A seca dos últimos anos no Ceará e no Nordeste tem sido
uma das mais severas registradas. A falta de chuvas regulares, a diminuição do
nível de açudes, a morte de animais e a redução da safra ocasionaram um grande
flagelo e despertaram pesquisadores para buscarem as causas dessa nefasta circunstância.
Deste modo, a previsão para os anos vindouros não são animadoras já que, de
acordo com os estudiosos, a tendência é que a quadra chuvosa seja abaixo das
médias anuais. Buscando outra explicação devido à religiosidade dos interioranos,
cuja perspectiva de fé se coaduna com um catolicismo popular, para os campesinos
a degradante situação é consequência de uma punição divina influenciada pelo mau
comportamento humano. Será?
A Bíblia nos ensina que no Antigo Egito e em Canaã, na época
dos primitivos reis hicsos, houve uma grande e terrível seca que assolou a casa
Jacó, último patriarca hebreu, que o obrigou ir para o regaço de faraó. Naquela
situação, Deus livrou os hebreus e os egípcios do extermínio: uma nação
monoteísta e outra politeísta. Como pode Deus ter proporcionado benefícios a
povos num “misto” cultural que inclusive desabonava a divindade do Deus dos
israelitas? Simples, faraó ouviu e atendeu a interpretação dos sonhos de
José, demonstrando fé no Deus semita. Portanto, a providência divina está
associada ao reconhecimento do homem.
Não podemos negar que a humanidade
tem desabonado a Deus. Instituindo leis e dominando sem aquele reconhecimento o
homem tem se desapegado de Deus porque o entende como uma ideia ou uma simples
manifestação de suas ânsias. Desta maneira, adota um padrão próprio para si e subjuga
o que fora estabelecido desde o princípio, desprezando-o com o ensino
equilibrador e sustentador da vida. Mas, ao contrário do que se pensa, o que
está em evidência nesse contexto são a benevolência e a longanimidade divinas.
Apesar de toda a desobediência do homem, o Senhor continua esperando uma
decisão positiva para ajuda-lo. Caso houvesse clamor e arrependimento, caso os
homens reconhecessem suas culpas e voltassem para o Criador uma medida paliativa
viria em socorro para atenuar as situações climáticas e muitas outras. Não pensemos
outra coisa, pois se Deus estivesse realmente irado nesse momento, bastaria um “estalar
de seus dedos” para acabar com o incômodo que o homem tem causado devido sua seca espiritual.
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