A Igreja Batista Renovada Moriá de
Fortaleza apoia a programação de aniversário da congregação de Horizonte-CE.
Abaixo, algumas fotos que mostram a participação dos irmãos nesta obra tão
preciosa.
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terça-feira, 30 de abril de 2019
segunda-feira, 29 de abril de 2019
Há 19 anos começávamos a obra em Horizonte-CE
A Igreja Batista Renovada Moriá, em Horizonte, completou
neste último final de semana 19 anos.
No início dos anos 2000, um maravilhoso retiro abalou
Horizonte e foi bastante avivado, deixando uma marca histórica no qual resultou
em muitos convertidos e muitos batismos no Espírito Santo entre os irmãos, dos
quais alguns ainda estão na congregação. O despertamento espiritual moveu
muitos corações ao ponto de alguns se mudarem da capital para o munícipio a fim
de dar continuidade à obra missionária na época. Não foi em vão, foi um chamado
direcionado por Deus que logrou êxito.
Hoje, a congregação continua muito fervorosa e a cada ano que
passa celebra as muitas vitórias alcançadas em Cristo. Como parte das comemorações,
realizou uma grande cruzada na Praça da rua Zumbi, nas proximidades da
congregação. Pregaram no evento os evangelistas André Elias e Jean Carlos e o
pastor Heládio Santos.
A liderança da congregação foi confiada ao irmão Ricardo cujo
fervor tem influenciado muitos irmãos de Fortaleza. Também dão apoio à obra os
irmãos Wellison, Wedson e Marquinhos, entre outros.
Que o Senhor continue soprando seu Espírito para que o fogo
santo sempre repouse sobre nós!
Deus abençoe a Igreja Batista Renovada Moriá de Horizonte!
domingo, 28 de abril de 2019
sexta-feira, 26 de abril de 2019
Deus e a música
O cristão deverá sempre está vigilante para todos seus
atos, principalmente, para os públicos. Para tanto, precisamos exercitar
algumas virtudes espirituais como a sensibilidade, a percepção e o entendimento
a fim de sabermos como proceder. Entenda-se como sensibilidade a percepção do
toque divino para um aprofundamento espiritual de nossa carreira e não um
sentimento emotivo. Fazem-se necessários quando manifestamos nossas convicções,
pois refletirão ou não a presença de Deus em nós.
No contexto atual, a música
cristã está chamando grande atenção do público em decorrência das muitas inovações
pelas quais reprocessaram seu formato tradicional. Devemos entender,
entretanto, que a música é algo maravilhoso e criado por Deus (Jó 38:4-7),
portanto tem algumas exigências e não poderiam sair do prumo original. Quando o
cristão se consagra piedosamente ao canto (isto não se refere à claustro, mas é
prática cotidiana), deverá elevar um canto inspirado dentro do paradigma
idealizado pelo Criador. Toda manifestação musical que foge a este princípio,
creio, não é recepcionado. O Senhor criou a música para exaltar a si e nenhum
outro. Na criação, recebia a glória pelos feitos manifestos dos astros celestes
e dos anjos com observada constância, de modo que qualquer alteração macula os
feitos, transformando o sagrado em profano.
Tubal, em Gênesis 4:21, foi o
primeiro a ousar depreciar esta dádiva divina criando instrumentos e,
consequentemente, tocando e emitindo sons musicais para seu próprio deleite.
Nas sociedades antigas, a prática assumiu contornos ainda mais desviados: na
Mesopotâmia utilizavam-na para cultos a falsos deuses; no Egito, para entrar em
transe e êxtase, além de terem criado as primeiras composições de teor profano;
na Grécia, estimulava a sensualidade e todas as formas de prazer sexual ao
fazerem uso da mesma para entronizarem o deus Dionísio (posteriormente chamado
de baco, palavra que originou o termo “bacanal”); em Roma, era usada para o
culto à personalidade, à virtuosidade e à vaidade devido às grandes conquistas.
Ou seja, a música passou por uma série de processos que a misturam com muitas
ações pecaminosas do homem, tornando o sentido musical primeiro algo muito
distante.
Mas, a música tem um objetivo
concreto: ser oferecida como aroma suave a Deus. Todos os homens deveriam
invocar a Deus e cantar ao seu louvor, visto ser Deus o único que pode exigir o
ato de adoração para si. A Igreja, por exemplo, serve a Deus através de muitas
manifestações e ações, sendo uma delas a entoação musical com reverência e
pudor. Na música, podemos assumir uma face da adoração, já que podemos adorar a
Deus sem música. Com a música, nosso ser é despertado, elevado e consegue
atingir uma comunhão maior com nosso Deus, principalmente, ao sentirmos a
harmonia entre a santidade divina com o canto reverente. Não podemos apresentar
a Ele qualquer letra com uma melodia de acompanhamento. É necessária
consagração.
terça-feira, 23 de abril de 2019
domingo, 21 de abril de 2019
terça-feira, 16 de abril de 2019
Sentindo Deus
A
sensibilidade cristã é muito importante em nossa caminhada, tanto para sentir os
efeitos do pecado quanto para sentir à vontade de Deus. Na desobediência, um
peso e desânimo assola o cristão, enquanto na obediência, a paz e a comunhão
fluem como um rio sempre cheio cuja corrente não cessa, sendo referencial de
vida para si, bem como para outros.
As
muitas experiências pelas quais podemos passar servem para nos tornar mais
habilitados a compreender a profundidade do amor e da graça divinos. De modo
que não podemos menosprezar nenhuma das circunstâncias nas quais fomos
inseridos. Se temos que passar por vales ou montanhas, façamos com igual
desprendimento porque aquele que nos guia estará conosco em todos os lugares e
em todos os momentos. Madame Guyon nos eleva a essa dimensão e entendimento ao
comentar:
Receba pela fé o fato de
que qualquer coisa que lhe aconteça é o desejo Dele para você, nesse momento.
