A
VIDA DE GEORGE WHITEFIELD COMO EXEMPLO PARA A JUVENTUDE
Texto com adaptações ao artigo George Whitefield: Pára-Raios do Grande Despertamento
Se
há um momento que todo homem está mais suscetível à conversão é na juventude. A
recomendação bíblica da parte de Salomão para os jovens é: “Lembra-te também do
teu Criador nos dias da tua mocidade, antes que venham os maus dias, e cheguem
os anos dos quais venhas a dizer: Não tenho neles contentamento” (Ec:12:1). Lembrar-se do Criador na juventude não é
somente acreditar que Deus existe, mas é dedicar-lhe a vida com base no fato de
Deus ser o Criador de todo ser humano, e considerar que a ele é devida a nossa
existência.
É na juventude
que o jovem deve tomar a decisão de render-se a Cristo de maneira plena, em
total submissão ao seu Senhorio. O número de grandes homens de Deus que
marcaram a história do mundo e da igreja em sua juventude é gigantesco. Entre eles poderíamos citar: David Brainerd
(1718-1747), William Carey (1761-1834), John Wesley (1703-1791), Charles Wesley
(1707-1788), Charles Spurgeon (1834-1892), D.L Moody (1837-1899).
A juventude
atual passa por uma crise espiritual sem igual. A procura de atrativos mundanos
dentro das igrejas é a marca dessa decadência espiritual, além de outros
fatores como falta de espiritualidade e de zelo cristão autêntico pautado na
Palavra de Deus. Mas ao olhar para a história da Igreja essa juventude em
declínio pode ser despertada para lançar fora o cristianismo nominal e abraçar
o cristianismo puro e simples (C.S. Lewis), adornando sua vida com fervor
espiritual e piedade autêntica.
Um personagem que com certeza é um exemplo a ser
observado e seguido foi George Whitefield (1714-1770). Já em sua juventude foi
um instrumento usado por Deus para trazer um poderoso e profundo despertamento
espiritual na Europa do século XVIII. Wesley. L. Duewel comenta:
Dois séculos depois
de Deus ter usado Lutero, Calvino e outros para levar a reforma à Europa, a
vida espiritual nas igrejas tinha morrido em grande parte. O pecado engolfou
novamente as nações. Inquietação civil, tumultos, contrabando, e violência
ameaçavam a Inglaterra. A Revolução Francesa quase destruiu a França. A época
era agora a década de 1730 e o Espírito de Deus queimou com fogo santo no
coração de três jovens ingleses: John Wesley, 35 anos; Charles Wesley,31; e
George Whitefield, com apenas 18 anos de idade. (DUEWEL,1995, p.45)
George Whitefield desde tenra idade demonstrava
ter um potencial como talentoso orador e ator nas peças teatrais da escola.
Esse talento de se expressar dramaticamente foi algo interessante que o marcou
durante toda sua vida como pregador “dramático”. Aos 15 anos de idade,
Whitefield teve que se ausentar dos estudos para dedicar-se ao trabalho a fim
de ajudar sua família em seu sustento.
Whitefield trabalhava durante o dia e à noite lia a
Bíblia. O seu desejo intenso era de estudar em Oxford, no entanto, as
limitações financeiras não permitiram o seu desejo se tornar realidade. Até que
dois anos depois, aos 17 anos, ele ingressou na universidade, devido ajuda de
sua mãe que conseguiu a sua entrada para que fosse empregado de alguns
estudantes de classe alta.
Rimas J.
Orentas, biógrafo de George Whitefield, comenta:
Suas
responsabilidades como servidor incluíam lavar as roupas, engraxar os sapatos e
fazer as tarefas dos estudantes a quem servia. Os servidores viviam com o
dinheiro e as roupas usadas que aqueles quisessem lhes dar. Tinham de usar uma
túnica especial e era proibido que os estudantes de nível mais elevado lhes
dirigissem a palavra. A maioria acabava abandonando os estudos para não terem
que sofrer tamanha humilhação.
