segunda-feira, 3 de dezembro de 2018

Leveza e espiritualidade



Há quem diga existir um grande abismo entre o Antigo Testamento e o Novo no que diz respeito às virtudes espirituais. Mas, ao lermos alguns textos somos levados a entender algo bem diferente. O porquê disso pode ser respondido simplesmente pelo fato de Deus ser o mesmo tanto naquele como nesse tempo; desta forma, invariável nesse quesito.
Quando Moisés elevou ao Senhor seu último cântico, um sentimento profundo de valorização da realidade espiritual veio à tona: “Goteje a minha doutrina como a chuva, destile a minha palavra como o orvalho, como chuvisco sobre a erva e como gotas de água sobre a relva” (Deuteronômio 32:2). O grande profeta do Antigo Pacto demonstrou haver a possibilidade de sensibilidade para tudo quanto tinha proclamado para os Israelitas. Mesmo o Decálogo, com seu aparente rigor, deveria ser bem recepcionado em busca da perfeita interpretação.
Por tudo que foi revelado, vemos um Moisés muito bem-disposto à obediência ao Senhor. Sua trajetória e experiência de vida permitiu que a revelação fosse internalizada com efeitos duradouros, ao ponto de revelar a vontade de Deus com muita temperança. Seu anseio, demonstrado no texto de seu último livro, associa dois elementos da natureza que expressam uma beleza natural sem precedentes, por mais simples que pareça: gotas d’água sobre a relva.
Imaginemos uma terra árida, completamente devastada pela severa seca. Uma imagem assim não nos motiva a contemplar o cenário com aquele suspiro de enlevo, mas com um sentimento de pesar e lamentação cujos efeitos impõe uma tristeza e um desânimo sem igual. O contrário, segundo o texto mosaico, permiti-nos vê a beleza da natureza e sua grandeza se manifestar glorificando ao Deus criador. Por assim dizer, qual relva não espera ansiosa o orvalho e a chuva? Sabe ela que só poderá revelar seu verde viçoso com o banho do alto, emanado da boa vontade divina. A força do verde da relva nos campos e nas planícies encorajam o prazer pelos caprichos da vida e nos traz uma sensação de conforto e alento, criando um desejo de permanência onde aquele bendito milagre impera.
Pois bem! Assim foi com todos aqueles que almejaram a doutrina que vem do Senhor. Transformaram suas vidas em instrumentos para a glória do Nosso Deus, pelo prazer de cumprir seus preceitos entenderam todo o bem de sua vontade e pelos seus frutos demonstraram o toque do Todo-Poderoso sobre vidas de homens pequenos que se tornaram grandes. Moisés foi apenas um dos primeiros. Samuel, Elias, Davi... Simeão, João Batista também aprenderam o santo caminho. Ora, se eles aprenderam, quanto mais aprenderão os que estão na dispensação da graça e da plena comunhão!        

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