Quando for ao Senhor dessa maneira, verá que seu espírito estará em paz, não
importando qual seja a sua condição. Os tempos de sequidão serão a mesma coisa
que os tempos de abundância, porque você terá aprendido a amar a Deus somente
porque você o Ama, não por causa de suas dádivas, nem mesmo por sentir sua
presença.
Segundo
Madame Guyon, essas circunstâncias da vida tentem a nos levar à “morte
espiritual”, mas não aquela da qual estão condenados os infiéis. Seu sinônimo,
na verdade, é despojamento, ou seja, tirar de sobre nós tudo aquilo que
interfere na ação de Deus em nossa vida. É desprezando as obras carnais com um
coração “mortificado” que superaremos as insinuações tentadoras para podermos
continuar com a alegria da salvação. Trazendo para as palavras da ilustre
senhora:
A vida do devoto é como
uma torrente que abre seu caminho descendo das altas montanhas aos vales e
fendas da vida, passando por várias experiências, até finalmente chegar a
experiência espiritual da morte. A partir daí a torrente experimenta a
ressurreição e uma vida de acordo com a vontade de Deus, enquanto ainda passa
por vários estágios de refinamento. Por fim, a torrente encontra seu caminho em
direção ao vasto, ilimitado oceano. Mesmo aí, a torrente não se torna
totalmente unificada com o vasto oceano, até que mais uma vez, passe pelas
relações finais com Deus.
A
maioria dos cristãos não percebem, mas há um chamado da parte de Deus sempre
ecoando em nossos corações para tornarmos essa relação com Ele mais profunda,
mais constante, mais efetiva e sem os embaraços da vida. Há uma vida profunda
em Cristo aguardando ser descoberta, porquanto é mais valiosa que tesouros
reluzentes deste mundo. Estejamos certos desta verdade para não deixarmos essa
oportunidade passar.
domingo, 14 de abril de 2019
E quando o irmão pecar?
Quando
agimos como cristãos podemos, no percurso, pecar, muito embora seja por "certa ignorância" e sem perceber a semente do inimigo. Por ocasião, sempre deveremos colocar-nos à mercê da vontade de
Deus para recebermos alguma palavra de instrução para considerarmos nossos
feitos e redirecionarmos nosso caminho. Esta palavra de correção, claro, vem de
outros que no mesmo caminho seguem em busca de paz e justiça ou da própria
conclusão após exame bíblico.
Acima
de tudo, precisamos saber olhar o erro do outro, reconhecermos que também
podemos errar e com um coração solidário procurar repreender nosso(a) irmão(ã)
com a simpatia que o hino do cantor cristão nos induz a ter, quando menciona “olhar
com simpatia os erros dos irmãos” (HC 381). A repreensão é algo sério e
espiritual, nem todos tem a habilidade de saber repreender, apesar de achar que
todos deveriam exercitar-se nesta arte sublime que deverá servir para
intensificar nossa comunhão e nunca a separação.
Existe
uma orientação bíblica em Levítico que nos remete a essas situações: “... não
deixarás de repreender o teu próximo...” (Lv 19:17). O texto nos permite estar
em vigilância quanto ao pecar do que está próximo a nós, por consequência,
nosso irmão. Este sentimento deverá expressar uma preocupação individualizada
com o bem estar espiritual dele, e jamais deverá ser norteado por qualquer
outro sentimento. Repreender o outro com arrogância, com menosprezo, com
altivez de espírito ou ironia não corresponde a um procedimento cristão, nem
muito menos com a intenção de conservação dos vínculos da paz e da comunhão.
Jesus
nos ensinou que quando tivermos que repreender um irmão, façamos isso
separadamente, em secreto, para que ganhemos nosso irmão, ou seja, para que se
estabeleça uma relação de confiança. Tornar público o fato do pecado alheio antes
deste diálogo poderá tornar impossível e irreparável o objetivo da admoestação,
principalmente quando existe um comportamento louvável e fiel por parte de quem
pecou. Agora, caso não seja observado os princípios bíblicos de arrependimento,
outros, em fases posteriores poderão ser requeridos para tentar solucionar o
problema, conforme está escrito em Mateus 18:15-17.
Assim,
procuremos conservar nossos corações com o zelo doutrinário, mas jamais
esquecer que tanto o outro como nós podemos pecar e precisamos de um sentimento
de humildade (tanto do que admoesta como do que é admoestado) que nos envolvam
para reconhecermos nossos delitos espirituais. O que nos faz diferentes em
relação aos erros é o fato de crermos na restauração do caído e de ajustes em
determinadas práticas para o bem do Evangelho.
Louvado
seja Deus!
quinta-feira, 11 de abril de 2019
A graça de Cristo presente no cristão
Dedico este livro à minha mãe,
morta num acidente de ônibus em Israel em 1974. Eu contava 28 anos quando ela
morreu. Durante os últimos dez anos de sua vida, ela me escreveu em média uma
vez por semana, primeiro quando eu estava na faculdade em Illinois, depois na
Califórnia, durante os meus estudos no seminário, a seguir na Alemanha, na
época do meu doutorado, e por fim em Minnesota, quando comecei o meu ministério
de ensino. Ela era implacável no seu amor. Era muito raro vir uma carta sem uma
citação das Escrituras. Ela já me havia saturado com a Palavra quando menino.
