líderes inescrupulosos. O retorno ao estabelecido na Igreja Primitiva é o remédio que os muitos movimentos precisam tomar para se curarem da sua doença apática e hodierna, fermentados pela apostasia.   

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