quinta-feira, 26 de dezembro de 2019

A segunda bênção



Não nos limitemos a pensar que salvação encerra as dádivas divinas para nós. Juntamente com todos os benefícios da salvação (perdão, reconciliação, nova vida, justificação) há outros que precisam ser explorados uma vez que vigoram até hoje. A Bíblia nos ensina que no momento em que aceitamos a Cristo o Espírito Santo passa a habitar em nós, como está escrito: “Porque não recebestes o espírito de escravidão, para outra vez estardes em temor, mas recebestes o Espírito de adoção de filhos, pelo qual clamamos: Aba, Pai. O mesmo Espírito testifica com o nosso espírito que somos filhos de Deus” (Romanos 8:15-16). Por conseguinte, o Espírito é quem opera em nós o anseio para obediência e piedade. Por Ele, somos direcionados a cumprir os princípios cristãos estabelecidos com graça e fervor, ajudando-nos a vencer os obstáculos que se apresentam em nossa caminhada para vivermos em santidade.
Entretanto, além de ser o crente um beneficiário do favor divino, ele também deve ser um proclamador das verdades bíblicas e de sua experiência particular de salvação. Ainda que não tenha versatilidade para falar em público, o Senhor nos concede uma grande bênção: o batismo no Espírito Santo (segunda bênção). Este batismo aconteceu pela primeira vez em Atos dos apóstolos, enquanto os discípulos estavam em oração, num cenáculo em Jerusalém (Atos 2:1-21). O objetivo foi capacita-los espiritualmente com poder sobrenatural (influência do Espírito Santo) para poderem pregar e sua pregação influenciasse os ouvintes. Aqueles discípulos que viram o Cristo ressurreto esperando que lhes desse alguma nova orientação receberam a seguinte promessa: “Mas recebereis a virtude do Espírito Santo, que há de vir sobre vós; e ser-me-eis testemunhas, tanto em Jerusalém como em toda a Judeia e Samaria, e até os confins da terra” (Atos 1:8).
A promessa do Espírito ou revestimento de poder serviu para dar ousadia e encorajamento para pregação das verdades cristãs. Inclusive, a razão dos discípulos estarem no cenáculo orando era porque temiam a perseguição dos judeus que não aceitaram a mensagem de Cristo, não tendo coragem para proclama-la. Quando o vento impetuoso encheu aquele lugar, os discípulos foram cheios do Espírito e começaram a falar em outras línguas, evidência do batismo. Pedro foi o primeiro a sair do lugar e proclamar para os transeuntes a mensagem de salvação que após ouvirem suas palavras, compungidos em seu coração, perguntaram como alcançar a salvação, levando-nos a acreditar nos efeitos de convencimento do Espírito a partir da pregação de um cristão que foi revestido de poder. Ao evento, convencionou-se chamar de Pentecostes em razão do acontecimento ter sido verificado em plena Festa do Pentecostes (festa judaica de comemoração pela colheita). Por isso, todos os que aceitam a prática do batismo no Espírito Santo são chamados pentecostais.
Essa promessa do Espírito não se limitou ao tempo apostólico, pois o próprio Pedro justificou ao dizer: “Porque a promessa vos diz respeito a vós, a vossos filhos, e a todos os que estão longe, a tantos quantos Deus nosso Senhor chamar” (Atos 2:39). Para se receber este batismo, faz-se necessário uma busca convicta do dom e insistência. Jesus disse “pois se vós, sendo maus, sabeis dar boas dádivas aos vossos filhos, quanto mais dará o Pai celestial o Espírito Santo àqueles que lho pedirem?” (Lucas 11:13), já que “... eu vos digo a vós: pedi, e dar-se-vos-á; buscai, e achareis; batei, e abrir-se-vos-á; porque qualquer que pede recebe; e quem busca acha; e a quem bate abrir-se-lhe-á” (Lucas 11:9-10).
O batismo no Espírito Santo representa a perpetuidade da manifestação espiritual de Deus porquanto é uma promessa para o crente. O revestimento de poder o capacita para testemunhar sobre Cristo e sobre as verdades inerentes ao Salvador de modo que passa a participar efetivamente da obra de Deus. Para tanto, faz necessária uma busca ininterrupta até recebê-lo com evidência no falar outras línguas (línguas espirituais ininteligíveis) através da fé e da mesma ousadia que tiveram os cristãos da Igreja Primitiva.

Pr. Heládio Santos

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