Ela continuaria a me saturar como homem. De todos os textos citados por ela, um
predominava. Acho que deve ter sido o predileto dela. Ao menos era o que ela
considerava de maior necessidade para mim, Provérbios 3.5,6: Confia no SENHOR
de todo o teu coração, e não te estribes no teu próprio entendimento.
Reconhece-o em todos os teus caminhos, e ele endireitará as tuas veredas (RC).
Ao longo dos anos, descobri que esse trecho é um chamado à vida pela fé na
graça futura. O chamado a viver pela fé está nas palavras: “Confia no SENHOR de
todo o teu coração”. A referência à graça futura está nas palavras: “Ele
endireitará as tuas veredas”. Mês após mês a minha mãe me encorajava a viver
pela fé na graça futura. Ela me desafiou a confiar no Senhor e me mostrou que o
foco da minha confiança é o que Deus prometeu fazer por mim no futuro: “Filho,
o Senhor vai dirigir os seus caminhos; confie nele, confie nele”. Este livro é
um tributo ao legado da exortação da minha mãe. Ela me ensinou a viver a vida
entre duas linhas do hino “Amazing Grace” (“Maravilhosa Graça”). A primeira
linha: “É a graça que me trouxe até aqui”. A Prefácio 8 GRAÇA FUTURA segunda
linha: “E é a graça que vai me levar para casa”. Antes que eu pudesse explicar,
aprendi que crer na primeira linha fortalece a fé na segunda; e crer na segunda
linha me capacita à obediência radical a Jesus. Este livro trata disso.
Quem se aventura pelas leituras inspiradas de
John Piper sente um forte alento no coração. Sente encorajamento para viver
mais experiências com Deus. Ruma pelo caminho da contemplação de forma
agradável a Deus. Sinto este prazer ao ler mais este livro.
Vivendo o Cristianismo com prazer em Deus
Quando estava na universidade eu tinha uma noção
vaga e difusa de que, se eu fizesse alguma coisa boa porque isso me deixaria
feliz, eu estragaria o que havia de bom nela.
Descobri que o que havia de bom nas minhas ações
morais era diminuído à medida que eu era motivado pelo desejo do meu próprio
prazer. Naquela época, comprar sorvete na cantina dos estudantes apenas por
prazer não me incomodava, porque as consequências morais dessa ação pareciam
ser tão insignificantes. Mas ser motivado pelo anseio por felicidade ou prazer
quando me apresentava como voluntário para o trabalho cristão ou quando ia ao
culto —isso me parecia egoísta, utilitário, mercenário.
Isso era um problema para mim, porque não
conseguia formular um motivo alternativo que funcionasse. Encontrei em mim um
anseio imenso de ser feliz, um impulso tremendamente poderoso para buscar o
prazer, mas a cada momento de tomar uma decisão moral eu dizia a mim mesmo que
esse impulso não devia influenciar-me.
Uma das áreas de maior frustração era a de
adoração e louvor. Minha noção vaga de que, quanto mais elevada fosse a
atividade, menos deveria haver de interesse próprio nela, fazia-me pensar no
louvor quase exclusivamente em termos de dever. E isso tira a essência da
coisa.
Então fui convertido ao prazer cristão. Em
questão de semanas vim a compreender que é antibíblico e arrogante tentar
adorar a Deus por qualquer outra razão que não o prazer de estar nele. (Não
passe por cima dessa última palavra: NELE. Não em seus dons, mas nele. Não em
nós mesmos, mas nele.) Permita-me descrever a série de constatações que me
levaram a buscar o prazer cristão. Ao longo do caminho espero que fique claro o
que quero dizer com essa frase tão estranha.
Mais um livro excelente de John Piper publicado
pela Editora Vida Nova. Uma leitura envolvente que não deixará de cumprir seu
papel de edificação espiritual. Um livro como este não pode faltar na estante
de quem deseja vivenciar o prazer de servir a Deus em plenitude. Adquira já!
Aprendendo com as aflições de Cristo
Quando, em 430 d.C., Agostinho entregou a
liderança de sua igreja, seu sucessor ficou tão devastado pelo sentimento de
inadequação para o cargo que declarou: “O cisne silenciou”, temendo que a voz
do gigante espiritual se perdesse com o tempo. Mas, por mil e seiscentos anos,
Agostinho não silenciou – nem aqueles que, depois dele, anunciaram fielmente a
causa de Cristo. A vida deles tem inspirado todas as gerações de crentes e deve
despertar em nós uma grande paixão por Deus.
William
Tyndale
Entender a palavra de Deus na linguagem comum do
homem foi a paixão propulsora de Tyndale. Ele foi combatido de forma cruel,
acusado falsamente, preso e martirizado por causa de seu compromisso. Contudo,
motivado pelo exemplo de Cristo, ele estava decidido a que toda pessoa tivesse
acesso à verdade.
Adoniram
Judson
Alcançar uma nação totalmente hostil para Cristo
a despeito das devastadoras perdas, da mais sombria depressão e da tortura
despótica foi o preço pago por Judson para revelar um Salvador poderoso. Sua
dedicação inquebrantável à palavra e a fé em Deus moveram-o a ser o precursor
de uma força cristã que permanece até hoje.
John
Paton
Despertar a causa das missões mundiais foi o que
motivou Paton a incitar colaboradores no mundo inteiro para a colheita e a
viver corajosamente entre canibais para que eles pudessem conhecer Jesus. Seu
ministério tornou-se uma história que anunciaria o chamado para as missões por
gerações ainda por vir.
