domingo, 9 de novembro de 2014

O caminho da renúncia




O princípio da renúncia foi mencionado nas Escrituras quando Cristo percebeu interesses diversos dos que o seguiam. A multidão que o rodeava tinha como objetivo satisfazer algumas de suas necessidades físicas e materiais uma vez que estava convencida de que aquele mestre os remediaria, por isso levavam muitos enfermos e endemoniados para serem libertados dos seus males. Queriam receber, mas não tinham interesse em oferecer suas vidas para o serviço do Reino porque se limitavam aos interesses terrenos. Esse sentimento é muito comum quando se fala em renunciar benesses da vida para seguir a Cristo, mas está escrito: “Se alguém vier a mim, e não aborrecer a seu pai, e mãe, e mulher, e filhos, e irmãos, e irmãs, e ainda também a sua própria vida, não pode ser meu discípulo” (Lucas 14:26).
            Renunciar é recusa e é rejeição. A atitude de renunciar se propõe a recusar as influências mundanas que nos afastam da plena obediência a Deus. Rejeita-se aquilo que é mundano por causa de uma conclusão orientada pelas Escrituras que considera a efemeridade da vida e o desprezo pelos prazeres imediatos. A cegueira espiritual da multidão, no entanto, não lhe permitiu enxergar com similar agudeza de espírito. Mas naquele contexto, após uma aparente reprimenda de Jesus, ele apresenta o assunto da renúncia numa linguagem muito acessível, como alguém interessado em vê-la seguindo-o definitivamente. A proposição da parábola sobre a reflexão que um construtor tem de fazer antes de empreender na sua obra e a de um rei que tem de tomar uma decisão diante do exército inimigo são exemplos de renúncias presentes no cotidiano.
            Quando alguém pretende construir uma torre, asseverou Jesus, faz-se necessário levantamento de despesas e planejamentos. Se alguém computa todos os gastos e vê que não tem condições de começar e acabar sua construção, não se aventura, porquanto será humilhado caso siga adiante. Se um rei vai à batalha com uma quantidade de homens inferior ao do exército oposto, ele poderá perder a guerra e ser humilhado. Por isso, se não tem como guerrear pede condições de paz. Nas duas proposições, o argumento parece óbvio: refletir e tomar uma decisão. Não construir a torre era renunciar segurança e defesa de bens patrimoniais. Um rei pedir condições de paz significava renunciar o direito de ser rei e passar a ser servo. Percebe-se nas duas parábolas a intenção de convencer os ouvintes de que renúncia é elemento presente no dia-a-dia.
            Outra intenção de Cristo era mediar uma ponderação com respeito o ser discípulo. Se a multidão queria segui-lo em conformidade com os propósitos divinos tinha que cumprir com determinada condição, a renúncia. Para alcançar notável virtude cristã era necessária a verdadeira revelação de quem era aquele Nazareno. Concluindo que Jesus era aquele predito pelos profetas (o Messias, o Ungido, o Filho de Deus) a decisão incondicional de segui-lo seria o próximo passo. 
        Portanto, se alguém diz que renunciar a vida para seguir a Cristo é discurso ultrapassado e religioso, demonstrando menosprezo pelas palavras de Jesus, na verdade, não entendeu a finalidade de sua vinda. Essa é a única ação coerente pela qual o homem deve se nortear, fundamentando sua vida na Rocha. Essa informação é de suma importância para as duas categorias as quais Deus enxerga: o salvo e o perdido. Se o salvo considera as palavras de Jesus negará os vícios e vaidades deste mundo para seguir a Cristo, se pelo contrário, demonstrará que é sal insípido do qual não se pode restituir sabor se equiparando ao perdido que sempre foi desprovido da graça divina. 
           

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