A
doutrina cristã consiste de um conjunto de ensinamentos provenientes de Deus apresentados
de forma direta no cânon bíblico, seja por instrução pacífica ou por
admoestação, para regular o comportamento e a ética da Igreja. Precisamente, é
no Novo Testamento que a Igreja encontra o referencial para sua conduta;
contudo, não pode esquecer-se do Antigo Testamento no qual há a revelação de
muitos aspectos do caráter de Deus e de sua vontade, todos dignos de cumprimento em
razão da imutabilidade do seu ser. Um deles versa sobre a forma pelo qual o
fiel deverá se vestir e a possibilidade de agregar elementos à sua
indumentária. Especificamente, gostaríamos de tratar e refletir brevemente sobre
o uso do cinto, ponderando sobre sua origem como adereço das vestes, sobre quem
pode usá-lo e se existe alguma restrição ao seu uso. Bem, talvez essas sejam algumas
das questões inquietantes em certas mentes cristãs em cujo exercício racional procuram
compreender sua correta aplicação.
Encontramos
a primeira referência ao cinto como adereço na veste sacerdotal (Êxodo 28:4).
Ao longo de Levítico, inúmeras vezes também é citado (8:7, 8:13, 16:4). O
cinto, dentro deste contexto, se apresentava como objeto de ornamento da veste
estabelecida por Deus para fins espirituais na condução do povo para o sagrado. As vestes representavam a grandiosidade do sacerdote, mas não para a exaltação do homem,
antes como prefiguração da grandeza do verdadeiro sacerdote, Cristo. A grandeza
criava na vestimenta um simbolismo para chamar a atenção dos israelistas para
motivá-los a olharem atentos os institutos divinos já que nenhum estímulo
espiritual existia para impulsioná-los a este fim (como sabemos, o Espírito
Santo somente passou a habitar permanentemente no crente após a morte de Cristo).
Além do aspecto cerimonial no ofício do sacerdote, o cinto foi também usado por
recrutas dos exércitos e pelos profetas (I Reis 2:5 e II Reis 1:8, 3:21).
Desta maneira, o exame atento das
Escrituras nos mostra o cinto como adereço da indumentária masculina e nunca da
feminina. Mas, se ousarmos procurar alguma passagem bíblica na qual as vestes
femininas recebem o adereço do cinto para justificar sua utilização pela mulher,
certamente, não a encontraremos, pois, as muitas passagens bíblicas existentes
sobre o assunto estão caracterizadas pela peculiaridade do objeto com a veste
masculina (Jeremias 13:11, Mateus 3:4, Marcos 6:8).
Quanto
a relação do cinto com a mulher, é possível vermos algo nada louvável nas
prédicas proféticas. A utilização do cinto pela mulher despertou, na verdade, um
descontentamento divino em razão de o cinto ser objeto peculiar da veste do
homem (basta estar atento a todas as passagens bíblicas nas quais o cinto faz
parte do ensejo). A repreensão duríssima de Deus, através do profeta Isaías, comprova
sua insatisfação com o uso de cinto entre as mulheres em decorrência da
desobediência ao princípio estabelecido no ato de sua origem (veste sacerdotal),
porquanto disse o profeta: “Naquele dia tirará o Senhor os ornamentos dos pés,
e as toucas, e adornos em forma de lua... e os cintos...” (3:18-20). Percebe-se
aqui a nítida ideia de diferenciação do adereço no vestuário, ou seja, o que é
peculiar ao homem e não é à mulher. Assim, Deus definiu o padrão para um e para
o outro.
Ora,
se não há nenhuma passagem bíblica na qual encontramos a utilização do cinto
pela mulher é porque o seu uso está em desacordo com o propósito de Deus. Além
disso, a expressão de Isaías demonstra efetivamente a contrariedade de Deus ao
uso feminino do cinto. Contudo cabe salientar que a mulher tem vestimentas
peculiares que reforçam e engrandecem o ser feminino, não necessitando de algo
rústico e grosseiro como é o cinto do homem. Sua delicadeza exige uma
indumentária mais alinhada com a virtuosidade de seu coração, de sua decência e
de seu espírito piedoso para que se destaque sua essência e também sua beleza
enquanto mulher. Fica, assim, justificada a afirmação de que não é decente à
mulher usar um objeto próprio da veste masculina.
Pr.
Heládio Santos
Glória a Deus!
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