Há quem diga que no ato da
criação o Senhor fez o homem pré-determinado para pecar, obrigando uma interpretação
dessa atitude como sendo motivada ou destinada ao “propósito divino” e não
sendo independente e voluntária do ser criado. Muito embora alguns versem sobre
o assunto com muitas argumentações justificando esse intento do Criador,
questionamos se realmente a culpa da queda procede de Deus ou do homem.
Levemos em consideração a
condenação, primeiramente. Deus criou alguns (a maioria) do gênero humano para
serem lançados no inferno? Segundo o desdobrar da teoria supracitada, poucos foram
escolhidos para a salvação eterna, enquanto muitos para a condenação eterna.
Isto impõe a máxima na qual Deus faz acepção injustificável de pessoas, pois
segundo os teóricos da predestinação sua escolha é aleatória não elegendo
qualquer mérito para sua ação, mas apenas uma escolha direcionada ao acaso. Não
nos parece sensata essa colocação já que o Senhor da Bíblia diz que: “porque,
para com Deus, não há acepção de pessoas” (Romanos 2:11). Desta forma, acepção
de pessoas não está restrita segundo a concepção calvinista na qual afirma esse
quesito demonstrando a escolha de Deus de uns poucos dali outros dacolá, mas
abrange exatamente o todo e não a parte, ou seja, todos os judeus e todos os
gentios, não sendo parte de Judeus nem parte de gentios. Ora, se esses
iluminados proclamam esse tipo de ensino ferem um atributo de Deus, a justiça.
Obrigatoriamente, chamam o Senhor de mentiroso, visto que afirmam ser Ele um
segregador, enquanto o ensino apostólico não corresponde com suas ações. Se
assim confirmamos a teoria calvinista, deveremos também concluir que é absurda
a atitude de Deus criar o homem para em seguida lançá-lo no inferno. Seria a
mesma coisa de construirmos uma casa com todos os aparatos internos e externos,
mobiliarmos, passarmos a morar dentro e em seguida soltarmos uma bomba para
destruir tudo, inclusive, nós mesmos. Esse lapso passa a ser também uma tremenda
contradição, criar para destruir. Por essa razão perguntamos: como alguém de
bom senso cria para se opor em seguida àquilo que criou? Grande incoerência
seria a resposta mais acertada. Afinal, para quem acha que o Senhor se surpreendeu
com a desobediência humana fique ciente que desde sempre Deus sabia, pelo seu
atributo de Omniscientia, que o homem
pecaria não sendo para Ele algo inesperada. Ao invés de destruir tudo proporcionou
um escape para sua situação decaída já que o ser divino é amor por todo o
gênero humano.
Outros textos bíblicos ecoantes
são João 3:16 e I Timóteo 2:4. No primeiro, há uma demonstração expansiva da
obra salvadora, asseverando seu poder e sua amplitude. No outro verso, a
intenção e a expressão de sua vontade na qual pretende dizer exatamente o que
está escrito e não outra coisa. Enfim, devemos considerar o texto bíblico como
foi posto ou será que se exige um esforço sobrenatural para dizermos o que não
diz? É verdade, não afirmar e não concluir aquilo que diz exatamente o texto,
como os acima mencionados, exige um “discernimento” para além do sobrenatural,
incorrendo em distorções e equívocos sérios para quem elege o nome de cristão.
Claro que devemos nos sujeitar ao texto como foi posto e não sujeitá-lo ao
nosso ego interpretativo.
Ora, se o Senhor não faz
acepção de pessoas, sacrificou seu próprio Filho para redimir todos os homens e
é sua intenção restaurá-los para uma nova vida em Cristo, como pensar que Deus
é o causador da desgraça que assola a Humanidade? Só quem não quer assumir a
própria culpa pelo pecado e a voluntariedade para pecar, antes pretende eximir-se
dela com uma atitude mesquinha, tem essa doidice (substituindo o termo “loucura”
pelo bom cearenses) cravada no seu mau coração. Reforço pela verdade que lemos
nas Escrituras, como estão postas, que o homem e somente ele causou o dano do
pecado devido à liberdade mal utilizada. Ele assumiu a culpa quando livremente
provou do proibido, desprezando o conselho anterior de Deus o qual o ensinava um
comportamento de retidão espiritual.
Por essas poucas e simples
razões podemos concluir que aprouve a Deus resgatar o homem de uma situação
deplorável, apesar de ele ter tomado uma atitude egoísta, particular e
individual, sem a interferência divina, portanto não atribuindo a Deus a culpa
pela queda e decadência do gênero humano. O Senhor se apresentou para
resgatá-lo de todo o mar de pecados que o embaraçou, inclusive da invenção da
predestinação, dogma que libera o seguidor para não se preocupar com uma vida
devotada a Deus.
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