domingo, 30 de dezembro de 2018

Despertamento e espiritualidade na congregação do Caça e Pesca


A congregação do Caça e Pesca (Igreja Batista Renovada Moriá), sob a responsabilidade do evangelista Carlos Roberto, realizou neste sábado (29/12/18) uma das últimas confraternizações do ano de nossa Igreja. O evento foi marcado pela realização de um culto evangelístico, que na verdade se transformou num culto de despertamento espiritual, dada a contrição vista em alguns irmãos após a pregação, e num jantar muito bem organizado e encabeçado pelo irmão Júnior que contou com o apoio de várias servas de Deus na preparação do mesmo.
Cerca de 100 (cem) pessoas participaram da programação, sendo contagiadas por todas as atividades desenvolvidas no espaço da Igreja: irmãos de diversas congregações no culto (Serviluz, Mucuripe, Horizonte e Maracanaú), crianças sendo instruídas numa escola bíblica programada pelas professoras e descrentes ouvindo a Palavra. Fomos conduzidos por um louvor vibrante do trio: Marquinhos, Gleuda e Alian, cuja espiritualidade foi tocante e responsável para criar aquele verdadeiro clima de adoração. A pregação coube ao evangelista André Elias que com uma voz potente trouxe diversos ensinos bíblicos e exortações para o cultivo da nova vida em Cristo.
Para os irmãos da congregação do Caça e Pesca, foi uma noite marcante. Trabalharam desde o planejamento até a limpeza completa do local, quase entrando pela madrugada. Fizeram isso com grande prazer e júbilo. Segundo relato do irmão Júnior: “saímos de lá às 23h30, os irmão ficaram felizes com tudo que aconteceu... Foi simplesmente Glorioso... Eles disseram que a muito tempo não acontecia uma noite daquelas”.
Louvado seja Deus pelos seus feitos e amparo à sua Igreja amada!












Fotos: Júnior

quinta-feira, 20 de dezembro de 2018

Alguns dos melhores livros das últimas décadas


Para uma vida espiritual saudável é interessante o cultivo de uma mentalidade sã baseada nos valores das Escrituras. A leitura de livros cristãos possibilita alcançar tal mentalidade com prazer e satisfação. Por isso, vai aqui algumas dicas de livros para você se programar durante o ano de 2019. Se você não tem o hábito da leitura, comece aos poucos, lendo quem sabe um livro por mês. Depois disso, é muito provável nascer um desejo de querer ler mais, então, desfrute de nossas sugestões:








quarta-feira, 19 de dezembro de 2018

humilis


A ideia de superioridade do outro sempre fez parte do preceito cristão, apesar de não ser bem observado. Um dos primeiros grandes momentos neotestamentários que atestam esse fato está contido na expressão da “voz” que clamava no deserto, João Batista, quando disse: “É necessário que Ele cresça e eu diminua” (João 3:30). Podem até alguns intérpretes tergiversarem sobre o assunto, mas é notória a prédica bíblica da humildade e submissão entre os discípulos de Cristo.
Em Mateus 5, vemos elencadas virtudes cristãs ensinadas pelo Messias a fim de os discípulos compreenderem a importância do feito naqueles termos. A humildade praticada assume papel de um inconformismo pacífico, por exemplo, diante da agressividade. É uma forma de dizer que o opressor está errado sem uma argumentação precisa e bem amparada por pareceres diversos, sobretudo, propõe ser uma demonstração eficiente da graça divina através de obras na vida do crente intituladas de justiça, pois é mais justo sofrer do que revidar. Por isso, a mensagem da fé recomenda-nos uma linguagem espiritual para observarmos e sermos contagiados pelo fazer correto. Paulo, com pleno entendimento sobre a maneira de ser, ensinou: “A ninguém torneis mal por mal...” (Romanos 12:17). Além de asseverar a obra cristã, também nos induz a pensar sobre os efeitos da graça na vida o agressor: “Portanto, se o teu inimigo tiver fome, dá-lhe de comer; se tiver sede, dá-lhe de beber; porque, fazendo isto, amontoarás brasas de fogo sobre a sua cabeça” (Romanos 12:20). O ensinamento apostólico aponta para uma consequente crise de consciência daquele que impõe pesar sobre o outro cristão. Esse sentimento possibilita contrição e pode gerar arrependimento, induzindo o homem mal para a salvação.
Vidas cristãs têm a necessidade de cativarem tais virtudes como meios de santificação e também de proclamação das boas novas. Um cristão praticante eleva o conceito da graça de Deus no mundo, possibilitando uma visão mais atenciosa para os valores ensinados por Cristo. Um cristão praticante vale mais do que um cristão falante, por isso, sede cumpridores da palavra, e não somente ouvintes, enganando-vos a vós mesmos (Tiago 1:22) e entenda que a verdadeira humildade não é pensar menos de si mesmo, mas pensar menos em si mesmo (C.S.Lewis).  

