quarta-feira, 11 de setembro de 2024

Nosso trabalho foi em vão?

 

Uma das promessas mais impressionantes nas Escrituras é que “o vosso trabalho no Senhor não é em vão” (I Coríntios 15:58). Esse termo “trabalho no Senhor” significa muito mais do que as tarefas “espirituais” de evangelismo e oração; vão muito além.

Isso parece incrível, mas às vezes pode ser difícil ver como. É reconfortante para nós que até mesmo o grande apóstolo Paulo duvidou da significância de sua obra. Em I Tessalonicenses 3:5, ele admitiu: “Eu temia que… nossos labores pudessem ter sido em vão.” E ainda assim ele escreveu I Coríntios 15:58 assegurando a si mesmo e a seus leitores da promessa de Deus. Paulo também reclamou dos gálatas (Gl 4:11). Teria sido o seu trabalho pastoral na Galácia em vão? O que estava em causa? Aconteceu que os gálatas estavam em uma ação reversa da sua história. Utilizando-se do seu exemplo, Paulo libertou-se do farisaísmo para o cristianismo, demonstrando um testemunho prevalecente. Mas alguns gálatas estavam retornando do cristianismo para a mentalidade legalista judaica, que coisa?

Veja, este é um ato de fé. Mesmo quando não conseguimos ver como, confiamos que Deus usará tudo o que fizermos por ele, mesmo que seja algo aparentemente insignificante. Tenhamos fé nessa promessa hoje, crente. Deleite-se no conhecimento de que tudo o que fizermos “para o Senhor” reverberará por toda a eternidade, mesmo que crentes e Igrejas nos decepcionem e tentem desabonar todo o serviço prestado a eles!


terça-feira, 10 de setembro de 2024

Princípios bíblicos e a anticoncepção

Métodos sobre o controle de natalidade podem ser um assunto controverso entre muitos cristãos, mas, lembremo-nos, antes de qualquer controvérsia deve prevalecer a resposta objetiva da Bíblia Sagrada. Essa controvérsia surge em razão de alguns dizerem que a Bíblia não traz abordagens específicas sobre as formas permanentes e modernas de impedimento da concepção natural, como laqueadura ou vasectomia, sendo desnecessário o debate porque a deliberação sobre o assunto seria de livre aceitação quanto a intervenção humana ou não. Todavia, como outros, não compactuamos com o referido argumento. Antes, acreditamos existir obviedade na questão de a Bíblia não ser específica e procuramos ensinar a fé em Deus e confiança em seus propósitos para reger essa situação. Tais procedimentos eram inconcebíveis nos tempos da Igreja Primitiva e na Antiguidade. Pensá-los e ensinar contra eles no contexto bíblico, então, seria impróprio e extemporâneo. Contudo, o Santo Espírito inspirou coerentemente os escritores do cânon revelando princípios bíblicos poderosos capazes de revelar o perfeito entendimento os quais devem reger nosso entendimento, coração e ação quanto a preservação da virtude cristã e da fé ante a mutilação ou impedimento do corpo. Citaremos apenas dois.

Devemos reconhecer, primeiramente, que os filhos são um presente de Deus (Salmo 127:3-5). Os filhos não são fardos para carregar, mas bênçãos para receber com alegria. De uma perspectiva bíblica, todo casal deve querer ter filhos. A incapacidade de ter filhos, por outro lado, era considerada uma maldição, mas poderia ser remediada pela providência divina, enquanto a capacidade de conceber uma bênção. Lembremo-nos bem dessas afirmações porque o fato de Deus intervir em mulheres estéreis para fins de concepção demostra a grande contrariedade divina quanto ao impedimento de tê-los.

Outro ponto, o útero é frequentemente referenciado na Bíblia como um espaço sagrado e significativo, frequentemente descrito como estando sob a alçada da vontade de Deus. As gestações intervencionais (Sara, Raquel, Ana e Isabel) e a milagrosa (Maria) enfatizam a percepção do parto como entrelaçado com o propósito divino. A Bíblia afirma repetidamente que a conjugação da santidade de vida e a orquestração divina da concepção e do nascimento propicia a realização dos propósitos de Deus e não dos nossos. Dada essas informações, alguém poderia argumentar que qualquer intervenção para privar a concepção por meio de métodos que incapacitam o corpo, como a laqueadura e vasectomia, pode parecer interferir no plano de Deus para uma nova vida em potencial. Disto não temos dúvida, pois qualquer interferência humana no corpo ocasiona a inviabilidade da ação programada naturalmente e providencialmente preparada para um dos mais belos atos da vida: a chegada de mais um ser humano ao mundo.

Se cristãos evangélicos pensam que podem agir administrando o propósito divino como se donos dele fossem, vai um grande exemplo do catolicismo romano para eles. Muito embora tenhamos muitas divergências doutrinárias com o catolicismo porque seus dogmas prejudicam a salvação, no supracitado quesito, dão uma aula de fé e honra aos princípios bíblicos. Vejamos um pequeno trecho abordando a questão das consequências espirituais e do arrependimento moral:

Pois bem: a vasectomia e a laqueadura violam diretamente a primeira finalidade do matrimônio, já que alteram o funcionamento do sistema reprodutivo para que o indivíduo continue tendo relações sexuais, mas seja incapaz de gerar filhos. Isso é um pecado mortal, sim; mas não apenas porque “a Igreja disse que é”. Trata-se, como vimos, de uma conduta frontalmente contrária à hierarquia de valores do matrimônio.

