Mesmo
contrário ao bom senso da interpretação bíblica, existe no meio evangélico o
movimento calvinista que assevera ser o novo nascimento anterior ao crer. Para
justificar sua visão, citam, dentre outros textos, Efésios 2:1 que diz: “Ele
vos vivificou, estando vós mortos nos vossos delitos e pecados” e 1 Cor 2:14,
no qual está escrito: “Ora, o homem natural não aceita as coisas do Espírito de
Deus, porque para ele são loucura; e não pode entendê-las, porque elas se
discernem espiritualmente”.
Assim,
dizem que uma pessoa não pode crer sem antes experimentar o novo nascimento, já
que está morta espiritualmente. Todavia, esquecem-se de que Jesus disse que
esse mesmo morto pode perfeitamente crer nele, veja: "Em verdade, em
verdade vos digo que vem a hora, e agora é, em que os mortos ouvirão a voz do
Filho de Deus, e os que a ouvirem viverão" (João 5:25). No caso o crer é
substituído pelo ouvir, pelo dar crédito e pelo atender ao chamado, etc.
Ao
contrário do que dizem os calvinistas, o descrente não entende as coisas do
Espírito de Deus, por isso é necessário que creia pelo conhecimento básico para
depois entender todo o complexo processo da salvação. No primeiro momento, basta
o convencimento pelo Espírito Santo do pecado, da justiça e do juízo (João
16:8). Se a regeneração é anterior à fé porquê o Espírito Santo iria ter esse
trabalho, já que a fé seria consequência dessa regeneração? Ficam sem resposta
os defensores do calvinismo, assim como não conseguem responder o porquê uma
pessoa pode ser iluminada pelo Espírito, dele participar, provar a Boa palavra,
provar os poderes do mundo vindouro (Hebreus 6: 4-6), e ainda assim não ser
crente. Por que mesmo depois dessa ação do Espírito a pessoa ainda pode não ser
um regenerado? Não seria uma ação desnecessária do Espírito agir dessa forma em
quem não foi regenerado? Isso se analisarmos pela lógica calvinista de que a
regeneração é anterior à fé.
A
ação do Espírito Santo para convencer o mundo, consequentemente o homem natural,
visa uma resposta favorável (ROMANOS 10:6-11) à graça preveniente
disponibilizada por meio da cruz do Senhor, sem a qual não haveria salvação. No
texto de Romanos, podemos perceber que: "...a palavra pregada está perto,
na boca e no coração..." e tem todas
as possibilidades para confessar Jesus depois de crer, assim usufruindo da
salvação. Percebam que ele diz "será salvo" (regenerado) após o crer
e a prova é o confessar com a boca.
No
evangelho de Marcos 10: 17-22, o jovem rico recebeu o convite para seguir o
SENHOR, mas não o atendeu. Contudo, a bíblia diz que Jesus O AMOU. A questão é:
como o Espírito Santo não regenerou alguém que recebeu o convite para seguir o
SENHOR mesmo tendo Jesus o amado? A resposta é simples, ele não creu a ponto de
ter Jesus como uma joia mais preciosa do que seus bens (MT 13:46). Além disso,
Jesus depois de dizer que a palavra não permanecia nos fariseus por não crerem
e que deveriam examinar as escrituras, pois testificavam dele, acrescenta:
"mas não quereis vir a mim para terdes vida!" (João 5:40). Apenas
esse versículo é o suficiente para destruir toda argumentação calvinista, pois
Jesus dá a ordem certa: primeiro ir a ele (pela fé, é claro) depois ter vida (salvação).
Por
fim, em Efésios 1:13, diz: “no qual também vós, tendo ouvido a palavra da
verdade, o evangelho da vossa salvação, e tendo nele também crido, fostes
selados com o Espírito Santo da promessa”. Esse texto mostra a ordem perfeita
da salvação: ouvir a palavra, crer em Jesus e ser selado pelo Espírito Santo (regeneração
que é o novo nascimento). Ninguém com uma consciência pura pode dizer que essa
não é a ordem cronológica e lógica dos fatos requeridos para a salvação.
Ilustrativamente, basta pensarmos na moeda com suas duas faces para daí
conseguirmos enxergar que na salvação ocorre o crê e o arrependimento. Diante
disso, podemos tirar muitas outras conclusões consequentes como: a expiação
geral (já que a Bíblia mostra que Deus exige uma resposta do homem quando ele
ouvir a Palavra), a necessidade de pregarmos a palavra, o amor de Deus por
todos (revelado através da entrega de seu único filho por amor a nós) e a não
existência de determinismo fatalista.
Pr. Jander Lira
Glória a Deus!
ResponderExcluirExcelente texto, muito esclarecedor.
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