sexta-feira, 11 de setembro de 2015

Nossa entrevista com o pastor Enéas Tognini

Abaixo, publicamos novamente a entrevista com o pastor Enéas Tognini, contida na edição 14 do nosso jornal impresso. Esperamos que você leitor seja enriquecido espiritualmente e a bênção da renovação esteja presente em sua vida. Tomamos a iniciativa de publicá-la pelo seu valor espiritual e, agora, histórico para nós do jornal Tocha da Verdade. Além disso, nos próximos dias estaremos publicando artigos trazendo um pouco da história do pastor Enéas Tognini, pois acreditamos que a maneira como a obra de Deus foi tratada por esse homem santo autentica seu ministério, fazendo-nos refletir sobre nossa conduta e disposição para o Senhor.

Com muita alegria, o Jornal Tocha da Verdade entrevistou o Pastor Enéas Tognini. Ele foi presidente da Sociedade Bíblica do Brasil, ex-presidente da Convenção Batista Nacional, diretor do Seminário Teológico Batista Nacional do Estado de São Paulo e vice-presidente da Igreja Batista do Povo, que fundou em 17 de janeiro de 1981 e a qual liderou por mais de 20 anos, e autor de vários livros, como O Batismo no Espírito Santo, Moisés: um homem santo na escola do deserto, João: o Batista etc.

O que nos chama atenção é o fato de ser, sem dúvida, um dos grandes nomes da visitação Pentecostal de Deus no Brasil. Foi um importante instrumento do Senhor no Movimento de Renovação Espiritual nas Igrejas Batistas na segunda metade do século passado.

Ele não acreditava no Batismo no Espírito Santo, entretanto, depois de uma maravilhosa experiência com Deus, passou não só a acreditar, mas também a pregar o Batismo no Espírito Santo como experiência subsequente à salvação, anunciando pelo Brasil essa verdade às Igrejas Tradicionais.

JTV - Pastor Éneas Tognini o que levou o senhor a crê na atualidade da Renovação Espiritual (batismo com Espírito Santo) uma vez que tradicionalmente as Igrejas Batistas não são de linha pentecostal? Fale um pouco de sua experiência pessoal?

Pr. Enéas Tognini - Foi experimentando a bênção. Eu era tão contra o batismo no Espírito Santo que se Deus viesse para oferecer essa bênção, eu a rejeitaria. Geralmente no batismo no Espírito Santo vai-se da teoria à prática, comigo foi o inverso. Deus me deu a bênção e depois explicou o que era.

JTV - Renovação Espiritual Batista se limitou apenas ao batismo com o Espírito Santo ou deu ênfase a outras manifestações espirituais tais como os dons do Espírito?

Pr. Enéas Tognini - Quando Deus abre os céus e derrama a bênção do batismo no Espírito Santo, sem dúvida alguma, a bênção é completa para dons espirituais, liberdade no púlpito para louvor ao Senhor com toda a sorte de bênçãos nas regiões espirituais.

JTV - Quando o senhor começou a pregar sobre Renovação Espiritual nas Igrejas Batistas houve um apego maior ao Deus Supremo, às Escrituras e à evangelização por parte das Igrejas? Comente.

Pr. Enéas Tognini - Eu comecei pregando nas Igrejas Batistas que rejeitavam, fechavam as portas, então, fui para onde Deus me orientava a ir. Tinha, no tempo tradicional, preconceito tão grande que achava que só batistas iam para o céu. Depois que fui batizado no Espírito Santo (16 de agosto de 1958) tive um apego tão grande à palavra, à comunhão fraternal e à evangelização.

JTV - Quais consequências (favoráveis e desfavoráveis) enfrentadas pelo movimento de Renovação Espiritual Batista no seu início e no seu desenrolar?

Pr. Enéas Tognini - Deus bateu na porta dos Batistas para a obra poderosa do Espírito Santo. Não quiseram. Deus me disse um dia que estava trocando o meu ministério local pelo nacional. O maior problema negativo que enfrentei foi o barulho. Nosso povo não soube usar a liberdade no culto. Achava que gritaria era poder. Enfrentamos também a chegada em nossos arraiais de alguns aventureiros que penetravam em nosso meio porque a porta estava aberta. Logo, porém, se foram.

JTV - O que o senhor poderia falar sobre o trabalho da missionária americana Rosalee Mills Appleby pela Igreja Batista brasileira?

