Abaixo, publicamos novamente a
entrevista com o pastor Enéas Tognini, contida na edição 14 do nosso jornal
impresso. Esperamos que você leitor seja enriquecido espiritualmente e a bênção
da renovação esteja presente em sua vida. Tomamos a iniciativa de publicá-la pelo
seu valor espiritual e, agora, histórico para nós do jornal Tocha da Verdade. Além
disso, nos próximos dias estaremos publicando artigos trazendo um pouco da
história do pastor Enéas Tognini, pois acreditamos que a maneira como a obra de
Deus foi tratada por esse homem santo autentica seu ministério, fazendo-nos
refletir sobre nossa conduta e disposição para o Senhor.
Com muita alegria, o Jornal Tocha da
Verdade entrevistou o Pastor Enéas Tognini. Ele foi presidente da
Sociedade Bíblica do Brasil, ex-presidente da Convenção Batista Nacional,
diretor do Seminário Teológico Batista Nacional do Estado de São Paulo e vice-presidente
da Igreja Batista do Povo, que fundou em 17 de janeiro de 1981 e a qual liderou
por mais de 20 anos, e autor de vários livros, como O Batismo no Espírito
Santo, Moisés: um homem santo na escola do deserto, João: o Batista etc.
O que nos chama atenção é o fato de
ser, sem dúvida, um dos grandes nomes da visitação Pentecostal de Deus no
Brasil. Foi um importante instrumento do Senhor no Movimento de Renovação
Espiritual nas Igrejas Batistas na segunda metade do século passado.
Ele não acreditava no Batismo no
Espírito Santo, entretanto, depois de uma maravilhosa experiência com Deus,
passou não só a acreditar, mas também a pregar o Batismo no Espírito Santo como
experiência subsequente à salvação, anunciando pelo Brasil essa verdade às
Igrejas Tradicionais.
JTV - Pastor Éneas Tognini o que levou
o senhor a crê na atualidade da Renovação Espiritual (batismo com Espírito
Santo) uma vez que tradicionalmente as Igrejas Batistas não são de linha
pentecostal? Fale um pouco de sua experiência pessoal?
Pr. Enéas Tognini - Foi experimentando
a bênção. Eu era tão contra o batismo no Espírito Santo que se Deus viesse para
oferecer essa bênção, eu a rejeitaria. Geralmente no batismo no Espírito Santo
vai-se da teoria à prática, comigo foi o inverso. Deus me deu a bênção e depois
explicou o que era.
JTV - Renovação Espiritual Batista se
limitou apenas ao batismo com o Espírito Santo ou deu ênfase a outras
manifestações espirituais tais como os dons do Espírito?
Pr. Enéas Tognini - Quando Deus abre os
céus e derrama a bênção do batismo no Espírito Santo, sem dúvida alguma, a
bênção é completa para dons espirituais, liberdade no púlpito para louvor ao
Senhor com toda a sorte de bênçãos nas regiões espirituais.
JTV - Quando o senhor começou a pregar
sobre Renovação Espiritual nas Igrejas Batistas houve um apego maior ao Deus
Supremo, às Escrituras e à evangelização por parte das Igrejas? Comente.
Pr. Enéas Tognini - Eu comecei pregando
nas Igrejas Batistas que rejeitavam, fechavam as portas, então, fui para onde
Deus me orientava a ir. Tinha, no tempo tradicional, preconceito tão grande que
achava que só batistas iam para o céu. Depois que fui batizado no Espírito
Santo (16 de agosto de 1958) tive um apego tão grande à palavra, à comunhão
fraternal e à evangelização.
JTV - Quais consequências (favoráveis e
desfavoráveis) enfrentadas pelo movimento de Renovação Espiritual Batista no
seu início e no seu desenrolar?
Pr. Enéas Tognini - Deus bateu na porta
dos Batistas para a obra poderosa do Espírito Santo. Não quiseram. Deus me
disse um dia que estava trocando o meu ministério local pelo nacional. O maior
problema negativo que enfrentei foi o barulho. Nosso povo não soube usar a
liberdade no culto. Achava que gritaria era poder. Enfrentamos também a chegada
em nossos arraiais de alguns aventureiros que penetravam em nosso meio porque a
porta estava aberta. Logo, porém, se foram.
JTV - O que o senhor poderia falar
sobre o trabalho da missionária americana Rosalee Mills Appleby pela Igreja
Batista brasileira?
