quarta-feira, 11 de outubro de 2017

A Essência da Reforma

Para muitos, a Reforma Protestante foi um movimento grandioso que atingiu países europeus na Idade Moderna. Levam em consideração a amplitude e os diversos efeitos que culminaram com o declínio do domínio católico e estabeleceram um novo momento histórico para a Europa. Mas, qual a essência da Reforma?
Acredito que a grande máxima de Lutero responde, sem dúvida, esse questionamento. A busca de alento para o sofrimento da alma pecadora em Lutero é apontado como marco. Através das angústias vivenciadas no claustro, inspiradas pelo anelo de certeza de salvação e pela plena liberdade dos grilhões do pecado, Lutero transmiti-nos as origens e os fundamentos do movimento. Afinal, sua intenção era modificar o quadro interior em trevas e somente pela orientação precisa das Escrituras abandonaria definitivamente aquela circunstância. Sentiu a pura e a celestial orientação quando teve a oportunidade de meditar nas Escrituras e assim poder livrar-se de tão horrendo fardo. O resultado? A descoberta da simplicidade no ensino de Cristo incentivando Lutero a afirmar e a experimentar o texto paulino de que “o justo viverá pela fé!”. Sua reflexão o fez perceber a necessidade de retorno ao sentido primeiro para a salvação que é desprovida de obras e cerimônias, demonstrando, assim, a importância da Bíblia que nos assiste na necessidade fundamental de redenção.
Após o esclarecimento de que “o justo viverá pela fé”, Lutero passou pelo processo de regeneração. A regeneração produz salvação, mas é desenvolvida na efetivação diária da nova vida em Cristo, ocasionando uma visão mais apurada e verdadeira da realidade. Lutero depois de superar seus conflitos passou a ver com maior atenção as sugestões católicas de exploração do povo, afinando a pena para escrever criticamente contra aquelas ações contrassenso e contra Deus. Num primeiro momento não quis romper com a igreja apóstata, quis restaurá-la aos padrões neotestamentários. Por isso, com bom coração tentou ensinar o clero romano sobre a natureza da penitência, uma forma de atenuar sua crítica à venda de indulgências. Fixou na porta de Wittenberg suas 95 teses com a seguinte introdução:

Debate para o esclarecimento do valor das indulgências pelo Dr. Martin Luther, 1517
Por amor à verdade e no empenho de elucidá-la, discutir-se-á o seguinte em Wittenberg, sob a presidência do reverendo padre Martinho Lutero, mestre de Artes e de Santa Teologia e professor catedrático desta última, naquela localidade. Por esta razão, ele solicita que os que não puderem estar presentes e debater conosco oralmente o façam por escrito, mesmo que ausentes. Em nome do nosso Senhor Jesus Cristo. Amém.

Ademais, no singelo ato do reformador alemão percebe-se explicitamente a mudança de atitude que ele via como necessária, primeiramente para o Lutero indivíduo, pois a reforma do eu vem em primeiro lugar. A segunda reforma era para o coletivo, testemunhando sobre a necessidade de todos buscarem o que o próprio Martinho buscou para uma posterior realização do intento divino na vida interior geral. Não queremos dizer que Lutero acertou em todos os pontos doutrinários, mas sua ação foi um avanço em questão de fé e livre exame das Escrituras.

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