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terça-feira, 10 de maio de 2016

QUANDO O GENUÍNO FOGO CELESTIAL INVADE O CORAÇÃO DE UM JOVEM

A VIDA DE GEORGE WHITEFIELD COMO EXEMPLO PARA A JUVENTUDE

Texto com adaptações ao artigo George Whitefield: Pára-Raios do Grande Despertamento


Se há um momento que todo homem está mais suscetível à conversão é na juventude. A recomendação bíblica da parte de Salomão para os jovens é: “Lembra-te também do teu Criador nos dias da tua mocidade, antes que venham os maus dias, e cheguem os anos dos quais venhas a dizer: Não tenho neles contentamento” (Ec:12:1).  Lembrar-se do Criador na juventude não é somente acreditar que Deus existe, mas é dedicar-lhe a vida com base no fato de Deus ser o Criador de todo ser humano, e considerar que a ele é devida a nossa existência.
    É na juventude que o jovem deve tomar a decisão de render-se a Cristo de maneira plena, em total submissão ao seu Senhorio. O número de grandes homens de Deus que marcaram a história do mundo e da igreja em sua juventude é gigantesco. Entre eles poderíamos citar: David Brainerd (1718-1747), William Carey (1761-1834), John Wesley (1703-1791), Charles Wesley (1707-1788), Charles Spurgeon (1834-1892), D.L Moody (1837-1899).
  A juventude atual passa por uma crise espiritual sem igual. A procura de atrativos mundanos dentro das igrejas é a marca dessa decadência espiritual, além de outros fatores como falta de espiritualidade e de zelo cristão autêntico pautado na Palavra de Deus. Mas ao olhar para a história da Igreja essa juventude em declínio pode ser despertada para lançar fora o cristianismo nominal e abraçar o cristianismo puro e simples (C.S. Lewis), adornando sua vida com fervor espiritual e piedade autêntica.
Um personagem que com certeza é um exemplo a ser observado e seguido foi George Whitefield (1714-1770). Já em sua juventude foi um instrumento usado por Deus para trazer um poderoso e profundo despertamento espiritual na Europa do século XVIII. Wesley. L. Duewel comenta:

Dois séculos depois de Deus ter usado Lutero, Calvino e outros para levar a reforma à Europa, a vida espiritual nas igrejas tinha morrido em grande parte. O pecado engolfou novamente as nações. Inquietação civil, tumultos, contrabando, e violência ameaçavam a Inglaterra. A Revolução Francesa quase destruiu a França. A época era agora a década de 1730 e o Espírito de Deus queimou com fogo santo no coração de três jovens ingleses: John Wesley, 35 anos; Charles Wesley,31; e George Whitefield, com apenas 18 anos de idade. (DUEWEL,1995, p.45)

           George Whitefield desde tenra idade demonstrava ter um potencial como talentoso orador e ator nas peças teatrais da escola. Esse talento de se expressar dramaticamente foi algo interessante que o marcou durante toda sua vida como pregador “dramático”. Aos 15 anos de idade, Whitefield teve que se ausentar dos estudos para dedicar-se ao trabalho a fim de ajudar sua família em seu sustento.
Whitefield trabalhava durante o dia e à noite lia a Bíblia. O seu desejo intenso era de estudar em Oxford, no entanto, as limitações financeiras não permitiram o seu desejo se tornar realidade. Até que dois anos depois, aos 17 anos, ele ingressou na universidade, devido ajuda de sua mãe que conseguiu a sua entrada para que fosse empregado de alguns estudantes de classe alta.
Rimas J.  Orentas, biógrafo de George Whitefield, comenta:

Suas responsabilidades como servidor incluíam lavar as roupas, engraxar os sapatos e fazer as tarefas dos estudantes a quem servia. Os servidores viviam com o dinheiro e as roupas usadas que aqueles quisessem lhes dar. Tinham de usar uma túnica especial e era proibido que os estudantes de nível mais elevado lhes dirigissem a palavra. A maioria acabava abandonando os estudos para não terem que sofrer tamanha humilhação.

 Foi nesse ambiente que George Whitefield mostrou ser um jovem extremamente dedicado em seus afazeres. Foi, enquanto aluno de Oxford, que o sentimento de querer ser aceito por Deus brotou em seu coração. Estudiosos comentam esse fato dizendo que “George era extremamente intenso e dedicado, achando que tinha de ganhar a aprovação de Deus, visitava prisioneiros e pobres, além de todas suas outras obrigações”. No entanto, como a verdade da justificação pela fé ainda não havia sido experimentada, George, assim como John Wesley e outros, se esforçava cada dia mais para ser salvo, todavia mediante obras.
Essa luta interior que ele enfrentava ficou mais intensa com o desenrolar de suas participações no Clube Santo, movimento universitário em Oxford encabeçado por John e Charles Wesley. A cada dia que se passava ele ficava mais consciente de sua necessidade de conhecer a Deus de forma íntima e real. O desejo pela leitura o tornou um leitor voraz e isso o ajudou, pois foi em seu momento habitual de leitura que achou um livro antigo, escrito por um pregador escocês chamado Henry Scougal intitulado “A vida de Deus na alma do homem”.  Orentas comenta esse livro e traduz o impacto que aconteceu em George Whitefield:

Scougal ensinou que a essência do cristianismo não é a execução de obrigações exteriores, nem uma emoção ou sentimento que se pode ter. A verdadeira religião é a união da alma com Deus, a participação na natureza divina, viver de acordo com a imagem de Deus desenhada sobre nossa alma – ou na terminologia do apóstolo, ter “Cristo formado em nós”. Whitefield aprendeu destes ensinos a maravilha que é Deus querer habitar no nosso coração e realizar sua obra através de nós, e quão profunda e admirável é a graça que torna possível a vida de Deus habitar na alma do homem.

