segunda-feira, 31 de outubro de 2016

A Essência da Reforma

Para muitos, a Reforma Protestante foi um movimento grandioso que atingiu países europeus na Idade Moderna. Levam em consideração a amplitude e os diversos efeitos que culminaram com o declínio do domínio católico e estabeleceram um novo momento histórico para a Europa. Mas, qual a essência da Reforma?
Acredito que a grande máxima de Lutero responde, sem dúvida, esse questionamento. A busca de alento para o sofrimento da alma pecadora em Lutero é apontado como marco. Através das angústias vivenciadas no claustro, inspiradas pelo anelo de certeza de salvação e pela plena liberdade dos grilhões do pecado, Lutero transmiti-nos as origens e os fundamentos do movimento. Afinal, sua intenção era modificar o quadro interior em trevas e somente pela orientação precisa das Escrituras abandonaria definitivamente aquela circunstância. Sentiu a pura e a celestial orientação quando teve a oportunidade de meditar nas Escrituras e assim poder livrar-se de tão horrendo fardo. O resultado? A descoberta da simplicidade do ensino de Cristo, incentivando Lutero a afirmar e a experimentar o texto paulino de que “o justo viverá pela fé!”. Sua reflexão o fez perceber a necessidade de retorno ao sentido primeiro para a salvação que é desprovida de obras e cerimônias, demonstrando, assim, a importância da Bíblia que nos assiste na necessidade fundamental de redenção.
Após o esclarecimento de que “o justo viverá pela fé”, Lutero passou pelo processo de regeneração. A regeneração produz salvação, mas é desenvolvida na efetivação diária da nova vida em Cristo, ocasionando uma visão mais apurada e verdadeira da realidade. Lutero depois de superar seus conflitos passou a ver com maior atenção as sugestões católicas de exploração do povo, afinando a pena para escrever criticamente contra aquelas ações contrassenso e contra Deus. Num primeiro momento não quis romper com a igreja apóstata, quis restaurá-la aos padrões neotestamentários. Por isso, com bom coração tentou ensinar o clero romano sobre a natureza da penitência, uma forma de atenuar sua crítica à venda de indulgências. Fixou na porta de Wittenberg suas 95 teses com a seguinte introdução:
Debate para o esclarecimento do valor das indulgências pelo Dr. Martin Luther, 1517
Por amor à verdade e no empenho de elucidá-la, discutir-se-á o seguinte em Wittenberg, sob a presidência do reverendo padre Martinho Lutero, mestre de Artes e de Santa Teologia e professor catedrático desta última, naquela localidade. Por esta razão, ele solicita que os que não puderem estar presentes e debater conosco oralmente o façam por escrito, mesmo que ausentes. Em nome do nosso Senhor Jesus Cristo. Amém.
Ademais, no singelo ato do reformador alemão percebe-se explicitamente a mudança de atitude que ele via como necessária, primeiramente para o Lutero indivíduo, pois a reforma do eu vem em primeiro lugar. A segunda reforma era para o coletivo, testemunhando sobre a necessidade de todos buscarem o que o próprio Martinho buscou para uma posterior realização do intento divino na vida interior geral.

Heládio Santos

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