Foi nesse
ambiente que George Whitefield mostrou ser um jovem extremamente dedicado em
seus afazeres. Foi, enquanto aluno de Oxford, que o sentimento de querer ser
aceito por Deus brotou em seu coração. Estudiosos comentam esse fato dizendo
que “George era extremamente intenso e dedicado, achando que tinha de ganhar a
aprovação de Deus, visitava prisioneiros e pobres, além de todas suas outras
obrigações”. No entanto, como a verdade da justificação pela fé ainda não havia
sido experimentada, George, assim como John Wesley e outros, se esforçava cada
dia mais para ser salvo, todavia mediante obras.
Essa luta interior que ele enfrentava ficou mais
intensa com o desenrolar de suas participações no Clube Santo, movimento
universitário em Oxford encabeçado por John e Charles Wesley. A cada dia que se
passava ele ficava mais consciente de sua necessidade de conhecer a Deus de
forma íntima e real. O desejo pela leitura o tornou um leitor voraz e isso o
ajudou, pois foi em seu momento habitual de leitura que achou um livro antigo,
escrito por um pregador escocês chamado Henry Scougal intitulado “A vida de
Deus na alma do homem”. Orentas comenta esse
livro e traduz o impacto que aconteceu em George Whitefield:
Scougal ensinou que
a essência do cristianismo não é a execução de obrigações exteriores, nem uma
emoção ou sentimento que se pode ter. A verdadeira religião é a união da alma
com Deus, a participação na natureza divina, viver de acordo com a imagem de
Deus desenhada sobre nossa alma – ou na terminologia do apóstolo, ter “Cristo
formado em nós”. Whitefield aprendeu destes ensinos a maravilha que é Deus
querer habitar no nosso coração e realizar sua obra através de nós, e quão profunda
e admirável é a graça que torna possível a vida de Deus habitar na alma do
homem.
George Whitefield em certa
oportunidade disse: “Eu não sabia o que era a verdadeira religião, até que Deus
me enviou este excelente tratado”. Ainda sobre o livro Orentas diz:
Este livro
maravilhoso, porém, acabou deixando Whitefield quase enlouquecido. Ele não
sabia como nascer de novo, mas começou a buscar esta experiência com todas suas
forças. Deixou de comer certos alimentos e dava o dinheiro que economizou aos
pobres; usava só roupas remendadas e sapatos sujos; passava a noite inteira em
fervorosa e suada oração; e não falava com ninguém. Para negar a si mesmo,
abandonou a única coisa de que realmente gostava: o Clube Santo. Começou a ir
mal nos estudos e foi ameaçado com expulsão. Seus colegas o acharam
completamente “pirado”. Orava ao ar livre, no relento, até mesmo nas madrugadas
mais gélidas, até que uma de suas mãos ficou preta. Finalmente, ficou tão
doente, enfraquecido e magro que não conseguia nem subir a escada para sair do
quarto. Tiveram de chamar um médico que o confinou à cama por sete semanas.
Todo esse
alvoroço interior foi vivenciado por um jovem. E foi na juventude de George
Whitefield que algo extraordinário aconteceu. Com singeleza e uma simples
oração de entrega total, ele se rendeu a Cristo. Foi numa crise existencial
profunda que ele se jogou sobre a cama e disse “Tenho sede”. Nesse momento ele
reconheceu sua total incapacidade e insuficiência diante de Deus. Até que um
feixe de luz celestial raiou sobre seu coração, penetrando-o e ele sem reservas
se entregou a Deus. Um gozo inefável e glorioso rompeu em seu coração de
maneira a extravasar o ambiente celestial em sua vida. Como J.C. Ryle disse: “o
maior pregador do evangelho que a Inglaterra jamais viu” acabava de nascer.
