segunda-feira, 13 de janeiro de 2020

A mulher e o cinto


A doutrina cristã consiste de um conjunto de ensinamentos provenientes de Deus apresentados de forma direta no cânon bíblico, seja por instrução pacífica ou por admoestação, para regular o comportamento e a ética da Igreja. Precisamente, é no Novo Testamento que a Igreja encontra o referencial para sua conduta; contudo, não pode esquecer-se do Antigo Testamento no qual há a revelação de muitos aspectos do caráter de Deus e de sua vontade, todos dignos de cumprimento em razão da imutabilidade do seu ser. Um deles versa sobre a forma pelo qual o fiel deverá se vestir e a possibilidade de agregar elementos à sua indumentária. Especificamente, gostaríamos de tratar e refletir brevemente sobre o uso do cinto, ponderando sobre sua origem como adereço das vestes, sobre quem pode usá-lo e se existe alguma restrição ao seu uso. Bem, talvez essas sejam algumas das questões inquietantes em certas mentes cristãs em cujo exercício racional procuram compreender sua correta aplicação.
Encontramos a primeira referência ao cinto como adereço na veste sacerdotal (Êxodo 28:4). Ao longo de Levítico, inúmeras vezes também é citado (8:7, 8:13, 16:4). O cinto, dentro deste contexto, se apresentava como objeto de ornamento da veste estabelecida por Deus para fins espirituais na condução do povo para o sagrado. As vestes representavam a grandiosidade do sacerdote, mas não para a exaltação do homem, antes como prefiguração da grandeza do verdadeiro sacerdote, Cristo. A grandeza criava na vestimenta um simbolismo para chamar a atenção dos israelistas para motivá-los a olharem atentos os institutos divinos já que nenhum estímulo espiritual existia para impulsioná-los a este fim (como sabemos, o Espírito Santo somente passou a habitar permanentemente no crente após a morte de Cristo). Além do aspecto cerimonial no ofício do sacerdote, o cinto foi também usado por recrutas dos exércitos e pelos profetas (I Reis 2:5 e II Reis 1:8, 3:21).
         Desta maneira, o exame atento das Escrituras nos mostra o cinto como adereço da indumentária masculina e nunca da feminina. Mas, se ousarmos procurar alguma passagem bíblica na qual as vestes femininas recebem o adereço do cinto para justificar sua utilização pela mulher, certamente, não a encontraremos, pois, as muitas passagens bíblicas existentes sobre o assunto estão caracterizadas pela peculiaridade do objeto com a veste masculina (Jeremias 13:11, Mateus 3:4, Marcos 6:8).
Quanto a relação do cinto com a mulher, é possível vermos algo nada louvável nas prédicas proféticas. A utilização do cinto pela mulher despertou, na verdade, um descontentamento divino em razão de o cinto ser objeto peculiar da veste do homem (basta estar atento a todas as passagens bíblicas nas quais o cinto faz parte do ensejo). A repreensão duríssima de Deus, através do profeta Isaías, comprova sua insatisfação com o uso de cinto entre as mulheres em decorrência da desobediência ao princípio estabelecido no ato de sua origem (veste sacerdotal), porquanto disse o profeta: “Naquele dia tirará o Senhor os ornamentos dos pés, e as toucas, e adornos em forma de lua... e os cintos...” (3:18-20). Percebe-se aqui a nítida ideia de diferenciação do adereço no vestuário, ou seja, o que é peculiar ao homem e não é à mulher. Assim, Deus definiu o padrão para um e para o outro.
Ora, se não há nenhuma passagem bíblica na qual encontramos a utilização do cinto pela mulher é porque o seu uso está em desacordo com o propósito de Deus. Além disso, a expressão de Isaías demonstra efetivamente a contrariedade de Deus ao uso feminino do cinto. Contudo cabe salientar que a mulher tem vestimentas peculiares que reforçam e engrandecem o ser feminino, não necessitando de algo rústico e grosseiro como é o cinto do homem. Sua delicadeza exige uma indumentária mais alinhada com a virtuosidade de seu coração, de sua decência e de seu espírito piedoso para que se destaque sua essência e também sua beleza enquanto mulher. Fica, assim, justificada a afirmação de que não é decente à mulher usar um objeto próprio da veste masculina.

Pr. Heládio Santos



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