Esses três homens foram embaixadores fiéis que
enfrentaram aflições momentâneas e a morte, diariamente, para que outros
pudessem colher a eternidade no céu. Que sua fidelidade e sacrifício possam intensificar
sua paixão por tornar o amor e o mérito de Cristo conhecidos entre as nações.
São exemplos como estes que valem a pena ser
seguidos. Os livros biográficos nos servem para sermos encorajados e nos
desvencilharmos dos empecilhos que muitas vezes nos cercam tentando impedir a
inspiração de Deus em nossos corações. Lê livros como este nos darão o impulso
que precisamos para sermos ainda mais triunfantes na carreira cristã. Mais um
excelente livro publicado pela Editora Vida Nova. Adquira seu exemplar!
Como lidar com a tristeza na caminhada cristã?
Ao falar do tema da escuridão
espiritual, estou ciente de entrar em um vasto oceano. Levanto-me da cadeira e
contemplo estantes de livros que articulam com mais sabedoria do que eu acerca
do cuidado e da cura de almas cristãs entristecidas. O simples ato de abrir
esses livros me traz à memória muitas coisas sábias e valiosas que poderiam ser
ditas — mas que não têm espaço num livro tão curto. Sempre será dessa forma. A
Palavra de Deus é inexaurível, e o mundo que ele criou contém inúmeros tesouros
esperando para serem encontrados por olhos límpidos que buscam a alegria que
exalta a Cristo.
As necessidades daqueles que
lutam para encontrar a alegria sempre serão tão diversas quanto as próprias
pessoas. Por isso me contento em avançar neste oceano tanto quanto minhas
limitações permitirem e oro para que o leitor procure alguns desses formidáveis
livros antigos e avance em sua busca pela alegria muito mais longe do que sou
capaz de levá-lo.
Meu objetivo é oferecer um pouco
de orientação e de esperança àqueles para quem a alegria parece fora de
alcance. Quase todos os médicos da alma encharcados de Bíblia falaram a
respeito de prolongados períodos de escuridão e aflição. Na antiguidade eles se
referiam a isso como melancolia. Richard Baxter, por exemplo, falecido em 1691,
escreveu com surpreendente pertinência acerca da complexidade de lidar com
cristãos que parecem incapazes de se alegrar em Deus. “Alegrar-se em Deus, em
sua palavra e seus caminhos”, escreveu ele, “é o florescer e a vida da
verdadeira religião. Mas aqueles de quem estou falando não conseguem se alegrar
com nada — nem com Deus, nem com sua palavra, nem com qualquer ocupação”.
John Piper descortina algumas peculiaridades
destes momentos sombrios através de conselhos sóbrios e espirituais. Mais um
livro da Editora Vida Nova que não pode deixar de ser lido. Adquira!
Você quer ser moldado por Deus?
Ao analisarmos de que maneira
podemos aprender a pensar e a sentir em sintonia com o livro de Salmos e como
podemos ser moldados por Deus, é necessário saber três coisas a respeito dos
salmos: São educativos, são poemas e provêm de Deus.
Em primeiro lugar, Salmos tem o
propósito de instruir acerca de Deus e da vida e natureza do ser humano. Ao
lermos Salmos, a ideia é aprender coisas acerca de Deus, da natureza humana e
de como a vida deve ser vivida. Algumas poesias não se propõem a instruir a
mente, mas essa é a natureza de Salmos.
A segunda característica que
devemos saber a respeito dos salmos é que são poemas. Esse é o significado de
salmo. Eles devem ser lidos ou cantados como poemas ou canções. A relevância
dessa observação é que a poesia ou o canto tem a finalidade de incentivar e
enlevar os sentimentos do coração. Os salmos, portanto, não devem ser somente
estudados, mas também sentidos. Quem lê os salmos unicamente com propósitos
doutrinários não o faz pelo que, de fato, eles são. São salmos, cânticos,
poesia.
Eles têm características
musicais, e a razão para os seres humanos expressarem verdades por meio da
música e da poesia é despertar e exprimir emoções que condizem com a verdade.
Uma das razões para Salmos ser apreciado de forma tão profunda por tantos
cristãos está no fato de que seus poemas expressam um surpreendente leque de
emoções.
A última questão importante para
conhecer a respeito dos salmos, a título de introdução, é que eles são
inspirados por Deus. Não são meramente palavras humanas, mas também expressões
divinas. Isso significa que Deus orientou o que foi escrito e planejou que
Salmos ensinasse a verdade e, caso compreendido adequadamente, indicasse o rumo
correto para as emoções.
Esses trechos são de um dos últimos lançamentos
da Editora Vida Nova, do autor John Piper. Basta uma simples leitura para
vermos o nível espiritual do texto, razão que nos desperta a lê-lo por
completo.
Adquira o seu!
quarta-feira, 10 de abril de 2019
A febre da alma
Alma doente te encontras
Febre insolente não poupas corações
Atordoada a mente sã de outrora se rende
Delírio jamais
Indução infeliz de um caminho tortuoso
Desastroso trouxe peso e sombras
Em escuridão não vês luz
Penúria desastrosa
Esperança que se desfaz
Angustiada pela falta de paz
Desnudada revela reais interesses
Não sabes quem és!
Revela-se, inesperadamente, o que era
Para ser o que é novamente
Remedia a consciência restaurando altares
Mestre amado, rendida seja sempre minha
alma a ti!
O ecumenismo, a particularidade religiosa e a verdade
A
religião passa por um processo distinto atualmente. Muitas das antigas crenças
estão sendo esquecidas ou consideradas ultrapassadas, dando lugar a uma
perspectiva mais humanizada do que propriamente divinizada. Pelo lado do
Cristianismo, o homem cristão não quer ser só um despenseiro de Deus (em alguns
casos), mas também aquele que está começando a interferir nos estatutos sagrados
considerados invioláveis e imutáveis. As mudanças nos fundamentos e na
identidade cristã já desde muito tempo vem sendo observadas, mas agora está
atingindo um patamar de maior amplitude, em vistas do cumprimento das predições
proféticas explicitadas nas Escrituras.