George Whitefield, com apenas 22 anos, pregava
entusiasticamente e fervorosamente para multidões, em quase todas as
localidades em que chegava. Suas pregações eram ao ar livre e acompanhadas de
manifestações espirituais tremendas, características de um avivamento
espiritual, com gemidos intensos de contrição íntima resultado da Palavra
pregada com fogo. Tudo isso se despontava por intermédio da vida desse jovem,
totalmente entregue ao Reino de Deus. Quão carente é a nossa sociedade de
jovens assim. As universidades tornadas, por causa do iluminismo, num ambiente
secularizado e hostil a tudo que diz respeito a fé, carecem de jovens cheios da
presença de Deus. Não apenas capacitados para fazer apologia da fé, mas também cheios
de poder e graça para assim, fazer caí por terra a imaginação vã e fútil de
grande parte da juventude universitária. Mostrando o universo extraordinário e
magnífico da fé cristã. George Whitefield era um jovem de oração, de compaixão e
de verdadeira humildade.
Wesley Duewel diz: “desde a primeira mensagem após
sua ordenação (em 1739 foi ordenado, com apenas 22 anos) até o fim de sua vida,
ele manteve um único alvo: ganhar almas. Passava boa parte do tempo, entre os
sermões, aconselhando pessoas convencidas da sua condição de pecadoras e orando
por elas”. Não é à toa que ele era chamado de “Despertador” e “Foguista”, esses
termos só elucidam o caráter espiritual e fervoroso de George Whitefield.
O
dr. Rimas J. Orentas diz:
Apesar da sua
formação acadêmica, Whitefield utilizou muito mais seus talentos dramáticos
para comunicar as verdades espirituais do que conhecimentos intelectuais.
Concentrou no aperfeiçoamento do que hoje chamaríamos de linguagem corporal. A
paixão seria sua chave na pregação das verdades espirituais que muitos já
tinham ouvido, porém sem vida.
Sem muita prática
em homilética, sua sensibilidade dramática logo o colocou numa classe à parte.
Lágrimas, fortes emoções, agitado movimento corporal – mas acima de tudo, uma
experiência intensamente pessoal do Novo Nascimento – eram características da
sua pregação e das reações dos seus ouvintes. Sua prodigiosa memória o
capacitava a transformar o púlpito num teatro sagrado que representava os
santos e pecadores da Bíblia diante dos seus ouvintes fascinados.
Entre os que
ficavam encantados diante das pregações, estava um grande ator inglês, David
Garrick, que exclamou: “Eu daria cem guineas (moeda inglesa da época –
equivalente a mais de uma libra moderna) se eu pudesse dizer: ‘Oh!’, como o Sr.
Whitefield!”.
Com suas mensagens
vivas, dramáticas e cheias de alegria espiritual, o país da Inglaterra começou
a ser abalado. As verdades eram simples, diretas e baseadas nas doutrinas
básicas do novo nascimento e da justificação pela fé. Mas para as pessoas que
nunca antes ouviram tais coisas com clareza, eram como descargas de raios no
coração. Ele não estava declarando sua própria mensagem, mas a mensagem de
Deus: “É necessário nascer de novo”.
Concluímos com a certeza de que a vida de George
Whitefield é um exemplo a ser seguido pela juventude cristã cujo objetivo for
servir a Deus com sinceridade, fé e fervor. Em uma geração que carece de um
avivamento na juventude, que a vida dele seja um veículo de despertamento
espiritual para muitos jovens.
“Foge
dos desejos da mocidade; e segue a justiça, a fé, o amor, e a paz com os que,
com um coração puro, invocam o Senhor”. (2 Tm 2:22)
No
amor perene de nosso Salvador Jesus: Heberth Batista Ventura
Referências:
Duewel, L. Wesley. Fogo do Reavivamento. Editora Candeia: São Paulo, 1995
Orentas, Rimas J. Disponível
em www.oarautodasuavinda.com.br/george-whitefield-para-raios-do-grande-despertamento.
Acesso em : 08. Maio.05
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