quinta-feira, 10 de maio de 2018

O sofrimento cristão


Com a prédica do bem estar social, proclamada através de políticas públicas em alguns segmentos da sociedade, incorporada também sob outro formato (teologia da prosperidade) pelos movimentos cristãos modernos, há quem esteja esquecendo de um dos valores fundamentais do Cristianismo: o sofrimento.
Sofrer para causar danos ou humilhação não seria a indicação precisa do que significa sofrimento no contexto cristão. Precisamos entender que há um porquê no sofrimento, não necessariamente uma causa absoluta, visto que muitos associam o sofrimento estritamente a consequências de pecados, coagindo o “sofredor” a afirmar que sua situação é resultado dos seus maus feitos. Isto pode acontecer em casos específicos como efeito de uma má escolha, de uma conduta reprovável, de uma insistência numa ação pecaminosa nas quais a disciplina divina vem para levar o delituoso ao arrependimento.
Por outro lado, o cristão piedoso pode sofrer bastante, muito embora não haja um motivo específico que o tenha inserido naquela situação. Por qual razão? Sofrimento é refinamento e também desprendimento. Quanto mais o crente for levado pelos ventos da dor, maior será sua busca pelo Senhor. Maior será seu desejo de conhecer e prosseguir em conhecer aquele que é a fonte de todo o alívio, aquele que é escudo e fortaleza. Ao entender sob este prisma a questão do sofrimento, percebamos como a espiritualidade é exaltada. É nesse caminho que o crente cresce espiritualmente alcançando uma dimensão imensurável para a glória de Deus. O desprendimento, também uma finalidade espiritual, provoca uma reação de “repulsa” ao materialismo, ao temporário, ao efêmero para dar lugar e privilégio aos bens duráveis contidos na eternidade. Desapegar é saber discernir o valor do que realmente é significativo para a carreira espiritual, aplicando o olhar objetivo do cristão naquilo que é ulterior à vida.
Claro que não podemos nos eximir de nossa vida terrena, entretanto, precisamos vivê-la pensando e pautando nossa conduta na esperança cristã, pois lá veremos como somos de fato e o veremos face a face. A. W. Tozer disse certa vez: “Deus permitiria profunda dor naquele que usaria poderosamente! ”.         

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