Em
um mundo que caminha para uniformizar o pensamento em diversos segmentos, o
ecumenismo ganha força. Talvez pelo fato de os indivíduos não estarem mais
intencionados em defender a verdade absoluta, antes, preferirem proclamar um
ideal de respeito e de conciliações mesmo que seja com o irreconciliável. Com um
discurso de maturidade entre os diferentes decorrente das danosas experiências
do passado, com a premissa de não criticar as convicções dos outros e com
anseios mais místicos do que espirituais, o ecumenismo arrola todas as
vertentes que caminham com uma identidade híbrida. A identidade híbrida
constitui-se de um perfil no qual há uma mistura entre aquilo que se crê e
aquilo que aparentemente não se crê, mas que em nome de um pacto para uma
pacificação religiosa muitos paradigmas tradicionais que outrora se opunham,
agora, se adequam a uma realidade cujo teor tenta harmonizá-los. Essa tendência
não acabará com a religião alheia, mas colocá-la-á sob tutela de quem exercerá
um poder universal no futuro e que reivindicará a substituição do culto a Deus
para o culto a sua pessoa dado o sucesso que alcançará. Um só agente acima de
tudo e de todos recebendo a veneração de todos os grupos religiosos é o ápice
da cultura ecumênica. Logo, evidencia-se a crise da particularidade religiosa.
Anibal Pereira dos Reis (p.18) registrou o ideal ecumênico primeiro encabeçado
pelo catolicismo romano e, principalmente, pelo papa, ao afirmar:
O
ecumenismo tem como tarefa mobilizar todos os expedientes em vista desse
objetivo unionista.
O
cardeal Ernesto Ruffini, na assembleia de 18 de novembro de 1963 do Concílio
Vaticano II, assim definiu – e muito bem – o ecumenismo: ‘um apostolado
especial para a obtenção da unidade sob a autoridade do papa’.
O
primordial intento do ecumenismo é levar as áreas católicas distantes da
comunhão romana a se renderem ao olimpo do Vaticano, o papa, o centrum unitatis (o centro da unidade).
A
particularidade religiosa qualifica as diversas convicções quanto ao sagrado,
necessitando ser o que sempre foi para deixar sua marca enquanto movimento
independente. Sob um olhar sociológico, a particularidade e as diferenças entre
as diversas religiões tornam esses objetos de estudo ainda mais atraentes,
visto poder manifestar vieses instigantes e intrigantes aos quais um bom
pesquisador se debruçará para explicitar suas peculiaridades, ou seja, há um
campo fértil e profícuo para análises, muito mais promissor do que a da harmonização
dos diversos credos a partir de pontos convergentes. A individualidade
religiosa possibilita também um debate acerca da verdade. Obviamente, a
ponderação não poderá passar por outro referencial se não o da Bíblia Sagrada,
já que ela traz o autêntico alinhamento com Deus e sua vontade (sei da crítica
que muitos fazem a este quesito, acreditando existirem outros instrumentos que
revelam a Divindade. Entretanto, como o ponto central das Escrituras é o
Cristo, o Messias e o Mediador, não sobrou absolutamente nada para outros cujos
manuais e credos divergem da mensagem cristã reivindicarem qualquer porção de
revelação divina). Por assim dizer, o rompimento com a sua particularidade está
associado a secularização. Peter Berger (p.139) nos dá uma luz para compreender
esse fenômeno:
A
secularização acarretou um amplo colapso da plausibilidade das definições
religiosas tradicionais da realidade. Essa manifestação da secularização a
nível de consciência [...] tem o seu correlato a nível sócioestrutural (como
‘secularização’ objetiva). Subjetivamente, o homem comum não costuma ser muito
seguro acerca de assuntos religiosos. Objetivamente, ele é assediado por uma
vasta gama de tentativas de definição da realidade, religiosas ou não, que
competem por obter sua adesão ou, pelo menos, sua atenção, embora nenhuma delas
possa obriga-lo a tanto. Em outras palavras, o fenômeno do pluralismo é um
correlato sócioestrutural de secularização da consciência.
O
próprio indivíduo não mais aceita ou aprova a estrutura tradicional de sua
religião, não julgando razoável guardar o dogmatismo de sempre em meio a tantas
inovações e modificações na perspectiva de vida do mundo. Essa mentalidade
deixa de ser mais individualizada para ganhar um ar mais plural, ou seja,
buscando novas alternativas e diversificando para atender um público maior.
Vê-se, assim, a perda da plausibilidade na religião. Essa plausibilidade
interfere sensivelmente naquelas religiões pseudocristãs, muito embora se
julguem cristãs, não guardaram a sã doutrina para serem nominadas como seguidoras
fiéis do Mestre Jesus.
