Todo o cristão deve estar bem consciente de uma das primeiras ordens bíblicas dadas à humanidade: “Frutificar e multiplicar”(Gn 1:22). Esta instrução é repetida novamente em várias outras passagens (como, por exemplo, em Gn 9:1 e 35:11). A questão é: Deus instruiu-nos, em Adão, a procriar, para estabelecer uma “célula”, formando assim a família. Encontramos ainda, em Gênesis, que este relacionamento (casamento) entre um homem e uma mulher é abençoado e incentivado por Deus, para que gere seus devidos frutos. (Gn 1:28)
Entendamos como fruto do enlace matrimonial o ato de gerar os filhos. Eles vêm a partir da concepção, que é o momento em que o feto é formado no ventre materno. Biologicamente isto ocorre com a união entre um espermatozóide (masculino) e um óvulo(feminino), produzindo assim o início da vida de um novo ser humano. Tal ato é motivante e digno de certos comentários bíblicos para um maior esclarecimento sobre seus princípios, pois acreditamos que ele procede do próprio SENHOR.
Deus é quem age e opera na geração do homem. O SENHOR Deus, pelo seu poder, formou o homem do pó da terra(Gn 2:7), e ainda continua exercendo o papel de criador quando no ventre feminino forma um ser humano. Podemos reconhecer, sem sombra de dúvida, que o SENHOR age dessa forma quando lemos no texto bíblico: "Antes que te formasse no ventre te conheci..." (Jr 1:5a). Vemos aqui Deus colocando a responsabilidade da formação fetal sobre si, mesmo havendo uma união normal dos gametas masculino e feminino(ver também Is 44:2). É clara a idéia de que toda a formação humana, desde o ventre, é de autoria do próprio SENHOR Deus (Jó 31:15). É Ele quem permite a geração. Sem ela não haveria oportunidade para a existência humana. Por isso, Deus é quem permite, ou é aquele que abre a madre para a concepção(Gn 29:31). Somente Ele está em posição de arbitrar sobre o assunto. "Então se acendeu a ira de Jacó contra Raquel, e disse: Estou eu no lugar de Deus, que te impediu o fruto de teu ventre?" Gn 30:2.
Por um outro lado, é Deus também que determina se uma mulher terá filhos(veja Gn 20:18). Poderíamos citar exemplos de mulheres que não podiam ter filhos porque Deus estava impedindo o fruto do ventre. Veja-se Sarai, esposa de Abrão (GN 16:2); Rebeca, esposa de Isaque (Gn 25:20); Ana, mãe de Samuel (I Sm 1:5); Isabel, esposa de Zacarias (Lc 1:7). Todas estas mulheres estavam impedidas de conceber. Todavia, isto não significa que a vontade Deus era essa. Lendo suas histórias, e para comprovar nossa afirmação, elas, no decorrer de suas vidas tiveram filhos. Deus apenas se aproveitou destas situações para trazer-nos uma noção do seu poder, para que firmados nele nos aperfeiçoássemos. Ora, Deus tem a supremacia sobre a sua criação. Não podemos negar o fato de Deus agir a favor ou contra. Se Deus assim quer, quem somos nós para discordarmos? Ele tem seus desígnios a cumprir. Então esperemos neles! Deus concedeu à mulher todas as condições favoráveis para conceber naturalmente. Se esta, por algum problema, encontra-se impossibilitada de procriar, buscar a Deus em oração é a solução(I Sm 1:10-19).
Alguns casais, hoje em dia, reconhecem em Deus estas duas qualificações, e crêem em seu poder. Porém outros, sendo levados pela falta de fé, apelam para meios artificiais, carnais e humanos, para eliminar a possibilidade de terem filhos. É muito comum vermos “aconselhadores” incentivando casais a se precaverem de ter muitos filhos, a darem um basta na sua prole já bem vasta, e até mesmo induzindo casais a fazerem cirurgias esterelizantes. Não que seja errado fazer precauções, o problema é usar meios e formas que são questionáveis quanto à aprovação de Deus.
