“Arrependei-vos”
foi estabelecido como princípio norteador da pregação cristã e a máxima
utilizada pela voz que clamava no deserto, João Batista, para prenunciar a
chegada do Messias e sua doutrina. Essa mensagem, entretanto, não se limitou ao
contexto primitivo cristão, mas ecoa pelos séculos objetivando as mesmas
orientações transmitidas no momento. Portanto, a mensagem cristã de
arrependimento deverá ser a mesma, buscando pecadores que se disponham a cumprir
o ideal de “Metanoeo”(palavra em grego que deu origem ao termo arrependimento)
cujo sentido implica reflexão e contemplação para a mudança de mente,
estabelecendo o padrão moral cristão. No arrependido, como consequência
espiritual do seu ato, não sente mera tristeza pelo pecado, mas há um estímulo
para o constrangimento constante que lhe impulsiona a temer a Deus, mudando
radicalmente seu modo de vida, seu modo de pensar e de agir. É uma consequência
que o distingue e chancela sua vocação de discípulo de Cristo. As velhas coisas
passaram e tudo se fez novo, como menciona Paulo, o apóstolo.
Porém,
essa mensagem de mudança não está presente em muitas das pregações proclamadas
nos púlpitos evangélicos. Por qual razão? Por causa da mudança indecente do
primeiro conceito de arrependimento. Em muitas dessas igrejas, houve uma
readaptação para agregar mais pessoas e aumentar os rendimentos provenientes de
suas contribuições (pelo menos é o que parece). Hoje, não se prega mais “arrependei-vos”
e deixe o pecado para servir a Deus em santidade, mas prega-se um
arrependei-vos aleijado que estimula a vaidade e que diz “aceite a Cristo e
continue a fazer tudo o que você faz no mundo, mudando apenas a roupagem de
seus atos”. Dizem, por exemplo, o seguinte:
Deixe
de ouvir rock mundano para ouvir rock evangélico;
Deixe
de ser vaidosa para o mundo para “ficar mais bonita”, usando toda sorte de
maquiagens, adornos e atavios, para Jesus;
Abandone
os shows mundanos para ir aos shows evangélicos (que são verdadeiros cultos a
deuses estranhos e idólatras);
Dizem
que não há problemas em mulheres usarem calças compridas (vestes peculiares
masculinas) e homens terem cabeleira cumprida, peculiaridade feminina. Acham
isso muito pertinente para quem “tem liberdade”;
Dizem
que não há problemas no divórcio, por isso aceitam muitos casais divorciados
sem o devido trâmite e julgamento das Escrituras;
Não
há problemas em apoiar candidaturas, pois os futuros políticos nos
representarão (como se as nossas armas fossem carnais e não espirituais em
Deus), muito embora tenha se visto como essas igrejas caíram na malha do engano
de seus “ilustres” representantes devido a muitas falcatruas;
Não
vamos pregar Palavra de Deus na sua pureza, mas façamos um misto fermentado por
objetivos mundanos e por ideologias para atrair mais público, inserindo formas
de ganhar dinheiro, ter sucesso na vida, ser feliz e ter autoestima à mensagem
do púlpito. Segundo eles, isso desperta mais interesse do público para igrejas,
pois visam uma realização material, entretanto, esquecem-se que em primeiro
lugar vem o Reino e a sua justiça;
Escondam
sua honra, pintem seus cabelos e seus bigodes, criem uma pessoa artificial que
não são vocês mesmos (com isso, não percebem que menosprezam a identidade
criada pelo Senhor);
A
serpente do mundanismo deu um bote tão certeiro cujo veneno inoculou cegueira
espiritual nessas igrejas evangélicas que elas não aceitam nossa exortação,
acreditando que isso é legalismo. Seria legalismo cumprir exatamente o que está
escrito? Está errado seguir o que está escrito? Se estiver, caro leitor, é importante
dizer que em muitas circunstâncias da vida precisamos cumprir determinados
preceitos. Precisamos cumprir as ordenações da lei, do contrário seremos
punidos: entre na contramão de uma rua, ultrapasse um sinal vermelho ou
estacione em fila dupla onde exista um agente da autoridade de trânsito ou
câmeras de vídeo monitoramento para ver se em alguns dias não chega na sua
residência o auto de infração que é um instrumento disciplinador que o obriga a
seguir determinado procedimento. No Enem, por exemplo, se você não marcar a
opção verdadeira, julgando que sua mera ponderação pela errada deverá ser
considerada, você também incorrerá em problemas, pois não chegará à
Universidade. Ou seja, precisamos entender a necessidade de estarmos sujeitos a
determinados conceitos para termos equilíbrio e equidade na vida. Ser cristão
não é mera opção de nomenclatura. É comportamento decente em conformidade com o
texto sagrado.
Além
disso, uma das razões para estarmos vivendo a crise moral de inversão de
valores é culpa dessas igrejas que abandonaram os bons costumes. Preferiram
ceder ante os dilemas de uma fé fragilizada pela não opção de renunciar a tudo
para viverem similarmente ao mundo. Ao viver desta maneira, assumiram um papel
sem moral, sem reputação, sem a dignidade de poder censurar o erro e o pecado,
pois acobertaram o pecado sob um teto evangélico da suposta proteção divina.
Tem crente que acha que pode pecar livremente simplesmente por estar dentro de
quatro paredes, como se isso lhe garantisse o benefício divino. O autêntico
crente deseja viver sem pecado, por mais que isso pareça difícil, mas é mais
fácil fazer o certo do que o errado, principalmente porque a graça de Deus nos
assiste.
Nenhum comentário:
Postar um comentário