Entretanto,
não pretendemos aqui alçar uma bandeira de batalha contra todas as demais
religiões. Jamais! O Anabatismo desde sua formação e origem cultivou um ideal
de respeito às outras vertentes religiosas, muito embora tivesse sido
perseguido tanto por católicos quanto por protestantes no século XVI, nunca
abraçando o diálogo ecumênico. Entendia que existia uma verdade posta para além
do olhar das autoridades religiosas na qual o homem deverá prestar submissão a
Deus e não a homens ou a dogmas religiosos. Era necessário conhecer a verdade e
através dela proclamar a única e sólida maneira de se alcançar o favor divino:
a fé em Cristo. Essa mentalidade era tão presente na comunidade anabatista do
Medievo que Arnold Snyder (P.20-21) demonstra um pouco de suas convicções ao
falar que a vida contemplativa dos anabatistas não se limitava ao conhecimento
teórico, mas também vivenciavam na prática o ensino:
A
ênfase anabatista em uma igreja de crentes teve como consequência que todos os
membros da igreja deveriam ser biblicamente treinados. Embora a maioria dos
anabatistas não pudesse ler ou escrever, eles ainda sabiam de memória extensas
porções das Escrituras, organizadas por temas. Vez após vez, os Anabatistas na
prisão surpreenderam seus captores recitando de memória os fundamentos bíblicos
de suas crenças, por capítulo e versículo. Esperava-se que os membros
assumissem sua fé e fossem capazes de explicá-lo e defendê-lo biblicamente. As
crônicas mostram uma quantidade notável de conhecimento bíblico por parte de
homens e mulheres comuns que abraçaram o anabatismo.
Thomas Munzter |
O
conhecimento das Escrituras com paixão devotada a paz e a comunhão levou estes
servos de Deus a entenderem as situações dos demais. Com uma vida singela,
fundamentada nos primeiros passos da Igreja Primitiva, preocupavam-se com a
forma como a Palavra de Deus era anunciada em sua época, pois não correspondia
à prática ensinada pelas recomendações apostólicas, antes curvavam-se ao
ufanismo imperante. A compreensão anabatista sobre a necessidade de um diálogo
respeitoso, mas não desprezando as identidades religiosas, deu-se através de
situações muito complicadas, talvez para demonstrar o poder de resiliência do
anabatismo.
Enquanto, por exemplo, Martino Lutero debatia com Ulrich Zwinglio sobre
a ceia e nunca chegavam a um consenso devido à ardência dos seus espíritos
voltados para uma interpretação deles próprios; enquanto Lutero trocava farpas
e insultos com Thomaz Munzter acerca de quem melhor representava o Evangelho,
porque para Lutero, Munzter era considerado um instrumento de satanás na mesma
medida que Munzter dizia que Lutero era a virgem pura da prostituta babilônica,
Conrad Grebel advém com o mesmo espírito cristão apostólico tratando com muito
respeito Thomaz Munzter, reformador revolucionário do século XVI, dando um
exemplo primorosa na condução do esclarecimento bíblico. Em sua carta Munzter,
verificamos esses ideais nas entrelinhas:
Martinho Lutero |
Amado
irmão Tomás: por amor a Deus, não se surpreenda se nos dirigirmos a vocês sem
título e orarmos por vocês como irmãos para continuar a nos corresponder, e que
sem nos propormos ou nos conhecermos, começamos o diálogo. O filho de Deus,
Jesus Cristo, que se apresenta como o único mestre e o único chefe de todos
aqueles que devem ser salvos e que nos ordena sermos irmãos por uma palavra
comum para todos os irmãos e crentes induziu-nos e obrigou-nos a estabelecer
amizade e fraternidade [com você] e expor os pontos que se seguem. Nós também
fomos movidos pelo fato de você ter escrito dois panfletos sobre a fé espúria.
Portanto, interprete bem, através de Cristo nosso Salvador. Se Deus quiser,
será útil e benéfico para nós. (Yoder: 133)
Conrad Grebel |
Percebe-se
em Grebel um apreço não pela interpretação particularizada, mas por aquela que
vem de uma inspiração a partir das Escrituras, ou seja, a busca pela verdade no
texto sagrado. Para Conrad Grebel a verdade está acima do debate religioso de
modo que a cegueira do dogmatismo deveria ser superada pela pacificação e
quietude de espírito para se chegar à conclusão coerente da Verdade. Este modo
de exame das Escrituras permitiria não só a revelação da vontade divina, mas
também a superação da celeuma religiosa e a consciência de que religiões erram
ao não adotarem exclusivamente o cânon bíblico.
Berger,
Peter L. O dossel sagrado: elementos para
uma teoria sociológica da religião. São Paulo: Paulus, 1985.
Reis,
Anibal Pereira dos. O Ecumenismo e os
Batistas. Editora Caminho de Damasco: São Paulo, 1971.
Yoder, John
H. Textos Escogidos de la Reforma Radical.
Biblioteca Menno, 2016.
Snyder,
C. Arnold. De Semilla Anabautista.
Pandora Press: Ontario, Canadá, 1999.
domingo, 7 de abril de 2019
terça-feira, 2 de abril de 2019
The perseverance of the saints according to Anabaptism
Many apostolic greetings contain precious
truths of the doctrine of Christ. One of them is addressed to the Church of
Philippi, which reads: "Knowing this very thing, that he who began a good
work in you will continue until the day of Jesus Christ" (Philippians 1:
6). From it, we can arrive at conclusive conclusions in the light of the
Scriptures to justify aspects of paramount importance for the Christian walk.
Separating
the central object from the text, in this case, "the good work", we
should look for the meaning of it, since there are many things that can be
listed as such. In order to do so, we perceive that the verb "to
begin" and the verb "to perfect" have an excellent function in
order to identify the meaning to which they were applied to the "good
work", since both characterize, respectively, the initial mark (past fact)
and idea of perpetuation (continuous future). When Jesus referred to the
term, it was expressed in the following definition: "... the work of God
is this: that ye believe on him whom he hath sent" (John 6:29), exhausting
any other interpretation. Therefore, we find that work is the action of God
upon one whose intentions have turned completely to God. Thus begins the process
of the Christian walk through the gift of salvation received by the regenerate.
