O Jornal Tocha da Verdade é uma publicação independente que tem como objetivo resgatar os princípios cristãos em toda sua plenitude. Com artigos escritos por pastores, professores de algumas áreas do saber e por estudiosos da teologia buscamos despertar a comunidade cristã-evangélica para a pureza das Escrituras. Incentivamos a prática e a ética cristã em vistas do aperfeiçoamento da Igreja de Cristo como noiva imaculada. Prezamos pela simplicidade do Evangelho e pelo não conformismo com a mundanização e a secularização do Cristianismo pós-moderno em fase de decadência espiritual.

sexta-feira, 22 de fevereiro de 2019

A intransigência aos valores cristãos

[...] No princípio desta obra sobre A Cidade de Deus, achei que devia começar a responder aos meus inimigos que andam em busca dos gozos terrenos e, ávidos de bens fugazes, acusam a religião cristã – única salutar e verdadeira religião –, das tristezas que eles têm que suportar, mas que são mais uma advertência da misericórdia de Deus do que castigo da sua severidade. E como entre eles há uma multidão de ignorantes, acende-se mais fortemente o seu ódio contra nós. Baseados na autoridade dos seus doutores e na sua ignorância, julgam que os males insólitos dos seus tempos não teriam acontecido nos tempos passados [...]
Agostinho de Hipona


A singularidade das Escrituras Sagradas (Bíblia) é notória. Não há nada como suas palavras e a verdade explicitada nela. As premissas reveladoras de uma consciência divina muito superior à humana conseguiram estabelecer um padrão convincente acerca do portar-se do homem nas suas diversas relações de mundo. Serviram, inclusive, como fundamentos da ordem social e política em algumas sociedades. Portanto, alinhando, de certa forma, a mentalidade humana à divina serviu para criar a percepção de valor na vida.  
À medida que o tempo passou, uma inquietação opositora cresceu quanto ao conservar esses valores, assumindo papel decisivo e influenciando a muitos numa intenção de modificação. O conflito criado alcançou uma dimensão tão elevada que obrigou os insurgentes do sistema a um trabalho cauteloso em torno da ideia do errado para que este se reinventasse e assumisse um novo posto. Muito do que era concebido como indecente, como irreverente ou como impróprio foi transformado em oportunidade, sendo “felizes” aqueles que se dão às suas práticas. O mal de outrora, assim, ganhou status de “bom” e “prazeroso” e não mais de pecado. Dentre muitas, a que assume maior evidência é a sensualidade e suas paixões porque o homem passou a ser mais devotado a si do que a Deus.  
Do ponto de vista elucidativo, a crítica aos valores cristãos não percebeu (ou não quis perceber) o iminente dano decorrente do redirecionamento de suas ações, porquanto o pecado gera corrupção e quanto maior for sua pecaminosidade maior também sua degeneração. A corrupção não se limitará apenas a um segmento da vida, mas contaminará progressivamente em busca de alcançar o todo, desde o menor até as maiores autoridades, porque “o que semeia na sua carne, da carne ceifará corrupção” (Gálatas 6:8). Esta corrupção se instaura em vida e continua consumindo o ser durante toda eternidade, “onde o seu bicho nunca morre, e o fogo nunca se apaga” (Marcos 9:46). O profeta Miquéias vivenciou período semelhante e profetizou para alertar as nações:  

Já pereceu da terra o homem piedoso, e não há entre os homens um que seja justo; todos armam ciladas para sangue; cada um caça a seu irmão com a rede, as suas mãos fazem diligentemente o mal; assim demanda o príncipe, e o juiz julga pela recompensa, e o grande fala da corrupção da sua alma, e assim todos eles tecem o mal. O melhor deles é como um espinho; o mais reto é pior do que a sebe de espinhos; veio o dia dos teus vigias, veio o dia da tua punição; agora será a sua confusão (Mq 7:2-4).

Consequentemente, a Igreja piedosa passou a ser rechaçada para abandonar seu papel de porta voz da verdade e conservadora dos valores éticos e cristãos. Muito embora muitas Igrejas tenham se desviado também destes padrões, sendo levianas e emancipando-se da tutela do Pai das Luzes, ainda existem servos perseverantes na anunciação dos preceitos da verdade. Apesar de serem chamados retrógrados, entendem o ideal de conservação e preservação da vida, tanto individual quanto coletivo. A Igreja autêntica continua pregando para o indivíduo, para famílias e para a sociedade na tentativa de trazer, em primeiro lugar a comunhão com Deus por meio do Salvador Jesus, para em seguida, propor equilíbrio, sensatez, prudência, pudor e tantas outras virtudes somente encontradas no arcabouço cristão. Enquanto sua mentalidade estiver devotada à luminosidade do texto bíblico, ela continuará a pregar a fé, a esperança e o amor para todos os homens, independentemente da categoria espiritual na qual estejam. Os pecadores serão amados, mas receberão o diagnóstico para a cura de seus males; ninguém será desprezado, como nunca foram. Apesar dessa Igreja assim se posicionar, em vistas das tantas mudanças da sociedade, ela poderá ser vítima de perseguição e intolerância, entrementes, não renunciará sua vocação neste mundo, sofrendo, mas amando até o último suspiro.
   

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