segunda-feira, 17 de dezembro de 2018

As consequências das convicções anabatistas

Pintura Johann Alpenhütte retratando Michael Sattler instruindo discípulos anabatistas 

É importante compreendermos que os Anabatistas do século XVI não pretendiam inovar em questões doutrinárias, nem tinham a intenção de seguir os postulados Protestantes emergentes diante da crise imposta pelo romanismo e o obscurantismo religioso. O grande objetivo era resgatar os preceitos fundamentais da fé a partir do fundamento apostólico, medida que gerou muitas objeções e consequências para o grupo.
Para Arnold Snyder, podemos elencar alguns pontos os quais geraram um olhar de rejeição religioso dos movimentos majoritários do fim do Medievo. Apesar da rejeição desses líderes religiosos, havia também uma repulsa anabatista da forma como o Evangelho era distorcido, principalmente, pelo catolicismo romano. Essa rejeição do movimento que buscava a restauração dos ensinos bíblicos em sua pureza criou uma mentalidade antipatizante nos seus opositores, culminando com severas críticas e perseguições. Entretanto, os anabatistas tinham pontos relevantes em destaque e suas convicções eram muito bem amparadas, vejamos.  
Sobre a Igreja, eles acreditavam que era formada por crentes, nascida pelo Espírito e centralizada em Cristo:

Uma consequência da maneira na qual os Anabatistas discerniram a vontade de Deus era que todos os membros eram crentes os quais haviam nascido do Espírito. Na Igreja não devia havia pessoas com o privilégio “sacerdotal” de interpretar a vontade de Deus, se não que a comunidade foi constituída por membros com a capacidade de interpretar e discernir. Esta comunidade surgiu como resultado da atividade do Espírito Santo. Era uma comunidade cujo discernimento devia estar de acordo com a pessoa e as palavras de Cristo (p. 10).

Tinham o cuidado de capacitar biblicamente cada membro da comunidade a fim de testemunharem acerca de suas convicções:

A ênfase anabatista em uma Igreja de crentes tinha como consequência que todos os seus membros deviam se capacitar biblicamente. Embora a maioria dos Anabatistas não pudesse ler ou escrever, no entanto sabiam de cor extensas porções da Escrituras, organizadas por tema. Hora após hora, os anabatistas que estavam em prisões deixavam seus carcereiros assombrados recitando de memória os fundamentos bíblicos de suas convicções, por capítulo e versículo. Esperava-se que os membros assumissem sua fé e fossem capazes de explicá-la e defendê-la biblicamente. As crônicas demonstram uma notável quantidade de conhecimento bíblico por parte de homens e mulheres comuns que haviam abraçado o Anabatismo (p. 20-21).

Sobre a Igreja visível, acreditavam ser necessário a manifestação dos crentes com a finalidade de testemunharem sua obediência plena ao Evangelho:

Uma consequência da interpretação anabatista da salvação era que a Igreja verdadeira devia ser bem visível, integrada por aqueles que decidiram abertamente dizer “sim” à oferta da graça em Cristo. A Igreja não deve ser “conhecida somente por Deus”, mas deve ser visível para qualquer observador humano. Esta Igreja devia ser reconhecida pelo arrependimento, novo nascimento e nova vida de seus membros. Seria uma Igreja de discípulos obedientes, empenhada em seguir seu Senhor e Mestre, Jesus Cristo (p.21).