Para um planejamento familiar é inevitável que o casal cristão entre em comum acordo com Deus para poder ter ou não filhos. Alerto para o fato de que todo o casal deve ter pelo menos um filho. Isto para que se cumpra o mandamento de crescer e multiplicar (Gen 1).
Nos dias atuais temos vivido uma onda de dificuldades assombrosa. E motivados por isso é interessante que cada lar cristão planeje bem o tempo de ter seus filhos. Um controle de natalidade deve ser feito, para possibilitar melhores condições de vida para seus frutos queridos. Isto, porém, não quer dizer que aconselhamos os casais a usarem métodos anticonceptivos artificiais para evitar filhos durante o período fértil. Cremos que tais métodos são na realidade uma ofensa ao SENHOR Deus, explicaremos a razão.
Acreditamos, como Lutero, que “... a fertilidade foi considerada uma bênção extraordinária e um presente especial de Deus, como está claro em Dt. 28:4, onde Moisés numera a fertilidade entre as bênçãos. 'Não haverá uma mulher estéril entre o povo,' (cf.Ex.23:26)...” (O Trabalho de Lutero, Vol. 5, p.325). Acreditamos também na esterilidade que é proveniente do próprio Deus, dando-nos a Bíblia sempre a idéia de que é Ele que intervém, seja para a fertilidade ou infertilidade. Ora, se cremos que Deus é o Deus que age de forma a evitar e a gerar, estamos dizendo que Ele, no dia a dia, é capaz de agir desta maneira. Nada mais lógico. Porém, o mais comum é vermos casais não querendo ter filhos e usando meios insensatos para isto.
Todavia o casal deve notar uma preocupação de Deus: o SENHOR concedeu à mulher estar fértil apenas em alguns dias durante o mês. Possivelmente estes dias perfazem a um total de 5, no máximo. Estudiosos, porém, acreditam que nos dias próximos, sejam anteriores ou posteriores a estes, também é possível a mulher engravidar. O período de 5 dias chama-se de período fértil. Para que a mulher possa saber de forma bem definida quais serão estes dias, aconselho-as a usar um método bem simples, mas certo. Esse método baseia-se na identificação do período fértil, através da auto-observação das características do muco cervical e da sensação por ele provocada na vulva da mulher. O muco cervical é uma secreção produzida no colo do útero, através das criptas cervicais, que por ação hormonal apresenta transformações características ao longo do ciclo menstrual, possibilitando dessa maneira a identificação do processo ovulatório. A fase pré-ovulatória ou fase seca, forma uma verdadeira "rolha" no colo uterino, impedindo que os espermatozóides penetrem pelo canal cervical. É um muco pegajoso, branco ou amarelo, grumoso, que dá uma sensação de secura na vulva. Na Fase ovulatória, sob a ação estrogênica, o muco produz uma sensação de umidade e lubrificação, indicando o tempo da fertilidade, momento em que os espermatozóides têm maior facilidade de penetração no colo uterino. Este muco é transparente, elástico, escorregadio, fluido, semelhante à clara de ovo, podendo-se puxá-lo em fio. Neste período o casal deve abster-se de relações sexuais, quando não desejarem a gravidez. O ápice desse período só pode ser reconhecido posteriormente, pois somente quando o muco desaparece ou retorna à aparência de muco pegajoso, com sensação de secura, é que se identifica que o dia anterior foi o dia ápice (o ápice significa que há mais ou menos 48 horas a ovulação ocorreu, está ocorrendo ou vai ocorrer). Na 4a. noite após o dia ápice, a mulher entra no período de infertilidade, o que caracteriza a fase pós-ovulatória, que dura mais ou menos duas semanas. Nesse período, o casal pode ter relações sexuais, pois os indicadores do período fértil, muco e ovulação, já ocorreram. É claro que além desta preocupação o casal deve buscar a Deus em oração pedindo-lhe ajuda para manter a continência.
Por estes argumentos básicos poderíamos comprovar que existe uma total necessidade da dependência de Deus. E levados por este conceito primaz da Bíblia e dos meios naturais, concedidos por Deus, o que dizer daqueles que querem fazer-se “Deus”, impedindo o fruto do ventre?
