Há
algumas semanas, o Supremo Tribunal Federal (STF) autorizou a exibição da
sátira sobre Jesus gay por determinada plataforma de transmissão streaming, após julgamento em última
instância do judiciário. A segunda turma, assim, acatou por unanimidade a
reivindicação do canal em vistas de postulados constitucionais os quais
valorizam a não-censura, a liberdade de expressão e os fundamentos da
democracia, segundo o STF. Obviamente, grupos religiosos não acharam a decisão
sensata e, por isso, manifestaram-se reagindo com críticas, justificadas,
principalmente, pelos seus valores morais e sagrados da fé cristã que não
permitem tratar o Cristo como o foi no filme. A grande questão, talvez, não
seja a decisão em si, mas o que ela manifesta ou deixou de manifestar.
Segundo
declarou o relator e ministro Gilmar Mendes: “retirar de circulação material
apenas porque seu conteúdo desagrada parcela da população, ainda que
majoritária, não encontra fundamento em uma sociedade democrática e pluralista
como a brasileira”. Concluindo, disse: “Concluo que a obra Especial de Natal
Porta dos Fundos não incita violência a grupos religiosos, mas constitui mera
crítica realizada por meio de sátira, a elementos caros ao cristianismo. Por
mais questionável que possa vir a ser a qualidade desta produção artística, não
identifico em seu conteúdo fundamento que justifique qualquer tipo de
ingerência estatal”.
Acreditamos
que a questão não está apenas na exibição ou não do programa. Vai além! Há
certo privilégio para a fomentação da ideologia de gênero que não vem
respeitando ninguém (basta assistir ao filme) e que, contraditoriamente,
reclama, em uma de suas bandeiras, o respeito pelas diferenças. Reforçamos que
o propósito do Cristo foi sublime e está além de qualquer celeuma ideológica
(mas Ele não precisa que o defendamos). Outro ponto digno de referência é a
questão da desproporcionalidade, pois se um pregador censura a prática
homossexual que faz parte de sua instrução bíblica, é logo taxado de homofóbico
e fica sujeito a responder por crime de discriminação (como querem muitos
movimentos sociais ao apelarem para as autoridades). A pregação, contudo, não
carrega em si um tom de rejeição nem compactua com a violência que certos
indivíduos lgbts têm sofrido. A pregação singular do Evangelho é de boas novas,
sendo sua essência promover a ideia de liberdade dos grilhões do pecado para
uma nova vida em Cristo, visto que todos os homens caíram em desgraça e carecem
das dádivas divinas através da profissão de fé. É uma mensagem de não violência,
mesmo que a mídia tente inserir pelo seu processo massificador o contrário.
Mas,
vejamos, para o primeiro, a arte cinematográfica, muito embora bastante carente
de criatividade e daquela sacada de boas produções, recebe consideração mais elevada
do que a doutrina cristã, mesmo que essa se demonstre transformadora de vidas e
manifeste a superação de situações que foram esquecidas pelo Estado, mas por
força da atividade eclesiástica, indivíduos receberam acolhimento para
redirecionarem suas vidas e transformá-las. A cultura moral do Evangelho, se
podemos chamar assim, reflete o ponto de equilíbrio onde os sujeitos devem
estar para tornar a vida em sociedade, da mesma forma, equilibrada. Com o
avanço dos “quereres” (certamente outra palavra para ilustrar ou desmistificar
a volúpia do ego humano), pois “querer é poder” na atual conjuntura, as mais íntimas
paixões tem erupcionado, provocando uma quebra dos valores que regem a conduta
humana. Imagine daqui a alguns anos se isto continuar a acontecer: políticos
corruptos serão ovacionados e tidos como heróis; estupradores e pedófilos serão
os ousados e os desbravadores. Alguém pode até dizer que isso jamais acontecerá
ou é retórica exagerada, mas olhando para a onda de reinvenção do homem
contemporâneo não duvidamos de nada!
Enfim,
para sociedade na qual vivemos o errado, o desvio de padrão, o amoral e tantos
outros conceitos semelhantes ganham prevalência. Essa mesma sociedade,
sobretudo, achando-se portadora da luz nietzschiana sufoca a verdade tentando
esquecê-la. Realmente, uma decisão como esta só dá pra sair mesmo se for pela
porta dos fundos.
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