Pr. Enéas Tognini - D. Rosalee pode ser chamada a “apóstola” da Renovação Espiritual. Depois de ser cheia do Espírito Santo começou a escrever, recordando grandes avivamentos da história. Sofreu, foi perseguida, mas continuou sonhando com avivamento e conseguiu, antes da aposentadoria, ver as primeiras gotas do avivamento. Renovação Espiritual deve muito, muito a D. Rosalee. D. Rosalee trabalhou através de panfletos com os pastores batistas.

JTV - O senhor acredita que nossas Igrejas Batistas atuais absorveram os ideais de graça e poder espirituais pregados pelos homens e mulheres de Deus do inicio do movimento? Justifique.

Pr. Enéas Tognini - Creio que muitos pastores aderiram ao nosso movimento como um modismo. Os que foram realmente revestidos de poder, resistiram aos vendavais da oposição e saíram ilesos espalhando as brasas do avivamento (Ez 10). Depois de cinquenta anos de Renovação Espiritual algumas Igrejas renovadas são tão tradicionais como as tradicionais, e algumas tradicionais são tão renovadas como as renovadas. Creio que 80% das atuais de nossa CBN (Convenção Batista Nacional) continuam pregando no poder do Espírito Santo como há cinquenta anos.

JTV - Em sua opinião, existe similaridade daquela Igreja de cinquenta anos atrás com a de hoje? Destaque as similitudes e as diferenças.

Pr. Enéas Tognini - Antigamente, antes do movimento de Renovação Espiritual, um crente tradicional era batizado no Espírito Santo e corria para uma Igreja Pentecostal e lá era absorvido por esses irmãos. E os tradicionais que precisavam de FOGO ficavam apagados. Deus me levantou para um trabalho específico, qual seja: levar o FOGO do Espírito para as Igrejas tradicionais (Batista, Presbiteriana, Presbiteriana Independente, Metodista, Congregacional e até algumas Luteranas). E nessa missão percorri o Brasil muitas vezes pregando esse fogo. Dezoito ou dezenove anos por esse Brasil de ponta a ponta e muitas vezes com um tríplice ministério:

Pregar a Palavra
Pregar pelos livros
Pregar pela Palavra gravada
Hoje, ouço dizer que não há mais tradicional que seja, que não tenha um grupo batizado no Espírito Santo e falando em línguas.

JTV - Como o senhor vê a Igreja evangélica brasileira atual, tem uma conduta moralmente correta de maneira a cumprir os propósitos de Deus?

Pr. Enéas Tognini - A Teologia Liberal penetrou em nossas Igrejas. Noto que o evangelismo, não só em nossos arraiais, mas também nos tradicionais, trouxe o mundo para nossas Igrejas. Nota-se que há um esfriamento em nossas Igrejas. Há os que pregam dinheiro, pregam cura, pregam milagres e as almas caminham a passos largos para o inferno. Estamos precisando urgentemente de um PODEROSO SOPRO do Espírito Santo para que os carvões do antigo movimento, voltem a arder. Nossas Igrejas avivadas ou tradicionais necessitam sair detrás das portas fechadas para o fogo e o ardor do Espírito Santo nos campos de batalha. Manda chuva, Senhor, manda chuva.

JTV - Qual conselho o senhor deixaria para as futuras gerações evangélicas?

Pr. Enéas Tognini - O caminho, o único caminho para o futuro de nossas Igrejas é o mesmo que os apóstolos enfrentaram no passado:

Esperavam o pentecoste,
Esperavam em oração,
Esperavam com a Espada do Espírito Santo que é a Palavra,
Esperavam, receberam e trabalharam até a morte com amor e fidelidade.

JTV - Qual conselho o senhor daria aos aspirantes do ministério pastoral?

Pr. Enéas Tognini - Que esses futuros ministros não saiam para a batalha sem a gloriosa experiência que João Hyde teve no navio, indo para o Oriente.
- Que sejam humildes;
- Desprendidos de dinheiro;
- Desprendidos de fama e glória humana;
- Que sejam, como Paulo, crucificados com Cristo;
- Que morram para o mundo e vivam para Jesus;
- Que tenha uma vida santidade;
- Que morram de paixão pelas almas como Booth no Exército da Salvação;

- E como Moody digam: “Este livro me afastará do pecado, ou o pecado me afastará deste livro”.

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