Para
muitos, a Reforma Protestante foi um movimento grandioso que atingiu países
europeus na Idade Moderna. Levam em consideração a amplitude e os diversos
efeitos que culminaram com o declínio do domínio católico e estabeleceram um novo
momento histórico para a Europa. Mas, qual a essência da Reforma?
Acredito
que a grande máxima de Lutero responde, sem dúvida, esse questionamento. A
busca de alento para o sofrimento da alma pecadora em Lutero é apontado como
marco. Através das angústias vivenciadas no claustro, inspiradas pelo anelo de
certeza de salvação e pela plena liberdade dos grilhões do pecado, Lutero
transmiti-nos as origens e os fundamentos do movimento. Afinal, sua intenção
era modificar o quadro interior em trevas e somente pela orientação precisa das
Escrituras abandonaria definitivamente aquela circunstância. Sentiu a pura e a celestial
orientação quando teve a oportunidade de meditar nas Escrituras e assim poder livrar-se
de tão horrendo fardo. O resultado? A descoberta da simplicidade no ensino de
Cristo incentivando Lutero a afirmar e a experimentar o texto paulino de que “o
justo viverá pela fé!”. Sua reflexão o fez perceber a necessidade de retorno ao
sentido primeiro para a salvação que é desprovida de obras e cerimônias,
demonstrando, assim, a importância da Bíblia que nos assiste na necessidade
fundamental de redenção.
Após
o esclarecimento de que “o justo viverá pela fé”, Lutero passou pelo processo
de regeneração. A regeneração produz salvação, mas é desenvolvida na efetivação
diária da nova vida em Cristo, ocasionando uma visão mais apurada e verdadeira
da realidade. Lutero depois de superar seus conflitos passou a ver com maior
atenção as sugestões católicas de exploração do povo, afinando a pena para
escrever criticamente contra aquelas ações contrassenso e contra Deus. Num
primeiro momento não quis romper com a igreja apóstata, quis restaurá-la aos
padrões neotestamentários. Por isso, com bom coração tentou ensinar o clero
romano sobre a natureza da penitência, uma forma de atenuar sua crítica à venda
de indulgências. Fixou na porta de Wittenberg suas 95 teses com a seguinte
introdução:
Debate para o
esclarecimento do valor das indulgências pelo Dr. Martin Luther,
1517
Por amor à verdade e no
empenho de elucidá-la, discutir-se-á o seguinte em Wittenberg, sob a
presidência do reverendo padre Martinho Lutero, mestre de Artes e de Santa
Teologia e professor catedrático desta última, naquela localidade. Por esta
razão, ele solicita que os que não puderem estar presentes e debater conosco
oralmente o façam por escrito, mesmo que ausentes. Em nome do nosso Senhor
Jesus Cristo. Amém.
Ademais,
no singelo ato do reformador alemão percebe-se explicitamente a mudança de
atitude que ele via como necessária, primeiramente para o Lutero indivíduo,
pois a reforma do eu vem em primeiro lugar. A segunda reforma era para o
coletivo, testemunhando sobre a necessidade de todos buscarem o que o próprio
Martinho buscou para uma posterior realização do intento divino na vida
interior geral. Não queremos dizer que Lutero acertou em todos os pontos
doutrinários, mas sua ação foi um avanço em questão de fé e livre exame das
Escrituras.
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