São vários os métodos artificiais de anticoncepção .Tais métodos são uma manifestação egoísta do homem. Foi ele quem os criou para evitar filhos. É clara a sua atitude irresponsável e promíscua, pois querem o sexo somente para satisfação dos seus prazeres. Não buscam no sexo a glória de Deus. Deus incentiva o homem, através do prazer no ato sexual, a ter filhos. Porém, estes querem ficar somente com o prazer e criaram os seus próprios meios para isto. Levo ao conhecimento de todos que tais artifícios ocasionam desconfortos e prejuízos à saúde, além de se constituírem em desobediência a Deus por deixarem de apelar para os recursos divinos de controle da natalidade.
Há exemplos na Bíblia de homens que lançaram mão de métodos desaprovados por Deus, tendo sido por isto duramente castigados. Vejamos por exemplo o caso de Onã. Segundo o texto de Gênesis “Deus o matou!”. Mas por que motivo? Poderíamos cogitar duas possibilidades. Inicialmente seria pelo fato de Onã não estar honrando a tradição de suscitar descendência ao seu irmão falecido, Er. Segundo Dt 25:5, existia uma conduta de natureza familiar que deveria ser observada. Er faleceu, e era necessário, pelo fato de Er não ter tido filhos, que seu irmão suscitasse descendência ao morto, coabitando com sua cunhada. Examinando o texto percebemos que existia a finalidade de preservação do nome da pessoa. Para que seu nome não desaparecesse do meio da nação judaica, o recurso palpável seria a continuidade através do que já mencionamos. De antemão já temos recursos para afirmar que não foi por isso que Onã foi morto por Deus, pois existia possibilidade de Onã, ou qualquer outro homem em situação semelhante, não unir-se à mulher de seu irmão falecido, pois o costume não lhe obrigava a isto. Haveria não uma condenação por morte, mas uma sentença de humilhação, conforme prescrito em Dt 25:7-10. Outra hipótese seria a de Deus ter desaprovado o ato de Onã derramar o sêmen na terra. Este é o que declaro ser o motivo crucial de sua morte, pois acredito que havia procedimento semelhante em seu irmão Er, que também o levou à morte. Er, segundo Gênesis, fazia o que era mau aos olhos do SENHOR (Gn 38:7). Somos levados a imaginar que havia alguma coisa de anormal no relacionamento intimo de Er e sua esposa, porque ele foi qualificado de mau, isto depois de seu casamento. Como Onã foi morto por fazer o que era mau aos olhos do SENHOR(Gn 38:10), imagino que os dois morreram pelo mesmo motivo. Existiam certas aberrações de natureza sexual envolvendo tais pessoas. Uma prova concreta disto é que a mulher deles coabitou com Judá seu sogro, e isto é claro. Ocultando a sua identidade ao disfarçar-se de prostituta, levou-o a cometer tal pecado. Ora, em meio ao quadro penoso desta família vemos a importância de se fazer do ato sexual algo muito honroso. “Venerado seja entre todos o matrimônio e o leito sem mácula..."(Hb 13:4a)
Lutero dizia que: “o controle de natalidade é desobediência à Bíblia”. Não consideramos assim, por crermos que tudo foi feito de acordo com seu devido tempo e necessidade. Se Adão teve 10, 15 ou mais de 20 filhos, isto era devido à necessidade da terra ser ocupada. Hoje a terra já esta bem cheia, e faz-se necessário um controle de natalidade, não com os artifícios humanos, mas à força de oração, compreensão, abstinência e domínio próprio, estabelecendo a vontade de Deus. Por isso lançamos o apelo aos crentes para que busquem ao SENHOR, a fim de que Ele interceda a nosso favor. Alertamos, desta forma, pois é muito doloroso vermos famílias passando grandes dificuldades por não terem tido o cuidado devido. E para que seus filhos não sofram pelos erros dos pais no futuro, sem alimentação, sem educação e sem conforto, dada sua situação social, é que temos o cuidado, ainda que em tão pouco espaço, de tentar conscientizar sobre o assunto.
Pr. Heládio Santos
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