Quem nunca ouviu falar a
palavra fariseu? Tal denominação era aquela a qual estavam sujeitos os
seguidores da antiga seita farisaica: rebento judaico da religião mosaica. No
que diz respeito a sua história, alguns acreditam ter surgido à época de
Neemias e Esdras, quando ficou evidenciado à necessidade de restauração da fé e
do zelo Hebreu. Despontaram, então, como povo separado, disposto a renunciar as
impurezas e o mundo pagão, buscando uma purificação dedicada exclusivamente a
Deus. Do exílio persa à Jerusalém, este sentimento foi gradativamente minorado,
conduzindo-os a mera superficialidade religiosa. Ficaram mais conhecidos nos
idos primeiros da era cristã, momento quando o Cristo exteriorizou-lhes o
verdadeiro cerne de suas convicções, transmudando-as perante seu público para
uma conduta hipócrita e sórdida. Porém, não se restringiu àquele tempo.
A conduta
religiosa farisaica rompeu os limites dos séculos chegando até o presente.
Entretanto, não mais como uma religião em si, mas com o mesmo sentimento
incorporado a alguns indivíduos praticantes de um suposto cristianismo,
demonstrado através de disfarces de pureza e zelo, mas que na verdade não
passam de um cristianismo individual e superficial (se é que podemos chamá-lo
assim); nada além de aparência, mas que está contaminada com ausência de Deus;
muitas vezes imperceptível na oratória, contudo detectado nos atos práticos do
dia-a-dia.
Algumas
orientações para reconhecermos quando o sentimento farisaico tem pairado sobre
alguns de ânimo dissimulado são: quando há rejeição da Palavra como única regra
de fé e prática para obediência aos “achismos” dos mestres modernos; quando há
uma cobrança de obediência para os outros que não participam de seu ciclo de
amizades, enquanto que para si mesmo e para aqueles mais achegados não há rigor
doutrinário, nem disciplinar; irreverência e insubmissão às autoridade
eclesiásticas a pretexto de arrebanhar incautos com falácias de amor e
respeito; dura cerviz; limitação; falta de visão espiritual; intrigas e
discórdias. O texto singular das Escrituras que ilustra de forma expositiva o
procedimento farisaico, constituindo-se como sua insígnia, é o seguinte: Ai
de vós, escribas e fariseus, hipócritas! Pois que dizimais a hortelã, o endro e
o cominho, e desprezais o mais importante da lei, o juízo, a misericórdia e a
fé; deveis, porém, fazer estas coisas e não omitir aquelas (Mt 23:23).
Três são
as virtudes enumeradas pelo Senhor com finalidade de aprofundamento espiritual,
bem como de um distanciamento daquilo que é leviano. Destacam-se o juízo,
a misericórdia e a fé. O primeiro refere-se ao respeito para com
os direitos dos outros a fim de produzir um juízo justo fundamentado nas
Escrituras. O segundo seria um sentimento despertado pela infelicidade de
outrem, ou seja, compreender todos na medida de suas imperfeições (isto não
significa tolerar pecados na Igreja). Por fim, a fé em sentido múltiplo
representa o elo de dependência com Deus, mas desdobra-se em outros efeitos,
como: crença na doutrina apostólica e confiança naqueles que foram constituídos
por Deus para doutrinar e guiar a Igreja ¾ inicialmente os
apóstolos, em tempos de fundamentação, e atualmente os pastores, que devem ser
espirituais.
Que Deus nos poupe de homens e mulheres hipócritas na
Igreja que perturbam a boa ordem e negam a fluência divina. Oremos para que os
que estão na peleja conosco busquem o respeito, a sinceridade e a honestidade
para serem confirmados em suas boas obras.
Nenhum comentário:
Postar um comentário