De forma singular, os Anabatistas do século XVI demonstraram a simplicidade exigida pelo Evangelho e transformaram a visão religiosa de seu tempo. Fizeram muitos migrarem da religiosidade murcha para uma vida piedosa de devoção a Deus. Um selo que distingue o movimento Anabatista ao longo da História da Igreja Cristã.

Referência
Snyder, C. Arnold. De semilla Anabautista: el núcleo histórico de la identidade Anabautista. Canadá: Pandora Press, 1999.

O Exército de Redenção impactando vidas


Costumava-se dizer entre os cristãos evangélicos mais antigos que uma alma era motivo suficiente para Cristo ter morrido na Cruz para resgatá-la da condenação vindoura. Por assim dizer, essa visão não pode ser considerada pífia, pois não está em causa o quantitativo, mas a disposição redentora vista sob o olhar de quem teme ao Senhor. Essa visão é encorajadora, por mais que não pareça; é persistente e perseverante. Lutar por uma alma, seja como fruto de um trabalho grandioso seja por uma ação evangelística pontual, é também compreender o valor de uma alma e saber que ela é muito preciosa para Deus.
O Exército de Redenção Moriá tem lutado grandes batalhas em busca dessas almas. Seus oficiais e soldados têm sido resolutos para conquistarem a atenção dos seus ouvintes a fim de levá-los para Cristo. A pregação tem peso e unção! De fato, não poderia ser de outra forma já que entrar em comunidades depreciadas socialmente como a do Moura Brasil em Fortaleza requer um nível elevadíssimo da providência divina. Mas isso não se conquista da noite para o dia. Essa unção é fruto das diversas consagrações promovidas pelos membros do Exército, seja através das vigílias mensais, e até semanais, seja através dos jejuns, das orações privadas e coletivas, e, principalmente, da dependência exclusiva do Santo Espírito. São esses os fundamentos do Exército que os qualifica para o enfretamento pacífico da guerra espiritual que se propõe lutar.
Neste último final de semana, em mais uma incursão em campo inimigo, almas se viram tocadas pela mensagem e pelas ações do Exército de Redenção. Segundo o relato da Oficial Karla, um certo senhor, de idade avançada, estava sentado na ponta da calçada atento à pregação daqueles que fizeram uso da anunciação das boas novas. Seu semblante sofrido, pálido e desventurado revelavam o estado depreciativo daquele coração em amargura e desespero. Seu olhar transmitia uma dicotomia comum às pessoas vencidas pelos vícios e desprezo social: por um lado sentia sua desgraça, enquanto por outro a mensagem evangélica o estava influenciando naquela sensação de desprezo pela sua vida de pecados (um fato mais que positivo). Ainda não havia terminado a ação do Exército quando a atenta oficial o viu retirar um maço de cigarros do bolso e com um ar de grande desprezo e indignação começou a rasgá-lo, expressando uma reação repulsiva àquilo que lhe aprisionava. Foi, então, que se dirigiu a oficial em prantos, pedindo para aceitar a Cristo como Salvador. A oficial insistiu e inquiriu se realmente ele estava disposto a entregar a vida a Cristo, de modo que ele acenou positivamente recebendo o Senhor Jesus em seu coração.
Em outro caso, um jovem que já conhecia o trabalho do Exército desde quando estava em uma casa de detenção juvenil testemunhou a importância deste trabalho. Ele disse que os jovens se acalmavam com a mensagem do Exército naqueles centros e era quando eles começavam a criar novamente esperança. Pelo fato de ter saído da casa de detenção perdeu o contato com o Exército, retomando-o na noite de evangelização. Ele mencionou que desejava sair daquela vida de vício com drogas, mas se via desprestigiado sem pai e sem mãe, mortos recentemente. Pediu ajuda e disse que o trabalho do Exército não podia parar porque ajudava na restauração de vidas.
Com os casos acima noticiados, percebemos como o trabalho deste grupo de jovens valorosos tem impactado vidas desprestigiadas. Dificilmente, há alguém que se importe com essas pessoas. Lamentavelmente, são intituladas como “marginais”, ocasionando um afastamento de quem as poderia ajudar. Louvado seja Deus pelo Exército de Redenção Moriá que está cumprindo um papel de resgatador de vidas.
Se você pode ajudar o Exército de Redenção Moriá, procure seus oficiais para doar alimentos e outros recursos para poderem continuar nessa árdua e grandiosa tarefa!  













