sábado, 8 de novembro de 2014

Do farisaísmo disfarçado de zelo cristão



Quem nunca ouviu falar a palavra fariseu? Tal denominação era aquela a qual estavam sujeitos os seguidores da antiga seita farisaica: rebento judaico da religião mosaica. No que diz respeito a sua história, alguns acreditam ter surgido à época de Neemias e Esdras, quando ficou evidenciado à necessidade de restauração da fé e do zelo Hebreu. Despontaram, então, como povo separado, disposto a renunciar as impurezas e o mundo pagão, buscando uma purificação dedicada exclusivamente a Deus. Do exílio persa à Jerusalém, este sentimento foi gradativamente minorado, conduzindo-os a mera superficialidade religiosa. Ficaram mais conhecidos nos idos primeiros da era cristã, momento quando o Cristo exteriorizou-lhes o verdadeiro cerne de suas convicções, transmudando-as perante seu público para uma conduta hipócrita e sórdida. Porém, não se restringiu àquele tempo.
            A conduta religiosa farisaica rompeu os limites dos séculos chegando até o presente. Entretanto, não mais como uma religião em si, mas com o mesmo sentimento incorporado a alguns indivíduos praticantes de um suposto cristianismo, demonstrado através de disfarces de pureza e zelo, mas que na verdade não passam de um cristianismo individual e superficial (se é que podemos chamá-lo assim); nada além de aparência, mas que está contaminada com ausência de Deus; muitas vezes imperceptível na oratória, contudo detectado nos atos práticos do dia-a-dia.
            Algumas orientações para reconhecermos quando o sentimento farisaico tem pairado sobre alguns de ânimo dissimulado são: quando há rejeição da Palavra como única regra de fé e prática para obediência aos “achismos” dos mestres modernos; quando há uma cobrança de obediência para os outros que não participam de seu ciclo de amizades, enquanto que para si mesmo e para aqueles mais achegados não há rigor doutrinário, nem disciplinar; irreverência e insubmissão às autoridade eclesiásticas a pretexto de arrebanhar incautos com falácias de amor e respeito; dura cerviz; limitação; falta de visão espiritual; intrigas e discórdias. O texto singular das Escrituras que ilustra de forma expositiva o procedimento farisaico, constituindo-se como sua insígnia, é o seguinte: Ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas! Pois que dizimais a hortelã, o endro e o cominho, e desprezais o mais importante da lei, o juízo, a misericórdia e a fé; deveis, porém, fazer estas coisas e não omitir aquelas (Mt 23:23).  
            Três são as virtudes enumeradas pelo Senhor com finalidade de aprofundamento espiritual, bem como de um distanciamento daquilo que é leviano. Destacam-se o juízo, a misericórdia e a . O primeiro refere-se ao respeito para com os direitos dos outros a fim de produzir um juízo justo fundamentado nas Escrituras. O segundo seria um sentimento despertado pela infelicidade de outrem, ou seja, compreender todos na medida de suas imperfeições (isto não significa tolerar pecados na Igreja). Por fim, a fé em sentido múltiplo representa o elo de dependência com Deus, mas desdobra-se em outros efeitos, como: crença na doutrina apostólica e confiança naqueles que foram constituídos por Deus para doutrinar e guiar a Igreja ¾ inicialmente os apóstolos, em tempos de fundamentação, e atualmente os pastores, que devem ser espirituais.  
Que Deus nos poupe de homens e mulheres hipócritas na Igreja que perturbam a boa ordem e negam a fluência divina. Oremos para que os que estão na peleja conosco busquem o respeito, a sinceridade e a honestidade para serem confirmados em suas boas obras.

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