O
Cristianismo ao molde neotestamentário é uma grande novidade. A razão? Os
muitos desdobramentos e acréscimos pelos quais passou ao longo de sua História:
inserção de práticas fora do conjunto da obra apostólica, tidas por piedosas,
processo de aculturação, ordenações políticas e clericais, adaptações devido às
tendências locais, ideológicas e globais.
No
exame das Escrituras, entretanto, é perceptível uma valorização do que está
posto como fundamento permanente da conduta cristã e não a série de adaptações
ocorridas. Abdicar dos valores lá contidos constitui-se em desvio e apostasia. Valendo-se
disso, tanto Cristo como os apóstolos pregaram e alertaram sobre a necessidade
de ampararmos a Escritura nos submetendo a Ela e não as subjugando a outros
interesses. O autêntico discípulo não muda a forma prescrita, mas confirma-a em
sua conduta; razão para a detecção do conceito de conservadorismo, algo muito
rejeitado em nossos dias como se isso fosse avesso ao ensino cristão.
Conservar
a predica cristã tal qual fora escrita é considerá-la superior a qualquer outra
forma de manifestação de religiosidade, porém hoje é classificada como híbrida
e sem “sal”, sem a “luz” da verdadeira iluminação do alto. Mas, conservadorismo
não é rigor isolada, é entender o pleno direcionamento do alto para a Igreja
que deve ser imaculada, intocada pelo mundanismo e exemplo de ética. Quando não
se conserva aqueles valores e condutas contidos nas Escrituras, prática não encontrada
atualmente, tende-se a demonstrar com veracidade o quanto esses movimentos
empobreceram o Cristianismo puro. Para ilustrar a situação de muitas igrejolas
evangélicas que se portam sem a conduta plena, mas que se acham “agraciadas”,
vale o que está escrito em Apocalipse sobre o estilo laodiceano, pois elas
pensam: “... rico sou, e estou enriquecido, e de nada tenho falta; e não sabes
que és um desgraçado, e miserável, e pobre, e cego, e nu; aconselho-te que de
mim compres ouro provado no fogo, para que te enriqueças; e roupas brancas,
para que te vistas, e não apareça a vergonha da tua nudez; e que unjas os teus
olhos com colírio, para -que vejas” (Ap 3:17-18). Como posto, a reprimenda vem
em seguida à percepção equivocada da igreja, pois ninguém pode ser o que não é.
Pode-se
a partir deste ponto estabelecer um diferencial entre o que é Igreja e o que
não é. Igreja é a comunidade que guarda fielmente o preceito escriturístico e
bíblico, enquanto que se constitui qualquer
outra coisa menos igreja aqueles que a usam parcialmente. O título de
Igreja só pode ser veraz se utilizado no todo e nunca na parte. Esse conceito de
ser Igreja verdadeira foi tão
presente nos séculos passados que os cismas
demonstraram quem guardava plenamente os oráculos de Deus e os que não
guardavam. Montanistas, Novacionos, Donatistas, Arnoldistas, Petrobrussianos,
Bogomilos, Albingenses, Waldenses e Anabatistas são citados por grandes
historiadores como aqueles que se dedicaram ao cumprimento do princípio
primeiro do ordenamento cristão, não aceitando as muitas incrementações dos
donos da religião que foram surgindo. Tornaram-se, assim, exemplos para o remanescente
posterior que percebe o cumprimento da Escritura no que diz respeito a
conservação da verdadeira Igreja de Cristo ao longo dos séculos.
Desta
forma, qualquer movimento que foge ao princípio primitivo da Igreja está
afastado da verdadeira maneira de ser Igreja. Isto decorreu de uma série de
implementações que vem desde o catolicismo na Alta e Baixa Idade Média, na qual
está a Idade das Trevas, até o neopentecostalismo com seus discursos de
prosperidade material. Diante do exposto, não podemos querer outra coisa senão
alertar para o perigo que é fugir dos institutos divinos para ceder aos de
líderes inescrupulosos. O retorno ao estabelecido na Igreja Primitiva é o
remédio que os muitos movimentos precisam tomar para se curarem da sua doença
apática e hodierna, fermentados pela apostasia.
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