Pr. Enéas Tognini - D. Rosalee pode ser
chamada a “apóstola” da Renovação Espiritual. Depois de ser cheia do Espírito
Santo começou a escrever, recordando grandes avivamentos da história. Sofreu,
foi perseguida, mas continuou sonhando com avivamento e conseguiu, antes da
aposentadoria, ver as primeiras gotas do avivamento. Renovação Espiritual deve
muito, muito a D. Rosalee. D. Rosalee trabalhou através de panfletos com os
pastores batistas.
JTV - O senhor acredita que nossas
Igrejas Batistas atuais absorveram os ideais de graça e poder espirituais
pregados pelos homens e mulheres de Deus do inicio do movimento? Justifique.
Pr. Enéas Tognini - Creio que muitos
pastores aderiram ao nosso movimento como um modismo. Os que foram realmente
revestidos de poder, resistiram aos vendavais da oposição e saíram ilesos
espalhando as brasas do avivamento (Ez 10). Depois de cinquenta anos de
Renovação Espiritual algumas Igrejas renovadas são tão tradicionais como as
tradicionais, e algumas tradicionais são tão renovadas como as renovadas. Creio
que 80% das atuais de nossa CBN (Convenção Batista Nacional) continuam pregando
no poder do Espírito Santo como há cinquenta anos.
JTV - Em sua opinião, existe
similaridade daquela Igreja de cinquenta anos atrás com a de hoje? Destaque as
similitudes e as diferenças.
Pr. Enéas Tognini - Antigamente, antes
do movimento de Renovação Espiritual, um crente tradicional era batizado no
Espírito Santo e corria para uma Igreja Pentecostal e lá era absorvido por
esses irmãos. E os tradicionais que precisavam de FOGO ficavam apagados. Deus
me levantou para um trabalho específico, qual seja: levar o FOGO do Espírito
para as Igrejas tradicionais (Batista, Presbiteriana, Presbiteriana
Independente, Metodista, Congregacional e até algumas Luteranas). E nessa
missão percorri o Brasil muitas vezes pregando esse fogo. Dezoito ou dezenove
anos por esse Brasil de ponta a ponta e muitas vezes com um tríplice
ministério:
Pregar a Palavra
Pregar pelos livros
Pregar pela Palavra gravada
Hoje, ouço dizer que não há mais
tradicional que seja, que não tenha um grupo batizado no Espírito Santo e
falando em línguas.
JTV - Como o senhor vê a Igreja
evangélica brasileira atual, tem uma conduta moralmente correta de maneira a
cumprir os propósitos de Deus?
Pr. Enéas Tognini - A Teologia Liberal
penetrou em nossas Igrejas. Noto que o evangelismo, não só em nossos arraiais,
mas também nos tradicionais, trouxe o mundo para nossas Igrejas. Nota-se que há
um esfriamento em nossas Igrejas. Há os que pregam dinheiro, pregam cura,
pregam milagres e as almas caminham a passos largos para o inferno. Estamos
precisando urgentemente de um PODEROSO SOPRO do Espírito Santo para que os
carvões do antigo movimento, voltem a arder. Nossas Igrejas avivadas ou
tradicionais necessitam sair detrás das portas fechadas para o fogo e o ardor
do Espírito Santo nos campos de batalha. Manda chuva, Senhor, manda chuva.
JTV - Qual conselho o senhor deixaria
para as futuras gerações evangélicas?
Pr. Enéas Tognini - O caminho, o único
caminho para o futuro de nossas Igrejas é o mesmo que os apóstolos enfrentaram
no passado:
Esperavam o pentecoste,
Esperavam em oração,
Esperavam com a Espada do Espírito
Santo que é a Palavra,
Esperavam, receberam e trabalharam até
a morte com amor e fidelidade.
JTV - Qual conselho o senhor daria aos
aspirantes do ministério pastoral?
Pr. Enéas Tognini - Que esses futuros
ministros não saiam para a batalha sem a gloriosa experiência que João Hyde
teve no navio, indo para o Oriente.
- Que sejam humildes;
- Desprendidos de dinheiro;
- Desprendidos de fama e glória humana;
- Que sejam, como Paulo, crucificados
com Cristo;
- Que morram para o mundo e vivam para
Jesus;
- Que tenha uma vida santidade;
- Que morram de paixão pelas almas como
Booth no Exército da Salvação;
- E como Moody digam: “Este livro me
afastará do pecado, ou o pecado me afastará deste livro”.
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