Fotos: Exército de Redenção Moriá   

sábado, 15 de dezembro de 2018

Exército de Redenção enfrentando pacificamente a violência

Enquanto dormimos o sono da tranquilidade em nossos lares seguros, um grupo cristão invade a madrugada em busca dos marginalizados, oferecendo alimento para o corpo (sopão) e alimento para vivificar seus espíritos corrompidos pelo pecado (o Evangelho das boas novas). Uma atitude nobre do grupo que faz até mesmo as autoridades do Estado reverenciarem este tipo de enfretamento da violência se tratando de uma evangelização pacífica, apesar de o ambiente onde trabalharam afastar qualquer pessoa de boa índole com seus bons costumes por ser maculado pela prostituição, consumo de drogas, delitos e tantos outros praticados nas sombras da noite e às escondidas, demonstrando imensa a corrupção moral das pessoas do lugar. Mas, neste trabalho, mendigos, drogados, prostitutas e delinquentes são tratados como nunca esperaram, pois os membros do Exército de Redenção Moriá têm maturidade e ousadia para abraçarem esses excluídos numa tentativa de lhes dar um novo rumo de vida com a qual poderão ser inseridos na sociedade que os nega. Na verdade, não é só uma questão de inserção social para se moldar às exigências morais do coletivo urbano, mas, acima de qualquer coisa, é um resgate para Deus no qual o indivíduo também encontra dignidade para ressurgir das cinzas e da penúria.

Oremos para que o Exército de Redenção Moriá alcance muitas vidas e possa fazer o que muitos não estão fazendo.







terça-feira, 11 de dezembro de 2018

Benevolência

O bom samaritano de José Tapiro y Baro
Na ilustração do Bom Samaritano, o homem meio morto à beira do caminho nos chama a atenção. Segundo a Bíblia, ele “caiu nas mãos dos salteadores, os quais o despojaram, e espancando-o, se retiraram, deixando-o meio morto” (Lucas 10:30). Noutras palavras, esse homem ficou à mercê da sorte. Sem o amparo de ninguém, ficou sujeito às intempéries sofrendo sem perceber sua dor solitária. O desprezo explícito dos outros e a terrível condenação provocada pelos maus, mas avalizada por alguns de quem se esperava algum favor, também compõem a parábola. Naquele contexto sombrio, sua inconsciência deveria ser a consciência de quem em potencial poderia ajudá-lo. Mas, os primeiros a vê-lo passaram de largo sem sequer pensarem em chegar perto; rejeitaram a ideia de haver motivos para ajudá-lo; julgaram-no como indigno, desprezível e vil. De modo que essa história tem muito a nos revelar sobre nossa conduta com respeito ao próximo. Afinal, Jesus estava estreitando o ensinamento de outrora, tornando-o ainda mais profundo, de modo que o segundo grande mandamento atualizado versou: “...que vos ameis uns aos outros, assim como eu vos amei” (João 15:12). Notemos que Jesus modifica o Mandamento, tornando-o mais abrangente, inexplicável e incondicional.

