A
voz forte é inconfundível. A melodia, muitas vezes alegre, identifica suas
raízes. A expressão musical contagia e eleva o público com o prazer de ouvir
canções que aludem a uma realidade específica, mas que rompe com os limites
estabelecidos pelo racismo americano. Os referidos elementos fizeram com que a
popularidade, a influência e o apreço pela música evangélica negra se tornassem
um fenômeno social. Sua inovação, na verdade, produziu uma renovação porque
soube se utilizar dos meios espirituais para se consolidar. Mas, de onde vem e
como se originou a gospel black music
(música negra evangélica)?
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Thomas A. Dorsey |
Para
alguns, esse estilo musical tem sua gênese como os demais, em vistas de não se
preocuparem com uma análise melhor definida. Porém, a nação americana viu um
dos maiores despertamentos espirituais da História da Igreja Cristã (Azuza
Street) ocorrida em grande escala em zonas marginalizadas e periféricas de sua
sociedade de oportunidades. Essa oportunidade, entretanto, não veio através de
políticas públicas, mas por intermédio de um “vento impetuoso” que encheu
muitos homens e mulheres sedentos do fervor divino. O misto de avivamento,
ânsia de liberdade para integração social, talento e profissionalização fez
surgir e evoluir esse estilo. Thomas A. Dorsey e o reverendo Herbert W.
Brewster foram um dos pioneiros e expoentes do início do movimento musical
avivalista, nos anos 20 e 30. A música e a linguagem serviram para promover o
estilo em vistas das composições ganharem nova formatação (uma forma de
inspiração e de exercício da criatividade espiritual) à medida que eram
cantadas. Os incrementos para participação do povo e a improvisação,
utilizando-se de acordes básicos, progressão de acordes padronizados,
linguagens metafóricas e alusões constantes da Bíblia, ajudaram a estabelecer o
vínculo para que todos estivessem integrados no louvor a Deus e no
encorajamento individual para se vencer a mesmice.
De
contrapartida, o inimigo, sorrateiramente, vem contaminar esse despertar de
avivamento musical; afinal, conhece muito de musicalidade e de seu
encantamento. Logo que se verificou a grande aceitação do público, as empresas
comerciais e gravadoras ingressaram no negócio procurando extrair o máximo
possível, visando expandir o mercado da música gospel para sua maior
lucratividade. A questão é que se percebe uma redução da espiritualidade, uma
acomodação quanto aos valores divinos, um descomprometimento e um afastamento
definitivo do padrão espiritual. Acredito que da década de 50, após o auge do
movimento, começamos a ver uma declinação da espiritualidade e uma das razões
mais explícitas quanto ao problema é o anseio de querer fazer sucesso a todo
custo, saindo, inclusive, do aprisco do Mestre.
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Elvis Presley com sua namorada Magdalene |
Exemplos
que podemos destacar foram os de Elvis Presley e Whitney Houston. Elvis Presley,
desde sua infância, era assíduo membro da Igreja Assembleia de Deus. Na sua
adolescência ouviu muitos hinos e aprendeu muito das Escrituras, entretanto,
através de uma mudança inesperada passou a ser o transgressor, o rebelde, o profano
e o ídolo que o mundo aclamou como rei do rock. Seu drama maior foi morrer
devido ao excessivo uso de drogas e medicamentos. Seguindo a mesma linha,
Whitney Houston cantava no coral da Igreja Batista onde se congregava e também
participou do movimento pentecostal.
Tinha
parentes que eram cantoras do mundo gospel, porém preferiu outro caminho,
visando ampliar seu leque de fãs, atingindo muitos corações com sua voz
talentosa e romântica. O fim de sua carreira, marcado também pelo uso de
drogas, faz-nos vislumbrar o quão frágil é o homem/mulher que se aventura por
um caminho nada espiritual. Whitney morreu ao chegar ao fundo do poço. Ambos
cantores têm em suas composições uma influência enorme da música negra gospel,
não foi à toa que fizeram tanto sucesso.
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pastor Jimmy Sweggart |
Atualmente,
quem representa, com muito talento e refinado estilo o movimento ora exaltado,
é Jimmy Sweggart. Esquecido no Brasil devido seu lapso ocasional continua
agradando seus ouvintes com esse estilo tão puro e vibrante do gospel negro
americano. Quem diria, um pastor autenticamente americano ser fortemente
influenciado pela música afro-americana gospel? Creio que a ocorrência ainda é
resultado do que a música negra gospel representou em Azuza Street, além de também demonstrar uma pessoa que tem uma
interação genuína com pessoas negras em sua Igreja. O pastor Jimmy Sweggart é
uma excelente recomendação para quem quer começar a ouvir o tipo musical do
qual nos dispomos no momento.
Que
Deus possa continuar a despertar homens e mulheres sérios para serem
testemunhas de sua glória como o foram aqueles primeiros adoradores do
avivamento americano. Hoje, muito se fala em talentos, mas sem espiritualidade,
devido aos seus fins capitalistas e comerciais; mercenários e contradizentes das
Escrituras. Há tantos artistas que fogem a uma caracterização do ser um
autêntico servo de Deus que só podemos constatar mais uma artimanha do inimigo.
E o pior? Se um deles ler isso, achará que é uma opinião desmedida. Contudo,
sobre ele triunfará a falácia do opressor cujo pensamento é exatamente nesse
sentido: quer que o artista pense exatamente isso de quem os critica.
Que
Deus nos faça adoradores segundo o seu querer e não segundo o nosso!