According to Rienecker and Rogers, who explained the meaning of the verb to
perfect in the future, the continuity of this salvation will come to the end,
fulfilling its full purpose, as it is also deduced from the text, since it
speaks of perfection until the day of Christ.
The
process of perfection in the Christian, however, does not constitute a
unilateral action, but requires both an action of God and a reaction of the
disciple, allowing the flow of divine grace to follow to the end. Nevertheless,
various adversities will arise against those who have confessed Christ,
allowing them to fight against them in order to achieve success over all
opposition. Paul, the apostle, taught us in these terms and also on
perseverance in faith by saying: "Brethren, as for me, I do not think that
I have attained; but one thing I do, and forgetting the things that are behind,
and advancing unto them that are before me, I press toward the mark for the
prize of the most holy calling of God in Christ Jesus "(Philippians 3: 13-
14). Using a coherent language about the Christian vocation, the same apostle
demonstrates the need for abstinence rather than corruptible so that the
Christian does not waste time in embarrassment or be harmed in the Christian
battle. To the Corinthians he said: "And everyone who fights for
everything abstains; they (those who run in vain) do so to achieve a
corruptible crown; but we are an incorruptible. For so I run, not as the
uncertain thing; so I fight, not as beating in the air "(1 Corinthians 9:
25-26). The perseverance of the saints is, therefore, an insignia inherited
from the primitive Church which boldly never gave up on Christian service, but
rather inspired its heirs in the same perspective.
The
Anabaptism of the sixteenth century had the same doctrinal conviction. They
were convinced to serve Christ to the end, even though this end came in the
form of persecution, violence, or martyrdom. In these situations, the firmness
with which they peacefully faced their persecutors and executioners
demonstrated the spiritual level of each Anabaptist man and woman. They rested
on the certainty of reaching the Eternal Kingdom and cultivated the awareness
that they would not be lost in the way, for they would persevere and overcome
any obstacle. Some brief instructions from Hans Schlaffer reveal this character
among the brothers:
As
Paul said, these are Christians who think just like Christ: they arm themselves
for suffering, they do not get entangled in the things of the world, they do
not engage in the works of darkness, but they do the works of light, they are
not ashamed of their master Jesus nor of his words, but follow the same words
(according to the measure of the grace of each one). Therefore, he will not be
ashamed of them before God his heavenly Father and his angels, as he himself
said ... If any man will follow me, saith the Lord, let him deny himself, and
take up his cross daily, me. In short, a Christian is a follower of Christ.
This can not be changed, even if the world ends in ruins ... So Christians lift
their heads and await their redemption with joy. This redemption will come when
Christ returns to judge the living and the dead.
In
Schlaffer's instruction, there was encouragement for all his Anabaptist readers
to attempt perseverance to the end, since preserving faith and biblical
instruction in prescribed form enabled the follower to live in the certainty of
eternal life for the facing the hard walk. There is, however, no possibility of
breaking the bond with God to the point of losing everything achieved. Above
all, the faithful would take their profession of faith to the uttermost, not
subjecting themselves to political authorities, often contrary to the Word, or
to religious whose power was exercised with coercion and force against those
who did not conform to religious dogmatism or state subservience. This would be
a characteristic of the disciple of Christ who observed the biblical precept
unconditionally, as well as the disentangling of the profane life. The
ex-Catholic priest and Anabaptist confessed knew how to propose with mastery
the objective teaching or with all simplicity that the preaching of Christ
demands. He also proved, through his death, the persevering convictions alluded
to, not denying his precious faith or portraying criticism of Catholic infant
baptism. Hans Schlaffer died burned at the stake in 1528.
segunda-feira, 1 de abril de 2019
Tiago, o anabatista de Voltaire
Cândido é
um conto do filósofo Voltaire, publicado em 1759, no qual nos é apresentado
Cândido, o protagonista, como alguém “privilegiado”: índole suave, juízo assaz
reto e espírito muito simples, porém que passa por agruras e severas
adversidades em determinada fase de sua vida após ser inserido num contexto
sombrio, apesar de seu otimismo.
Morava num castelo considerado o maior de todos, onde residia
também sua paixão, a senhorita Cunegundes. Recebera instrução em
metafísico-teólogo-cosmolonigologia, como queira Voltaire, junto ao mestre
Pangloss (o cerne desta doutrina seria provar que não existia efeito sem
causa). Devido ao lapso de flertar com a senhorita Cunegundes foi expulso
daquele que “era o mais belo dos castelos”. Caminhou sem rumo até encontrar os
recrutadores prussianos. Foi para o exército e também para a batalha. Foi
quando testemunhou muitas desgraças, mas principalmente o desamor do gênero
humano. Do “paraíso” foi ao “inferno”. Vivenciou as superfluidades da vida no
encanto das aparências até chegar aos dissabores das muitas mortes
presenciadas. Ele que fora instruído na doutrina das causas e efeitos procurava
uma razão para sua situação. Buscava ele a verdade ou a ilusão?
Cândido consiste numa negação ao sistema leibniziano, ou
seja, é oposto ao otimismo na vida. Uma negação das palavras de Pangloss:
“...que as coisas não podem ser diferentes; pois, tudo sendo feito para um fim,
tudo é necessariamente para o melhor fim” (p. 4). E qual a mensagem central da
filosofia de Voltaire? O que está ruim pode ficar ainda pior? Voltaire duvidava
de Leibniz neste ponto, porque enquanto Leibniz acreditava na justiça divina
para regular a vida em sociedade, por exemplo, Voltaire, após duras
experiências e dissabores com as condutas impróprias dos homens, não queria
aceitar a possibilidade de as situações melhorarem. Via a realidade sem
expectativa de mudanças benéficas, muito pelo contrário, por mais que se
tentasse sair de situações degenerativas mais ocorrências apareciam para que o
indivíduo não pudesse se sobressair. E o anabatista do conto, o que representa?
