domingo, 14 de outubro de 2018

A Igreja que o mundo precisa (Texto)


Aprendemos a ser Igreja pelo referencial de Atos dos apóstolos. Aquela Igreja nascente, cheia do Espírito Santo e de amor, transmiti-nos o anelo divino para seu povo e seu modus operandi muito bem caracterizado para seguirmos seu exemplo. Se uma Igreja atual quer ser chamada de noiva de Cristo, faça exatamente o que vê na Igreja Primitiva, já que ela comporta toda a ideia do projeto de Deus para a dispensação da graça. Noutras palavras, creia como ela creu, viva como ela viveu, assuma seu papel de reino e sacerdote de Deus como ela assumiu, sem embaraços, sem pecados, vivendo e exalando o bom perfume de Cristo.
Apesar de vivermos séculos após o tempo de Atos não podemos nos omitir de praticar toda doutrina da Igreja Primitiva sob a orientação apostólica. O sentimento daquele povo também deve orientar nossas vidas, visto que queria, acima de qualquer outra coisa, servir a Deus. Este nobre sentimento norteou não só a Igreja de Jerusalém, mas todas que foram sendo fundadas pelo trabalho apostólico e evangelístico, como foi o caso de Antioquia na qual os discípulos foram chamados pela primeira vez de Cristãos. Cristão denominava o seguidor fiel de Cristo porque nos faz entender que ele falava e anunciada toda a doutrina aprendida. Não se omitia nem mutilava os ensinos recebidos. Existia prazer naquilo que fora recebido e nenhum dos discípulos queria abdicar da ferramenta doutrinária uma vez que ela servia para o fundamento da Igreja.
Ao longo dos séculos vemos muitas Igrejas surgindo para guardar exatamente o que foi proclamado em Atos. Montanistas, Novacianos, Donatistas, Pretrobrussianos, Arnoldistas, Cátaros, Valdenses, Anabatistas e outros são exemplos de comunidades cujo intuito foi restaurar o padrão primeiro, muito embora em seus tempos já existisse perseguição devido à dominação católica nos seus territórios. Mas, eles não cederam aos caprichos espúrios de Roma em razão de temerem mais a Deus do que aos homens. Por conseguinte, a semente plantada por esses movimentos ainda germina e brota, basta verificar quem se presta a guardar todos os oráculos primitivos.
Sabemos que o quadro hoje é muito diferente da era apostólica, mas isso não é desculpa para não sermos uma genuína Igreja. Aliás, Jesus prometeu que sua Igreja jamais sucumbiria diante das adversidades do mundo. Ele mesmo proclamou a promessa de seu cuidado e demonstrou a resiliência da geração futura quando disse: “as portas do inferno não prevalecerão contra minha Igreja” (Mateus 16:18). Portanto, percebemos cumplicidade neste propósito, porquanto Deus sempre guardará um povo genuinamente seu, um povo fiel que pretende guardar todo o conjunto doutrinário sem se cercar de valores desta vida e apadrinhamentos com os reis e príncipes deste mundo. Por exemplo, essa Igreja remanescente não comunga com ideais políticos para ser por eles protegidos, não tem a meta de participação político partidária, não elege e não é eleita porque seu Senhor é o Cristo, Senhor dos senhores e Rei dos reis.
O remanescente fiel é a Igreja que mundo precisa porque ela terá em si a genuína conversão e não fará conchaves para negociar outros meios como pretende o ecumenismo. Essa Igreja preza pelo único meio de salvação e se concentra em receber dele graça e luz para seu viver. Mas há muito mais! Uma Igreja cheia do Espírito Santo através do qual se verifica calor nas pregações, vida nas palavras e fidelidade na vida do pregador demonstra a aptidão para fazer uso da Palavra e falar de uma experiência genuína pautada nas Escrituras. Não podemos, entretanto, esquecer que antes de ela se manifestar ao mundo é necessário um ato específico: consagração. Ninguém de boa fé sai sem estar em comunhão com o Altíssimo, pois paz parte do ministério da pregação. Guardar toda a doutrina e perseverar nela é outro sinal que distingue a Igreja que o mundo precisa.
Uma comunidade genuinamente cristã que absorveu esse sentimento da Igreja primitiva com piedade e devoção foi a dos Morávios, mas foi após longos períodos de luta espiritual. O conde Zinzendorf recepcionou muitos fugitivos de perseguições na Europa em suas terras no século XVIII com a finalidade de lhes dar abrigo. Com o tempo, discórdias e conflitos começaram a ocorrer devido às várias correntes religiosas que pertenciam. Foi neste momento que o conde ousou colocar todos para orar. Ninguém poderia mais discutir, mas somente orar. Um grande avivamento ocorreu entre eles a tal ponto que passou a ser uma comunidade referencial na questão do Ágape. Romperam com os dilemas e conflitos para ficarem em paz e harmonia. A partir daí começaram a ter um olhar piedoso para o mundo e começaram a enviar muitos missionários para a África, América do Sul, América do Norte e Ásia. Eles perceberam, quando não mais lutavam entre eles, que agora com o espírito de piedade das Escrituras o mundo precisava deles para anunciar as verdades percebidas pelas experiências que passaram. Além disso, os missionários que iam não só eram sustentados pelos recursos financeiros, mas pelas orações já que todos os dias eles oravam e se reuniam em oração numa determinada hora. Isto aconteceu por cem anos.

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