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quinta-feira, 31 de julho de 2025

Primeiro eles mataram meu pai

 


O filme “First They Killed My Father”[1], baseado em um livro de memórias, relata as experiências de uma criança-soldado no governo do Khmer Vermelho no Camboja. A produção cinematográfica foi dirigida pela atriz Angelina Jolie.

A história de Loung Ung, uma menina de 5 anos, se passa em meio a “revolução” do Khmer Vermelho quando este assume o poder no Camboja em 1975. Logo, inicia-se um governo de terror e genocídio de quatro anos, no qual quase 2 milhões de cambojanos morrem, cerca de um quarto da população. Expulsa da casa de sua família em Phnom Penh, Ung é treinada como criança-soldado, enquanto seus irmãos são enviados para campos de trabalho forçado.

Na verdade, um filme muito dramático cuja história revela a loucura de uma revolução chamada KHMER VERMELHO dos membros do partido comunista do Kampuchea[2] - CPK usurpando o poder no Camboja. O regime do Khmer Vermelho assassinou centenas de milhares de seus supostos oponentes políticos, e sua ênfase racista na pureza nacional resultou no genocídio das minorias cambojanas. Seus revolucionários executaram e torturaram sumariamente elementos considerados subversivos, ou os mataram durante expurgos genocidas de suas próprias fileiras entre 1975 e 1978. 

Na década de 1970, o Khmer Vermelho foi amplamente apoiado e financiado pelo Partido Comunista Chinês, recebendo aprovação de Mao Zedong; estima-se que pelo menos 90% da ajuda externa fornecida ao Khmer Vermelho veio da China. O regime foi removido do poder em 1979, quando o Vietnã invadiu o Camboja e rapidamente destruiu a maioria de suas forças. O Khmer Vermelho, então, fugiu para a Tailândia. O Khmer Vermelho continuou a lutar contra os vietnamitas e o governo da nova República Popular do Kampuchea até o fim da guerra em 1989. Os governos cambojanos no exílio (incluindo o Khmer Vermelho) mantiveram a cadeira do Camboja nas Nações Unidades (com considerável apoio internacional) até 1993, quando a monarquia foi restaurada e o nome do estado cambojano foi alterado para Reino do Camboja. Um ano depois, milhares de guerrilheiros do Khmer Vermelho se renderam em uma anistia do governo.

O filme é recomendado, sobretudo, para quem critica ditaduras. Quem gostou de “Ainda estou aqui”, ganhador do Oscar, não pestanejará ao constatar que “First they killed my Father” é muito melhor e deveria ter ganhado muitos prêmios. Serve-nos para refletir sobre a ideologia comunista cujas manifestações políticas e revolucionárias ao longo da História sempre demonstraram ser tiranas e opressivas. No filme, fica evidente seu lema da crueldade no qual é "melhor condenar um inocente do que livrar um inimigo", sendo tal insulto uma inversão do princípio jurídico e moral que prioriza a proteção do inocente, mesmo que isso signifique deixar um culpado impune, pois segundo a máxima original, frequentemente atribuída a Voltaire, e parafraseando a Constituição Federal e o Código Penal brasileiros: "é melhor correr o risco de salvar um homem culpado do que condenar um inocente".  Por isso, impor um regime por força e violência em qualquer lugar, seja através da luta armada seja pelo incremento das instituições em favor do nefasto regime, sempre será uma forma de opressão ditatorial sem qualquer humanidade ou respeito à Democracia.    


Heládio Santos
Sociólogo

[1] Primeiro eles mataram meu pai

[2] foi o nome oficial do estado cambojano de 1976 a 1979, sob o governo de Pol Pot e do Partido Comunista do Kampuchea (CPK), comumente conhecido como Khmer Vermelho. A captura da capital Phnom Penh pelo Khmer Vermelho em 1975 efetivamente pôs fim à República Khmer de Lon Nol (governador nacionalista de Direita), apoiada pelos Estados Unidos.

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