sexta-feira, 7 de dezembro de 2018

Águas da fonte


As fontes de águas são verdadeiros referenciais de pureza. Em seu nascedouro, jorram sem acréscimos de impurezas, tornando aconselhável o beber e o saciar a sede despreocupadamente. Uma obra tão singela, mas tão robusta pelos seus efeitos, foi feita com o toque do Criador: “Fez sair fontes das rochas, e fez correr as águas como rios” (Salmos 78:16). O ribeiro formado conduz o frescor e a pureza das primeiras águas, caso não sofra qualquer interferência ao longo de sua jornada. Mas, quando as águas da fonte começam a sofrer acréscimos de resíduos da flora e da fauna sem vida, com possibilidades de outros resíduos da ação humana também se juntarem à corrente, o nível de pureza reduz sensivelmente devido à poluição, desencorajando qualquer um de fazer uso da água conspurcada.
Quando nos referimos aos princípios bíblicos, devemos ter em mente algo desta natureza. Examinarmos os postulados neotestamentários como sendo as águas da fonte permite-nos conhecer diretamente o ensino, inquieta-nos a refletir sobre a conduta a ser pratica após o exame e torna-nos, ou não, autênticos seguidores de Cristo. Concluímos sob essa perspectiva porque vemos a clareza das verdades contidas no texto sagrado, entendendo que o livre acesso ao texto deverá também nos conduzir pela interpretação coerente do Espírito que ilumina o coração piedoso para sair das sombras e das dúvidas. A busca pelo conhecimento cristão de forma individual foi ensinada por Cristo, mas também foi censurada quando não se fazia uso desta significante oportunidade: “Porventura não errais vós em razão de saberdes as Escrituras nem o poder de Deus?” (Marcos 12:24). Cristo também ensinou a dependência do Espírito para que a interpretação precisa fosse observada: “Mas, quando vier aquele, o Espírito de verdade, ele vos guiará em toda a verdade...” (João 16:13). A relevante crítica sobre a referida maneira de interpretação (individual) gerou uma celeuma teológica na qual se enfatizou a possibilidade de uma diversidade de interpretações. Certamente, existe a possibilidade em razão da má propensão de alguns homens, mas também uma garantia divina que se estes homens forem sujeitos à graça e à inspiração do Espírito a história terá o fim em conformidade com os anseios divinos de unidade e de mesma mentalidade. Afinal, está escrito: “E todos os que criam estavam juntos, e tinham tudo em comum” (Atos 2:44), “E perseveravam na doutrina dos apóstolos, e na comunhão, e no partir do pão, e nas orações” (Atos 2:42), e “Procurando guardar a unidade do Espírito pelo vínculo da paz” (Efésios 4:3).


Ao longo da História do Cristianismo, muitos movimentos chamaram para si o ilustre título de únicos e verdadeiros intérpretes das Escrituras, proclamando a necessidade de seus seguidores observarem estritamente suas conclusões sobre os ensinos cristãos. Foi assim com o catolicismo romano que hoje defende a ideia de que qualquer interpretação fora do que as encíclicas papais determinam torna o suposto intérprete um herege. Aliás, é fazendo menção aos escritos patrísticos de Cipriano, no século III, de onde vem a máxima: extra Ecclesiam nulla salus (fora da igreja não há salvação), que o clero católico reclama o direito de ser sua instituição aquela formada por Cristo em Atos dos Apóstolos. Porém, o grande responsável pela sua criação foi o Imperador Constantino, sob a égide de que Cristo lhe tinha dado a vitória sobre seus inimigos através de um sinal nos céus de uma cruz. O percurso histórico católico revela a forma como foi se consolidando enquanto religião oficial do Estado romano para em seguida seguir os ideais expansionistas, todos orientados pela mentalidade imperial de César. Sua formação agregou às suas convicções religiosas: crendices populares, rituais de outras religiões, superstições, perseguições, obscurantismo, sangue derramado (homicídios inquisitoriais), acréscimos doutrinários e mentalidade circunstancial e sintonizadas com ideais políticos. Não é à toa que essa mistura de confusão classificou o catolicismo de a Grande Babilônia, como fora revelada em Apocalipse. Fica então evidente que o rio de onde o catolicismo partiu já estava contaminado, comprometendo todo o restante de seu percurso. Desta forma, não adianta qualquer outra ação, tipo ecumenismo, para remediar sua situação diante de Deus. Na verdade, o catolicismo já está julgado e condenado, pois o livro da revelação já indica sua situação no porvir.


