A
mídia assumiu um papel de porta voz de alguma “coisa”. Muitas vezes, “coisa”
essa sem moral e sem pudor, mas com um discurso relativista de moral. O mais
interessante de se vê é a contradição que se apresenta nas entrelinhas de suas
ações e falas cuja promoção da coisa soa também como desabono. Vejamos alguns
exemplos:
A
mídia censura Donald Trump, presidente dos EUA, pelo caso que teve com uma
atriz pornô, tentando exaltar os costumes de decência, mas não faz cerimônias
para transmitir em suas novelas casos de adultérios e prostituição, promovendo
a prática e alienando seus expectadores;
A
mídia censura os pedófilos, mas durante os finais de tarde promove uma
renovação na mentalidade de uma juventude volátil para se expor em suas
intimidades, abdicando de valores tradicionais e estimulando a nudez como suposto
exercício da arte, atraindo os olhares cobiçosos dos abutres que estão à
espreita de alguma vítima;
A
mídia defende as crianças, dizendo que elas precisam amadurecer ao longo de um
processo de experiências infantis, mas exerce uma coerção de moda para que
crianças se tornem adultas antes do tempo.
A
mídia censura a corrupção praticada por meia dúzia de agentes públicos,
enquanto preserva outros da vergonha perante a sociedade. Outros que lhe servem
de apoio para promover ideologias das mais variadas e de lhes favorecer o posto
de meio de comunicação.
A
mídia fala de família, do valor devido aos entes da célula mater, demonstrando
uma certa preocupação com essa unidade, mas seus próprios agentes aparecem
ridicularizando essa instituição, divorciando-se e amasiando-se,
desestruturando um conjunto de pessoas que se prestaram a viver unidas. Esse
modismo é absorvido pela sociedade que passa a menosprezar e a denegrir a
instituição, reinventando novas maneiras sem a preservação dos elementos
fundamentais à semelhança de seus programas;
A
mídia fala de vida, que se deve aproveitá-la, enquanto abre margens para o
aborto, privando quem ainda não nasceu de poder respirar o ar que respiramos e
criando uma propagando favorável ao extermínio e ao assassinato de vidas
indefesas;
A
mídia promove a ideologia de gênero não porque os ame, mas para criar novas
mercadorias e aumentar o consumo sobre elas, já que a propaganda de alguma
coisa faz parte de sua estratégia de sobrevivência.
A
mídia faz apologia sobre o empoderamento feminino, mas todos os dias mulheres
são “jogadas” em suas telas como objetos e mercadorias, prontas para serem “consumidas”.
E o pior, essas mulheres acham que estão transmitindo algo de bom e sendo
beneficiadas por essa conduta de desprestígio;
A
mídia diz defender o pobre trabalhador, mas proclama as severas ações que lhe
tiram direitos como se isso estivesse prejudicando o desenvolvimento do país;
A
mídia diz respeitar todas as crenças e convicções, mas quando alguma ideologia
lhe favorece e busca ser aceita com seus defeitos e práticas pecaminosas, ela
tenta incutir “goela abaixo” que os credos cristãos, por exemplo, devem se
sujeitar aos anseios de certas minorias. Lembro que o homem deve submissão ao
que está escrito nas Escrituras Sagradas e nunca o contrário, pois essa é mensagem
precisa do Evangelho!
A
mídia cria e depois destrói; promove e depois se omite; eleva e depois joga no
chão; constrói e depois corrompe.
Um
dos grandes problemas é a dominação do público que essa mídia criou para seu próprio
deleite, não permitindo uma reação em oposição aos seus ditames quase absolutos.
Para Bourdieu: “há uma proporção muito importante de pessoas que não lêem
nenhum jornal, que estão devotadas de corpo e alma à televisão como fonte única
de informações” (BORDIEU, 1983), facilitando esse processo de dominação. De
acordo com Bourdieu (1997), “as palavras fazem coisas, criam fantasias, medos,
fobias ou simplesmente, representações falsas”, alimentando um povo pobre sem a
essência crítica.
Todos
os casos apresentados são dignos de censura de fato, mas a mídia não tem
reputação para fazê-lo. Apenas quem tem vida ilibada, demonstrada através do comportamento
ético tradicional e da preservação dos valores morais, tem o poder de denunciar
o erro e apresentar o remédio para essas doenças sociais.
Heládio Santos
Bacharel em Ciências Sociais
Referências
Bourdieu, Pierre. Sobre
a televisão - seguido de a influência do jornalismo e os jogos olímpicos.
Tradução Lúcia Machado. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1997.
______. Questões de
sociologia. Rio de Janeiro: Marco Zero, 1983
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