Uma
das primeiras prescrições bíblicas sobre o sábado aparece em Êxodo 31. No
texto, Moisés recebe orientação de Deus sobre a guarda do sábado, enfatizando
praticamente os objetivos do mandamento. Portanto, não somente há a explicitação
do mandamento dado em Êxodo 20, mas também certa norma para se conceder a
prática do sábado em conformidade com os interesses divinos.
O
termo “sinal”, mencionado no texto, expressa o compromisso da prática devotada,
ou seja, a separação daquele dia para dedicação exclusiva ao Senhor. A mente do
devotado deveria se concentrar naquilo que representava o Senhor para seu povo,
aprimorando uma conduta espiritual a fim de se extrair ao máximo os propósitos
para aquela santificação, pois sábado era santificação. A prédica divina era
tão incisiva no que tange à espiritualidade e à devoção que caso houvesse
descumprimento dos agentes responsáveis pela prática, obrigatoriamente a
condenação seria a morte: “...porque qualquer que nele fizer alguma obra,
aquela alma será eliminada do meio do seu povo” (v.14); no verso seguinte está
expresso mais claramente a nefasta condenação: “...certamente morrerá”. Portanto,
o sábado veio a ser um marco para a consagração.
Mas
qual sua abrangência? A quem está realmente direcionado? O mandamento extrapola
os limites veterotestamentária ou se restringe ao seu contexto? A Igreja de
Cristo deverá exercer a mesma conduta?
Encontramos
essas respostas retornando ao texto de Êxodo 31. Vamos procurar ser bem fiéis
ao que o texto diz, sem incrementar qualquer reflexão neste momento. No escrito
do profeta foi relatado que o sábado representa “um sinal entre mim e vós nas
vossas gerações” (v.13), e acrescenta: “Entre mim e os filhos de Israel será um
sinal para sempre” (v.17), portanto “celebrando-o nas suas gerações por aliança
perpétua” (v.16).
Afinal,
quem são os personagens desse diálogo? Na verdade, não é nem um diálogo, é mais
uma expressão mandamental que não foi permitido ao homem se manifestar dada sua
ineficiência em conseguir propor algo tão elevado quanto os intentos divinos.
Mas, o Senhor ordena a Moisés sua vontade para que ao descer do Monte Sinai
transmitisse ao seu povo, o Israel que foi tirado do Egito. Em cena, o Senhor,
o seu profeta e o seu povo. Lembrando que o profeta estava também sujeito aos
mandamentos temos, então, Deus e o seu povo Israel. É muito difícil entender
que há um pacto exclusivo entre Jeová e Israel? O texto expresso está obscuro
impedindo esta conclusão? Não, não podemos afirmar outra coisa senão que este
pacto foi proposto apenas para Deus e o seu povo do Antigo Testamento. É isso
que o texto confirma e todos os outros utilizados ao longo dos livros.
Quando
o adventismo vem propor o mandamento para o Novo Testamento, equivoca-se
incorrendo em profunda má interpretação. Aliás, não foi nem só uma
interpretação errada, mas também um crédito indevido às pretensas revelações de
Ellen White: “Foi-me mostrada então uma multidão que ululava em agonia. Em suas
vestes estava escrito em grandes letras: Pesado
foste na balança, e foste achado em falta. Perguntei (ao anjo)
quem era aquela multidão. O Anjo disse: Estes são os que já
guardaram o sábado e o abandonaram” (EG White, Primeiros
Escritos, Editora Casa Publicadora, Tatuí – SP; 1995, pág.37). Os defensores da
Sra. White preferiram antes acreditar numa revelação em detrimento ao texto
sagrado, dedicando à revelação maior valor, mesmo quando o ensino apostólico censura
a utilização da Lei, entendendo que seu lugar é no antigo pacto.
Concluindo,
o sábado como os demais mandamentos fizeram parte do Decálogo com uma
finalidade específica, serem instrumentos necessários para conduzir o homem a
Deus: “De maneira que a lei nos serviu de aio, para nos conduzir a Cristo, para
que pela fé fôssemos justificados” (Gl 3:24). Com Cristo, o cenário muda, pois
o que nos é exigido hoje é unicamente a fé, por isso, “...é evidente que pelo
lei ninguém será justificado diante de Deus, porque o justo viverá pela fé” (Gl
3:11).
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