Há muito desejávamos um grupo de estudos
que aprofundasse a discussão sobre a História da Igreja cristã, principalmente,
focando aqueles movimentos denominados reacionários cujas ações criaram cismas
na Igreja. Não entenda, entretanto, reacionário do ponto de vista ideológico,
político ou revolucionário, mas como pensamento de restauração pelo qual comunidades
sentiram a urgente necessidade de retornar aos padrões da Igreja Primitiva em contraponto
aos desvios e às severas mudanças pelas quais passava a Igreja majoritária de
seu tempo.
O movimento reacionário no
contexto cristão por parte de comunidades menores caracterizou-se pela sua reação
de não aceitação às invencionices religiosas praticadas e ensinadas por agentes
superiores hierarquicamente da Igreja geral. Muito embora sua argumentação
partisse das Escrituras, não eram reputados como seus intérpretes legítimos
porque estavam no estrato da laicidade. Contudo, o sentido intelectual e
prático desse reacionarismo de determinados grupos visava apenas a conservação
dos valores neotestamentários porque estavam sob forte ataque da Igreja em franco
caminho de institucionalização ou já institucionalizada. É, portanto, uma
abordagem centrada na contrariedade ante os processos de inovação de uma Igreja
cristã que não percebia seus erros, mas que era inquietada por aqueles que
percebiam a mudança dos seus rumos e como tentativa de solucionar o problema procuraram
colocar freios na situação “ladeira a baixo”.
Esses reacionários
receberam designações diversas. Às vezes, ganhavam uma nomenclatura associada
aos líderes; outras, em referência aos lugares onde estavam; semelhantemente, pelas
práticas batismais e, talvez, a razão mais consistente seria pela abordagem pura
das doutrinas, gerando convicções pautadas nas Escrituras Sagradas, mas não
entendida desta forma pelos seus opositores que em tom de ironia os designavam.
Consiste,
deste modo, num grande desafio tomar documentos históricos, analisá-los e
propor um conhecimento que esteja de acordo com as perspectivas daqueles cristãos
que muitas vezes foram/são chamados de hereges, amiúde, equivocadamente. O
simples fato de assim nomeá-los criou um grande obstáculo ou uma densa bruma
para alguns pesquisadores, estudiosos ou leigos que queiram saber mais sobre o
assunto porque já são introduzidos no contexto de forma enviesado e eivado pela
falsa interpretação. Outrossim, o título pejorativo dado pelos muitos religiosos
incomodados com as pregações e ensinos dos reacionários cristãos revelou também
um desgosto pela crítica indireta à sua hipocrisia religiosa recheada de
pomposidade e deleites mundanos por parte de homens e mulheres comuns não institucionalizados
nem hierarquizados. Por certo, um tema bastante interessante para dialogarmos
com a História.
Não
obstante, um pequeno grupo da Igreja Batista Renovada Moriá, Fortaleza (CE), vem
reunindo-se mensalmente com sede de conhecer mais da História da Igreja para
poder transmitir informações honestas sobre cada movimento. Não será, no
entanto, um trabalho rápido e ágil, pois uma pesquisa desta envergadura dura
anos e perpetuasse. O trabalho tem consistido em análises pontuais e progressivas
dos anais históricos e de autores nacionais e estrangeiros, bem como na tradução
dos tratados originais em latim, outros em inglês, espanhol e francês e sua contextualização.
A pretensão para a entrega de resultados está programada para os eventos da
Igreja cujos temas tenha igual abordagem, assim como a produção textual para
publicação a partir do próximo ano.