No
Evangelho de Marcos (9:49a), há uma expressão incomum: salgado com fogo. Dentro
de um contexto cujo tema central é o inferno, lemos e meditamos nessa parte
procurando obter a compreensão coerente, pois como alguém pode ser salgado com
fogo?
Na doutrinação cristã, ser salgado é compreender o valor
do ensino, incorporá-lo através de uma vida santificada e transmiti-lo. Na
verdade, é um conceito que abrange a conservação dos valores espirituais
através de práticas morais constantes que devem passar de geração a geração.
Essas virtudes comprovam a experiência de salvação, confirmando a novidade de
vida alcançada. A conservação é necessária para preservação do cristão diante
do mundo vil e da informação de que os bens espirituais são imutáveis,
portanto, não estando sujeitos às mudanças culturais muito corriqueiras na
contemporaneidade. A graça é o agente responsável por essa ação divina,
funciona como o meio motivador/estimulador para nós vivermos a fé com
dignidade. No entanto, existem outros elementos que promovem indiretamente
determinação para obediência a Deus: a concepção do inferno para o bem de
outros.
O cristão sabe de sua liberdade da condenação vindoura.
Nós estamos livres do terrível mal eterno. Contudo, muitas pessoas que estão ao
nosso redor, aquelas que compartilham do nosso cotidiano, estão debaixo da
escabrosidade condenatória, mas estão apáticas a sua realidade espiritual. Em
vistas disto, o cristão, percebendo e discernindo a mal sobre ela, sentindo a
condenação como se fosse dele, deverá se dispor com muito ânimo para viver uma
vida moralmente correta a fim de ter reconhecimento ao recomendar a fé em
Cristo para libertá-las de tão horrendo destino.
Desta forma, ser salgado com fogo é ser estimulado pela
percepção da condenação do inferno para com descrentes para vivermos uma vida
santa. A vida devotada a Deus transmite e inspira fé no outro que está carente
do dom celestial. O sentimento de piedade move o crente a tal procedimento,
inclusive, fazendo de forma espontânea a renunciar muito daquilo que lhe faz
bem para se ocupar com o bem do outro.
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