Durante o feriado do dia 21/04,
a COMUNIE realizou mais um simpósio para cristãos e universitários. Intitulado “Cristo
ou César? A ameaça totalitária” por seus organizadores, pretendeu diagnosticar
a atual conjuntura com um olhar honesto e científico, sem viés ideológico ou
político, e apontar as várias ameaças que vem surgindo no horizonte.
Os palestrantes foram os professores
Glauco Barreira Magalhães Filho, Rui Martinho e Carlos Rebouças. Com falas
coerentes, bem centradas no tema e procurando explicitar ao máximo os assuntos,
os professores trouxeram rica e abundante argumentação que prendeu a atenção
dos participantes, levando-os a não perceberem o decurso de quase quatro horas
de palestras e questionamentos.
Um ponto relevante das
palestras foi a análise das reinvenções culturais promovidas como novas
tentativas de mudança social. Essas ajudam a promover uma mudança de
racionalidade e mentalidade social para satisfazer determinados pressupostos do
marxismo cultural e dos teóricos da Escola de Frankfurt. As mudanças ocorrem
pela desconstrução dos valores morais e costumes e pela substituição dos
conceitos de bem e mal através de uma regulamentação que atualize, naturalize e
normatize vícios e pecados, ambos subjugados pelo idealismo que surrupia liberdades
de quem ainda defende existir tais conceitos. Ainda assim, falam e dizem defender
as liberdades. Contudo, quando agem contra e em seguida defendem as liberdades manifestam
uma bruta contradição. Na verdade, uma contradição programada, pois é
exatamente esse choque que faz parte do processo: confundir e levantar
dúvidas nos indivíduos para que essas celeumas sejam levadas ao Estado, ao
grande Leviatã, para agir e chancelar os interesses dessa desconstrução.
Noutro ponto, a
apresentação de como as pretensões de uma agenda global consegue ser
introduzida em um Estado Democrático de Direito marcou profundamente os
participantes. Como apresentado, há instituições cujos integrantes são eleitos
pelo sufrágio universal, enquanto outros não. Os parlamentares do Legislativo e
o Presidente no Executivo dependem da aprovação de grande parte da população e
de uma eleição que na maioria dos casos ocorre de forma majoritária. Por isso,
se deixarem os anseios do povo para se submeterem a políticas de ordem externa os
protagonistas políticos comprometerão seus mandatos e poderão sofrer
penalizações. Por outro lado, o Judiciário não sofre essa pressão social e
gozam de um cargo vitalício do qual, dificilmente, poderão ser destituídos. Por
teoria e em virtude dessa condição, torna-se viável a inserção de políticas de
organismos globais nas suas decisões afetando diretamente a ordem local e
influenciando coercitivamente a maneira de ser de seus indivíduos. O que se
considerou na fala do palestrante é que isso poderá comprometer em algum
momento a vida cristã conservadora já que cristãos autênticos resistem e não
aceitam leis cujo teor afetem suas convicções bíblicas, como diz o texto
bíblico: “mais importa obedecer a Deus do que aos homens” (Atos 5:29). Na
verdade, neste momento já vemos algumas decisões completamente antagônicas aos princípios
morais herdados do puro Cristianismo que pressionam cristãos a abdicarem de
suas convicções ou do contrário serão apenados, como delineado, injustamente por
força do espírito do autoritarismo ou do totalitarismo.
Apesar da abordagem
analítica das ideologias e da política, a COMUNIE não procura estabelecer ou
defender uma perspectiva ideológica ou partidária, antes, tem se pautado em
atuar contra todo tipo de injustiça que macule a coerência, o espírito da lei,
a moral e a fé cristã. Assim, a COMUNIE procura reunir cristãos universitários
para alertá-los e capacitá-los para resistirem ao severo espectro enraizado nas
Universidades que passou a ter um fortíssimo viés ideológico com um marxismo bastante
atuante, fruto do aparelhamento das instituições. Inclusive, cristãos, não sabemos
se ingênuos ou não convertidos, têm levantando a bandeira vermelha não
percebendo que a ideologia de Marx e Engels ceifou vidas de milhares de
cristãos em muitos países que adotaram sua tirania, sendo, sobretudo, um
sistema ateu. Para não ficar nas palavras, o último ato do Simpósio reproduziu
o filme/documentário baseado no livro “Torturado por amor a Cristo” de autoria
do pastor luterano Richard Wurmbrand. “Torturado por amor a Cristo” é um relato
dramático dos dissabores que o comunismo impetrou contra os cristãos europeus
em países que foram dominados pelo regime nas décadas de 40, 50 e 60 do século
passado. Nele, vimos a ação sorrateira do governo comunista na Romênia cortejando
as Igrejas para unirem-se a ele de forma pacífica, mas, na verdade, queriam
submetê-las ao seu senhorio, tornando uma instituição estatal e dominada pelo
Estado. Por não aceitar esse conchavo, o pastor Richard passou 14 anos nas
prisões sendo exposto e ameaçado de morte todos os dias. Contra o pastor foram
desencadeadas torturas, negligência quanto à sua saúde, prisão injusta e
afastamento de sua esposa e filho, também punidos pelo sistema, enfim, um espetáculo
de horrores. Alguém pode até dizer que o marxismo de hoje não defende mais esse
tipo de ação. O que dizer da Rússia, de Cuba e da China, dentre outros?
Realmente, a máscara vermelha nos países do Ocidente revela outras preocupações
neste momento: efetivar políticas anticristãs e ateias para em seguida
praticá-las e, quem sabe, oprimir quem se opõe ao regime.
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