Geralmente, ao professarmos a fé
cristã, somos contagiados por uma experiência nova. Isto ocorre pelo
favorecimento da graça de Deus gerando plena certeza do ato de salvação em
alguns ou a simples emoção do contágio em outros, sendo concebida de duas
maneiras: com autenticidade, em razão do real arrependimento, ou com aparência
de autenticidade, devido uma mera satisfação superficial não discernida
espiritualmente.
Com o passar do tempo, podemos
detectar através das obras praticadas qual foi a experiência vivenciada em cada
sujeito. Se houve um desprendimento dos valores efêmeros através do processo de
fé e convicção concluiremos ter havido uma experiência de transformação na qual
houve uma entrega incondicional ao senhorio de Cristo, confirmando a maneira
pela qual o redimido se encontra na condição de filho de Deus. A conseqüência é
determinada pela experiência verdadeira que torna o indivíduo familiarizado com
a vontade de Deus posta nas Escrituras para sua vida.
Por outro lado, quando o agente
se embaraça com a doutrina de Cristo, aceitando uma parte e rejeitando a outra,
percebemos algo que não se coaduna com a forma de comportamento encontrada na
vida cristã. Podemos dizer que a verdadeira experiência com Cristo não ocorreu,
uma vez que não há um desejo direcionado à prática de seus princípios plenos.
Além disto, uma das formas de se dizer isto nos escritos dos evangelhos e
epístolas é sob a forma de escandalizar-se. Quando alguém reluta na prática da
modéstia cristã, por exemplo, ela está se escandalizando de Cristo por causa de
sua doutrina, uma vez que não quer praticá-la. Foi-nos dito pelo Senhor:
“Bem-aventurado é aquele que em mim se não escandalizar” (Lucas 7:23). Jesus nos
fala sobre o fato de sermos abençoados Nele, compartilhando de uma comunhão
profunda e de uma sujeição à sua Palavra, pois, se conscientemente assim não
fizermos, estaremos dizendo que estamos escandalizados e ofendidos com Ele, com
sua Palavra e com seu direcionamento. Escandalizar-se é o mesmo que rejeitar
por não querer fazer, demonstrando, assim, as provas de sua intenção parcial
para com o Evangelho. Vale ressaltar que muitos supostos cristãos estão nesta
condição de escandalizados, apesar de não se julgarem assim. Estão tão
obscurecidos com uma racionalidade humana e caprichos pessoais que não vêem
como são insensíveis à voz do Espírito. Não percebem que estão reduzindo todo conjunto
doutrinário a um compêndio Escriturístico, restringindo-se a sujeitos tendentes
às doutrinas que lhes favorecem devido suas intenções particulares,
descaracterizando-se como fiéis a Cristo. Este problema vem desde muito tempo.
Há aproximadamente 30 anos, a Igreja evangélica vem passando por um processo de
decadência moral. Suas atitudes não são mais as mesmas, suas preocupações foram
redirecionadas, enquanto que a vida da comunidade foi definitivamente afetada
com a falta do sentimento cristão. A maioria das igrejas perderam o prazer de
servir a Cristo diante do mundo, para “servi-lo” em templos pomposos cheios de
divertimentos e banalidades promovidos pelos seus promotores de eventos: os
senhores pastores pós-modernos.
Para responder a pergunta
introdutória deste artigo, diria que o problema é amplo e individual. Amplo,
pois a maioria da comunidade dita evangélica caiu no modismo pós-moderno do
vislumbre de ser evangélico na atualidade. Virou moda, sabia? Está na mídia. É
prazeroso ser evangélico, pois faz com que muitos sejam, agora, reconhecidos,
já que antes não eram. Porém o dissabor não está na evidência, mas sim na
conformidade com o mundo. A Igreja evangélica de hoje tem seus paradigmas
adaptados em consonância com as tendências mundanas. Grande parte do movimento
evangélico passou pelo processo de mundanização assimilando as maneiras de
cantar, de compreender (racionalização) e até de pregar, que agora é segundo os
discursos da autoajuda e da motivação para o sucesso. Que pena!
A
individualidade entrou em questão uma vez que representa o querer do sujeito. Muitos
religiosos evangélicos não querem mais comprometimento com as Escrituras, nem
sua disciplina, preferem o bel-prazer de ordenarem suas vidas segundo uma visão
particular de mundo. Nisto, evidenciam que não passaram pela conversão, pois o
ego é o rei e senhor deles próprios. Continuam a praticar isto, pois se escandalizaram
do ensino de Cristo que diz: “ Se alguém
vier a mim, e não aborrecer a
seu pai, e mãe, e mulher, e filhos, e irmãos, e irmãs, e ainda também a sua própria vida, não pode ser meu
discípulo” (Lucas 14:26). A falta de
desprendimento do eu destes indivíduos faz com que concluamos pela não
vinculação entre Cristo e eles. Noutras palavras, não podem ser discípulos de
Cristo. No entanto, muitos falsos discípulos imperam sobre comunidades
promovendo movimentos que levam o povo à escassez espiritual e à abundância de
carnalidades. Em conversa com uma missionária de Brasília há alguns meses, ela
me confidenciava o problema dos encontros de sua igreja. Os líderes das
programações e os adeptos promoviam festas banais, atividades de entretenimento
e muita conversa sem edificação sobre sexo, jóias e sucesso profissional,
enquanto que o essencial era reprovado, ou seja, ninguém queria buscar a Deus,
antes queriam jogar conversa fora. Este é o retrato do descaso das supostas
igrejas atuais.
Há quem pense que estamos simplesmente
atacando determinados grupos denominados evangélicos. Não é esta a intenção. Nossa
intenção é bem objetiva, tentamos de alguma forma barrar e protestar contra a
apostasia instaurada que está assolando a Igreja, contaminando inúmeros
contingentes e tentando demonstrar nossa piedade para quem está vivendo um
cristianismo falsificado, sem experiência e sem paixão por Jesus. Que Deus nos
ajude a continuar com o zelo e amor cristão por quem já o perdeu.
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