Em meio a esse rio de barbáries religiosas foi que no fim da Idade Média surgiu a Reforma Protestante. Porém, surgiu com aspirações contaminadas pelo fermento farisaico do romanismo, tentando reformar o que não poderia ser reformado. As estruturas religiosas estavam comprometidas e a quem dos valores bíblicos, necessitando serem “destruídas” e não reformadas. Ulrich Zwinglio, Martinho Lutero e João Calvino exerceram um grande papel ao retiraram de Roma a autonomia e a centralização do Cristianismo, mas pecaram ao conservarem conceitos católicos, esquecendo-se dos princípios bíblicos. Quando recorreram a esses, embaraçaram-se criando uma nova perspectiva religiosas associada a dilemas do seu tempo, apesar de terem guardado o fundamental acerca da fé. Questões relacionadas ao batismo, a ceia do Senhor e a sistemas políticos tornaram a teologia protestante num misto entre ideais espirituais, sociais e políticos. A equiparação entre temas antagônicos (Reino de Deus e reino deste mundo), imposições circunscricionais na qual havia coação de civis a uma confissão protestante e a observância de uma herança parcial do dogmatismo papal privou as pessoas de exercerem plena autonomia e plena liberdade social, política e religiosa, apesar de essas ações terem sido bem cristalizadas no catolicismo medieval que deveria servir de referencial para a não prática dos resquícios observados pelos reformadores. De certa forma, essa “imitação” protestante de alguns elementos católicos tornou-se objeto de possibilidades para adesão ecumênica, de reivindicações sociais e políticas atualmente. Mais uma vez, um rio que se deixou contaminar por ideais distintos dos ideais de sua origem.
Caminhando contra a corrente, sem focar diretrizes religiosas ou políticas, segmentos de grande autoridade e força como mencionados, os anabatistas suíços distinguiram-se em razão de seu lema: “restauração do Cristianismo”. Eles não pretenderam criar mais um ramo da árvore religiosa cristã, preferiram caminhar paralelamente aos dogmas e teologias surgidas, seguindo fielmente os postulados bíblicos. Para demonstrar com maestria a conduta deste povo fiel, John Drive (p. 45-46) nos traz informações preciosas para refletirmos:
O movimento anabatista do século XVI herdou muito da tradição monástica espiritual da Idade Média, especialmente o seu entendimento e as suas práticas que nitidamente separaram a Igreja e o mundo. Mas os anabatistas rejeitaram a duradoura tradição litúrgico-sacramental assim como as traduções hierárquicas da igreja e do monastério. Ao invés disso, eles promoveram um estudo intenso da Bíblia em estruturas mais familiares, nas quais os seus encontros eram realizados nas suas casas e os seus relacionamentos eram como de família. Eles viam a si mesmos como irmãos e irmãs. Aqui, eles desenvolveram um senso forte de um chamado universal à missão e ao discipulado cristão, junto com a visão de livre arbítrio que isso implicava.
A visão anabatista foi modelada a partir da sua experiência de uma nova leitura das Escrituras no contexto das suas comunidades de fé. Ao invés de enfatizar a tão contemplada vida de meditação e oração, comum entre as ordens católicas, ou enfatizar a doutrina certa, como protestantes convencionais têm a tendência de fazer, os anabatistas perguntaram, “Como podemos ser obedientes ao evangelho de Jesus Cristo?”
Apesar do fato de que o monasticismo medieval e o anabatismo tinham muito em comum, os seus entendimentos diferentes a respeito da comunidade cristã, ou da igreja, resultaram em espiritualidades diferentes. Ao invés de um misticismo abstrato de outro mundo, os anabatistas enfatizaram a prática da obediência, do amor ativo, e da integração da fé e das obras. O seu foco não estava tanto na cultivação de uma vida espiritual em comum através da contemplação, quanto na prática de uma vida de oração, paz, integridade e humildade no contexto de relacionamentos sociais radicalmente coletiva. Era uma busca por conhecer e louvar a Deus centrada em Cristo. Além disso, a espiritualidade dos anabatistas era um presente da graça concedida pelo Espírito, não o resultado de esforços humanos.
Apesar de o movimento anabatista do século XVI ter sido claramente diverso, poucos grupos expressaram interesse na contemplação ou na introspecção solitária, ou em práticas ascéticas como essas. O que interessava a eles era a perspectiva de “andar em uma vida nova”. Graças à regeneração experimentada através da maravilhosa graça de Deus que se expressou através da integração da fé e as obras, do individual e da comunidade, e do serviço e do testemunho.
Em outra parte do livro Drive (p.48) expressa:
Ao insistir no papel poderoso do Espírito na interpretação bíblica, essas pessoas simples, não estudadas, estavam, pelo menos em parte, protestando contra o monopólio de uma religião estabelecida e as suas restrições sobre as interpretações das Escrituras à hierarquia da Igreja e o seu clero. Na tradição católica, a autoridade do clero se concentrava nos sacramentos. No clero do protestantismo a autoridade residia no poder do seu conhecimento acadêmico.
Depoimentos de anabatistas de todas as regiões onde o movimento teve início, em contraste, concordaram de forma unânime que era impossível entender as Escrituras por completo sem o batismo do Espírito.