Por entre seus dilemas surge Tiago, o anabatista. Um
indivíduo de caráter, de honestidade e disposto a ajudar. Não sei se Voltaire
falava em tom de ironia ou de respeito sobre Tiago, o anabatista, mas de uma
forma ou de outra, destaca-se o valor moral daquela figura que em meio ao
enredo da história ajuda o desprezado e humilhado Cândido. Como ele mesmo
narra. Pelos vistos, Tiago, o anabatista, é um personagem de boa índole.
Apresentado como o diferente de todos os sujeitos participantes do enredo,
principalmente dos religiosos. Ao contrário dos outros que negaram ajuda ao
desalentado Cândido, Tiago foi o único que estendeu sua mão para ajudá-lo, e
posteriormente recebeu Pangloss com o mesmo propósito.
A ação do anabatista é citada a semelhança do bom samaritano,
descrita em Lucas 10:30-37. Sobre o ato abnegado de Tiago, contrário ao
religioso católico, Cândido afirmou: “Bem que mestre Pangloss me dizia que tudo
está o melhor possível neste mundo, pois sinto-me infinitamente mais tocado por
vossa extrema generosidade do que pela dureza daquele senhor de casaco preto, e
da senhora sua esposa”(p.14). Para aumentar o respeito pelo anabatista, após
ter encontrado seu mestre (Pangloss) mendigando devido à invasão e destruição
do castelo onde residia, pelos búlgaros, viu-se obrigado a pedir novamente
amparo a Tiago. Tiago vendo a necessidade imediata de Pangloss não hesitou em
também ajudá-lo. Pangloss era, naquele momento, um maltrapilho sujo e imundo,
desprezado à própria sorte, faminto e portador de uma DST (sífilis). Foi
tratado a expensas de Tiago; foi curado parcialmente, pois a doença lhe
assaltou um olho e um ouvido, mas mesmo assim recebeu trabalho do anabatista.
No entanto, segundo Voltaire, não podemos ser otimistas ao ponto de
acreditarmos na beleza da vida sem a devida reflexão. Tiago foi obrigado a ir à
Lisboa com fins comerciais. Na viagem de navio sobreveio uma grande tempestade
na qual ceifou a vida daquele cristão fiel e lançou Cândido e Pangloss
novamente à própria sorte. Tiago numa ação altruísta salvou um dos marinheiros
da morte, porém a sua própria não conseguiu salvar: foi lançado no mar bravio
que o engoliu sem piedade. Cândido viu a cena e ficou chocado, olhando seu
benfeitor desaparecer para sempre.
Diante do exposto, qual a reflexão que podemos extrair deste
conto sobre o anabatista? Primeiro, terá Voltaire percebido que o anabatismo
demonstrava o perfil do cristão cuja vida estava orientada pelas Escrituras? O
apóstolo Paulo exorta os romanos à prática da caridade (Rm 13:8-10) e a
epístola de Tiago assevera à prática para confirmação da fé (Tg 2:1-20).
Segundo, nos momentos de angústia e aflição, Cândido teve contato com pastores
suíços dos quais não recebeu favor algum, antes, desprezo e apatia; seria isto
uma intenção de apontar a má conduta de algumas vertentes religiosas cujo
discurso enfatizavam as Escrituras, mas que o cumprimento das mesmas fora
esquecido? Terceiro, Voltaire quis compará-lo à descrição do verdadeiro
seguidor de Cristo contida na epístola a Tiago, tornando isso evidente devido a
utilização do mesmo nome? Quarto, seria sua intenção desabonar a Deus,
porquanto apesar dos homens provocarem autoflagelo à raça existe sempre alguém
bem orientado disposto a ajudar? Quinto, seria por ironia que o fazia tentando
associá-lo ao pensamento leibniziano, julgando-o “o melhor de todos os
cristãos” e como consequência “o melhor de todos os homens”?
Essas
são algumas questões que podem fermentar nova discussão sobre o texto, mas
retorno com uma das primeiras afirmações, Tiago foi um personagem diferente de
todos os demais contidos no enredo. Enquanto a ira, a apatia, a discórdia, a
avareza, a ambição, a discriminação, a inveja, o perjúrio, a falsidade, entre
outras, são encontradas nos personagens do conto, Tiago é o único que carrega a
pureza do Evangelho em toda sua plenitude. Ao tratarmos do anabatista neste
artigo, fazemos referência ao movimento cujo fim era o retorno ao Primitivismo
Cristão, àqueles que não queriam viver nos ditames desta vida, mas segundo os
propósitos do Cristo bendito. Voltaire apresentou Tiago, o anabatista, devido à
hegemonia católica que impregnava nos seus seguidores a marca de únicos servos
de Deus. No entanto, pela crítica de Voltaire, o catolicismo não poderia
reivindicar esse título, mas pessoas simples que viviam quase que despercebidas
na sua fé religiosa despontavam com maior ímpeto para os valores do autêntico
Cristianismo. Tiago é representando como o verdadeiro cristão e nos ensina a
viver o pleno Cristianismo, ou seja, o Cristianismo prático.
Por Heládio Santos
Bacharel em
Ciências Sociais
Especialista
em Teorias da Comunicação e em Teologia Histórica e Dogmática
Referências
Voltaire.
Cândido. São Paulo: Martins Fontes, 2003.