          George Whitefield em certa oportunidade disse: “Eu não sabia o que era a verdadeira religião, até que Deus me enviou este excelente tratado”. Ainda sobre o livro Orentas diz:

Este livro maravilhoso, porém, acabou deixando Whitefield quase enlouquecido. Ele não sabia como nascer de novo, mas começou a buscar esta experiência com todas suas forças. Deixou de comer certos alimentos e dava o dinheiro que economizou aos pobres; usava só roupas remendadas e sapatos sujos; passava a noite inteira em fervorosa e suada oração; e não falava com ninguém. Para negar a si mesmo, abandonou a única coisa de que realmente gostava: o Clube Santo. Começou a ir mal nos estudos e foi ameaçado com expulsão. Seus colegas o acharam completamente “pirado”. Orava ao ar livre, no relento, até mesmo nas madrugadas mais gélidas, até que uma de suas mãos ficou preta. Finalmente, ficou tão doente, enfraquecido e magro que não conseguia nem subir a escada para sair do quarto. Tiveram de chamar um médico que o confinou à cama por sete semanas.

 Todo esse alvoroço interior foi vivenciado por um jovem. E foi na juventude de George Whitefield que algo extraordinário aconteceu. Com singeleza e uma simples oração de entrega total, ele se rendeu a Cristo. Foi numa crise existencial profunda que ele se jogou sobre a cama e disse “Tenho sede”. Nesse momento ele reconheceu sua total incapacidade e insuficiência diante de Deus. Até que um feixe de luz celestial raiou sobre seu coração, penetrando-o e ele sem reservas se entregou a Deus. Um gozo inefável e glorioso rompeu em seu coração de maneira a extravasar o ambiente celestial em sua vida. Como J.C. Ryle disse: “o maior pregador do evangelho que a Inglaterra jamais viu” acabava de nascer.
George Whitefield, com apenas 22 anos, pregava entusiasticamente e fervorosamente para multidões, em quase todas as localidades em que chegava. Suas pregações eram ao ar livre e acompanhadas de manifestações espirituais tremendas, características de um avivamento espiritual, com gemidos intensos de contrição íntima resultado da Palavra pregada com fogo. Tudo isso se despontava por intermédio da vida desse jovem, totalmente entregue ao Reino de Deus. Quão carente é a nossa sociedade de jovens assim. As universidades tornadas, por causa do iluminismo, num ambiente secularizado e hostil a tudo que diz respeito a fé, carecem de jovens cheios da presença de Deus. Não apenas capacitados para fazer apologia da fé, mas também cheios de poder e graça para assim, fazer caí por terra a imaginação vã e fútil de grande parte da juventude universitária. Mostrando o universo extraordinário e magnífico da fé cristã. George Whitefield era um jovem de oração, de compaixão e de verdadeira humildade.
Wesley Duewel diz: “desde a primeira mensagem após sua ordenação (em 1739 foi ordenado, com apenas 22 anos) até o fim de sua vida, ele manteve um único alvo: ganhar almas. Passava boa parte do tempo, entre os sermões, aconselhando pessoas convencidas da sua condição de pecadoras e orando por elas”. Não é à toa que ele era chamado de “Despertador” e “Foguista”, esses termos só elucidam o caráter espiritual e fervoroso de George Whitefield.
            O dr. Rimas J. Orentas diz:

Apesar da sua formação acadêmica, Whitefield utilizou muito mais seus talentos dramáticos para comunicar as verdades espirituais do que conhecimentos intelectuais. Concentrou no aperfeiçoamento do que hoje chamaríamos de linguagem corporal. A paixão seria sua chave na pregação das verdades espirituais que muitos já tinham ouvido, porém sem vida.

Sem muita prática em homilética, sua sensibilidade dramática logo o colocou numa classe à parte. Lágrimas, fortes emoções, agitado movimento corporal – mas acima de tudo, uma experiência intensamente pessoal do Novo Nascimento – eram características da sua pregação e das reações dos seus ouvintes. Sua prodigiosa memória o capacitava a transformar o púlpito num teatro sagrado que representava os santos e pecadores da Bíblia diante dos seus ouvintes fascinados.

Entre os que ficavam encantados diante das pregações, estava um grande ator inglês, David Garrick, que exclamou: “Eu daria cem guineas (moeda inglesa da época – equivalente a mais de uma libra moderna) se eu pudesse dizer: ‘Oh!’, como o Sr. Whitefield!”.

Com suas mensagens vivas, dramáticas e cheias de alegria espiritual, o país da Inglaterra começou a ser abalado. As verdades eram simples, diretas e baseadas nas doutrinas básicas do novo nascimento e da justificação pela fé. Mas para as pessoas que nunca antes ouviram tais coisas com clareza, eram como descargas de raios no coração. Ele não estava declarando sua própria mensagem, mas a mensagem de Deus: “É necessário nascer de novo”.

Concluímos com a certeza de que a vida de George Whitefield é um exemplo a ser seguido pela juventude cristã cujo objetivo for servir a Deus com sinceridade, fé e fervor. Em uma geração que carece de um avivamento na juventude, que a vida dele seja um veículo de despertamento espiritual para muitos jovens.
“Foge dos desejos da mocidade; e segue a justiça, a fé, o amor, e a paz com os que, com um coração puro, invocam o Senhor”. (2 Tm 2:22)
No amor perene de nosso Salvador Jesus: Heberth Batista Ventura

Referências:
Duewel, L. Wesley. Fogo do Reavivamento. Editora Candeia: São Paulo, 1995
Orentas, Rimas J. Disponível em www.oarautodasuavinda.com.br/george-whitefield-para-raios-do-grande-despertamento. Acesso em : 08. Maio.05

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