      A grande diferença entre a água da fonte e as águas do rio formado é a interferência. Quanto mais estivermos próximos da água da fonte maior será a clareza e a pureza que constataremos. Entretanto, quanto maior for a distância da fonte, maior também será a possibilidade de elementos estranhos comprometerem a integridade do rio, transformando-o num depósito de tantas mazelas que suas águas turvadas e sujas revelarão suas impurezas. Por isso, bebamos sempre das águas da fonte!

Referência
Drive, John. Life Together in the Spirit. Institute for the Study of Global Anabaptism: 2018

quinta-feira, 6 de dezembro de 2018

Agostinho de Hipona e a queda de Roma



Os acontecimentos justificam-lhe a previsão. Destruída Cartago, sufocada e sepulto em suas ruínas o eterno terror de Roma, então é que o destino engendra lamentável série de calamidades. O julgo da concórdia quebra-se e voa em pedaços; depois, sanguinolentas sedições e por encadeamento de causas funestas, as guerras civis, desastres espantosos, o sangue corre em torrentes; sede cruel de proscrições e rapinas aviva-se; os romanos, que, quando virtuosos, nada receavam senão dos inimigos, agora, decaídos dos costumes hereditários, tudo tem a sofrer dos concidadãos.

... queria que o medo reprimisse a libido, o mesmo freio contivesse a luxúria e o freio da luxuria fosse o da avareza, enfim, que a repressão do vício deixasse florir e desenvolver-se a virtude necessária à república e a liberdade necessária à virtude.

terça-feira, 4 de dezembro de 2018

Jovens valorosas de Moriá

Anualmente, o Colégio 7 de Setembro realiza sua exposição artístico-literária reunindo uma diversidade de produções de alunos, ex-alunos, funcionários e pais de alunos cujos trabalhos são selecionados para publicação após passarem por um criterioso exame de uma comissão julgadora de professores da língua portuguesa da Escola. Os trabalhos são poesias, contos, crônicas e desenhos artísticos através dos quais os participantes transmitem uma visão de mundo e despontam talentos. Este ano, o evento contabilizou sua décima nona edição e reuniu, nesta terça (04 de dezembro), na sede da Escola no Centro da capital, em seu amplo teatro, os agraciados, a diretoria, os professores e os parentes para entrega dos certificados e dos livros aos escritores e artistas que lograram êxito em seus segmentos.
Lívia Tôrres dos Santos (participante da comunidade da Igreja Batista Renovada Moriá) teve seu trabalho selecionado e publicado na edição em questão. Ela produziu uma crônica intitulada “o gato”, versando com sensibilidade sobre as percepções que um felino tem quando passeia sobre telhados alheios assistindo a diversas ações humanas, desde as mais infantes até as de terceira idade. É uma verdadeira jornada que “o gato” cumpre para descobrir que a vida só tem mais sabor quando se encontra guarida nas coisas mais simples.
O professor Fábio Delano, no prefácio da obra, acredita que “Essa possibilidade de ser e agir no mundo por meio dos textos é um dos objetivos do letramento literário que se trabalha na escola. É algo essencial, pois o humano que se deseja promover na escola é um humano completo e integral no qual as dimensões da ética, estética e política sejam desenvolvidas em seu pleno potencial. Este potencial surge primeiramente no mundo interior dos pensamentos, da sensibilidade e da emoção, trabalhados e revolucionados pelas reflexões e revelações que se formam ao produzirem suas obras, suas expressões de si”.
O livro no qual consta o texto tem direitos autorais concedidos para Editora Parole et vie e ISBN sob o Nº 978-85-67247-10-6, registrado na Fundação Biblioteca Nacional. 
Que este exemplo inspire outros de nossos jovens a deixarem suas marcas de fé e testemunhos por onde andam.








o livro