— Quem cometeu esse pecado e se arrependeu, deve mesmo procurar a reversão do procedimento? De onde surge esse dever?

Sim, quando alguém se arrepende, tem o dever moral de procurar a reversão dessas operações, dever este que decorre da própria natureza do verdadeiro arrependimento: assim como o ladrão arrependido tem o dever moral de restituir a coisa roubada, quem fez vasectomia ou laqueadura tem o dever de, ao menos, procurar a reversão.[1]

Concluindo, vimos apenas dois princípios bíblicos porque julgamos suficientes para nos lembrar dos métodos anticonceptivos como fugas da vontade e dos propósitos divinos. Entender sua prática como uma liberdade opcional e circunstancial fere a firme convicção de dependência em Deus e da guarda de sua Palavra. Ora, se tantos outros (católicos, pessoas comuns e sem religião) acreditam na exaltação da concepção natural quanto mais se espera de cristãos que falam em nome do Criador da vida. Seria vergonhoso se não agissem nem pensassem assim.

 

Pr. Heládio Santos     



[1] https://padrepauloricardo.org/blog/esta-verdade-cai-como-uma-bomba-nas-familias

terça-feira, 3 de setembro de 2024

Grupo de Estudos - GEPMOR

Há muito desejávamos um grupo de estudos que aprofundasse a discussão sobre a História da Igreja cristã, principalmente, focando aqueles movimentos denominados reacionários cujas ações criaram cismas na Igreja. Não entenda, entretanto, reacionário do ponto de vista ideológico, político ou revolucionário, mas como pensamento de restauração pelo qual comunidades sentiram a urgente necessidade de retornar aos padrões da Igreja Primitiva em contraponto aos desvios e às severas mudanças pelas quais passava a Igreja majoritária de seu tempo.



O movimento reacionário no contexto cristão por parte de comunidades menores caracterizou-se pela sua reação de não aceitação às invencionices religiosas praticadas e ensinadas por agentes superiores hierarquicamente da Igreja geral. Muito embora sua argumentação partisse das Escrituras, não eram reputados como seus intérpretes legítimos porque estavam no estrato da laicidade. Contudo, o sentido intelectual e prático desse reacionarismo de determinados grupos visava apenas a conservação dos valores neotestamentários porque estavam sob forte ataque da Igreja em franco caminho de institucionalização ou já institucionalizada. É, portanto, uma abordagem centrada na contrariedade ante os processos de inovação de uma Igreja cristã que não percebia seus erros, mas que era inquietada por aqueles que percebiam a mudança dos seus rumos e como tentativa de solucionar o problema procuraram colocar freios na situação “ladeira a baixo”.



Esses reacionários receberam designações diversas. Às vezes, ganhavam uma nomenclatura associada aos líderes; outras, em referência aos lugares onde estavam; semelhantemente, pelas práticas batismais e, talvez, a razão mais consistente seria pela abordagem pura das doutrinas, gerando convicções pautadas nas Escrituras Sagradas, mas não entendida desta forma pelos seus opositores que em tom de ironia os designavam.

            Consiste, deste modo, num grande desafio tomar documentos históricos, analisá-los e propor um conhecimento que esteja de acordo com as perspectivas daqueles cristãos que muitas vezes foram/são chamados de hereges, amiúde, equivocadamente. O simples fato de assim nomeá-los criou um grande obstáculo ou uma densa bruma para alguns pesquisadores, estudiosos ou leigos que queiram saber mais sobre o assunto porque já são introduzidos no contexto de forma enviesado e eivado pela falsa interpretação. Outrossim, o título pejorativo dado pelos muitos religiosos incomodados com as pregações e ensinos dos reacionários cristãos revelou também um desgosto pela crítica indireta à sua hipocrisia religiosa recheada de pomposidade e deleites mundanos por parte de homens e mulheres comuns não institucionalizados nem hierarquizados. Por certo, um tema bastante interessante para dialogarmos com a História.



            Não obstante, um pequeno grupo da Igreja Batista Renovada Moriá, Fortaleza (CE), vem reunindo-se mensalmente com sede de conhecer mais da História da Igreja para poder transmitir informações honestas sobre cada movimento. Não será, no entanto, um trabalho rápido e ágil, pois uma pesquisa desta envergadura dura anos e perpetuasse. O trabalho tem consistido em análises pontuais e progressivas dos anais históricos e de autores nacionais e estrangeiros, bem como na tradução dos tratados originais em latim, outros em inglês, espanhol e francês e sua contextualização. A pretensão para a entrega de resultados está programada para os eventos da Igreja cujos temas tenha igual abordagem, assim como a produção textual para publicação a partir do próximo ano.