quinta-feira, 3 de maio de 2018

Muitas igrejas evangélicas não tem reputação para pregar o arrependimento


“Arrependei-vos” foi estabelecido como princípio norteador da pregação cristã e a máxima utilizada pela voz que clamava no deserto, João Batista, para prenunciar a chegada do Messias e sua doutrina. Essa mensagem, entretanto, não se limitou ao contexto primitivo cristão, mas ecoa pelos séculos objetivando as mesmas orientações transmitidas no momento. Portanto, a mensagem cristã de arrependimento deverá ser a mesma, buscando pecadores que se disponham a cumprir o ideal de “Metanoeo”(palavra em grego que deu origem ao termo arrependimento) cujo sentido implica reflexão e contemplação para a mudança de mente, estabelecendo o padrão moral cristão. No arrependido, como consequência espiritual do seu ato, não sente mera tristeza pelo pecado, mas há um estímulo para o constrangimento constante que lhe impulsiona a temer a Deus, mudando radicalmente seu modo de vida, seu modo de pensar e de agir. É uma consequência que o distingue e chancela sua vocação de discípulo de Cristo. As velhas coisas passaram e tudo se fez novo, como menciona Paulo, o apóstolo.
Porém, essa mensagem de mudança não está presente em muitas das pregações proclamadas nos púlpitos evangélicos. Por qual razão? Por causa da mudança indecente do primeiro conceito de arrependimento. Em muitas dessas igrejas, houve uma readaptação para agregar mais pessoas e aumentar os rendimentos provenientes de suas contribuições (pelo menos é o que parece). Hoje, não se prega mais “arrependei-vos” e deixe o pecado para servir a Deus em santidade, mas prega-se um arrependei-vos aleijado que estimula a vaidade e que diz “aceite a Cristo e continue a fazer tudo o que você faz no mundo, mudando apenas a roupagem de seus atos”. Dizem, por exemplo, o seguinte:
Deixe de ouvir rock mundano para ouvir rock evangélico;
Deixe de ser vaidosa para o mundo para “ficar mais bonita”, usando toda sorte de maquiagens, adornos e atavios, para Jesus;
Abandone os shows mundanos para ir aos shows evangélicos (que são verdadeiros cultos a deuses estranhos e idólatras);
Dizem que não há problemas em mulheres usarem calças compridas (vestes peculiares masculinas) e homens terem cabeleira cumprida, peculiaridade feminina. Acham isso muito pertinente para quem “tem liberdade”;
Dizem que não há problemas no divórcio, por isso aceitam muitos casais divorciados sem o devido trâmite e julgamento das Escrituras;
Não há problemas em apoiar candidaturas, pois os futuros políticos nos representarão (como se as nossas armas fossem carnais e não espirituais em Deus), muito embora tenha se visto como essas igrejas caíram na malha do engano de seus “ilustres” representantes devido a muitas falcatruas;
Não vamos pregar Palavra de Deus na sua pureza, mas façamos um misto fermentado por objetivos mundanos e por ideologias para atrair mais público, inserindo formas de ganhar dinheiro, ter sucesso na vida, ser feliz e ter autoestima à mensagem do púlpito. Segundo eles, isso desperta mais interesse do público para igrejas, pois visam uma realização material, entretanto, esquecem-se que em primeiro lugar vem o Reino e a sua justiça;
Escondam sua honra, pintem seus cabelos e seus bigodes, criem uma pessoa artificial que não são vocês mesmos (com isso, não percebem que menosprezam a identidade criada pelo Senhor);
A serpente do mundanismo deu um bote tão certeiro cujo veneno inoculou cegueira espiritual nessas igrejas evangélicas que elas não aceitam nossa exortação, acreditando que isso é legalismo. Seria legalismo cumprir exatamente o que está escrito? Está errado seguir o que está escrito? Se estiver, caro leitor, é importante dizer que em muitas circunstâncias da vida precisamos cumprir determinados preceitos. Precisamos cumprir as ordenações da lei, do contrário seremos punidos: entre na contramão de uma rua, ultrapasse um sinal vermelho ou estacione em fila dupla onde exista um agente da autoridade de trânsito ou câmeras de vídeo monitoramento para ver se em alguns dias não chega na sua residência o auto de infração que é um instrumento disciplinador que o obriga a seguir determinado procedimento. No Enem, por exemplo, se você não marcar a opção verdadeira, julgando que sua mera ponderação pela errada deverá ser considerada, você também incorrerá em problemas, pois não chegará à Universidade. Ou seja, precisamos entender a necessidade de estarmos sujeitos a determinados conceitos para termos equilíbrio e equidade na vida. Ser cristão não é mera opção de nomenclatura. É comportamento decente em conformidade com o texto sagrado.
Além disso, uma das razões para estarmos vivendo a crise moral de inversão de valores é culpa dessas igrejas que abandonaram os bons costumes. Preferiram ceder ante os dilemas de uma fé fragilizada pela não opção de renunciar a tudo para viverem similarmente ao mundo. Ao viver desta maneira, assumiram um papel sem moral, sem reputação, sem a dignidade de poder censurar o erro e o pecado, pois acobertaram o pecado sob um teto evangélico da suposta proteção divina. Tem crente que acha que pode pecar livremente simplesmente por estar dentro de quatro paredes, como se isso lhe garantisse o benefício divino. O autêntico crente deseja viver sem pecado, por mais que isso pareça difícil, mas é mais fácil fazer o certo do que o errado, principalmente porque a graça de Deus nos assiste.

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