Os
primeiros oficiais da Igreja eleitos foram os diáconos. Devida a uma situação
de necessidades materiais e assistência dos menos favorecidos, os apóstolos
sabiamente separaram junto com a Igreja emergente, em Atos 6, alguns homens
valorosos para desempenhar o ofício. Estevão, Filipe, Prócoro, Nicanor, Timão,
Parmenas e Nicolau foram os sete eleitos pela Igreja nesse momento. Mas, quais
eram as qualificações e qual a finalidade específica do cargo?
Existia
uma distribuição alimentícia chamada “ministério cotidiano”, criada
circunstancialmente para atendimento das necessidades dos discípulos menos
favorecidos e daqueles que estavam temporariamente em Jerusalém debaixo do
acolhimento da Igreja. Como houve um acréscimo elevado de seguidores, alguns
estavam sendo esquecidos, porquanto a prioridade era dada aos autóctones
cristãos em detrimento dos que vieram de outras regiões, principalmente as
viúvas. Em meio a reclamações dos cristãos gregos aos líderes, houve uma
reunião na qual os apóstolos resolveram instituir um grupo de apoio para
atendimento das necessidades materiais, enquanto eles dedicariam tempo e
oportunidades às questões espirituais. Para tanto, não poderiam eleger
quaisquer seguidores, deveriam ser exemplares: boa reputação, cheios do
Espírito e de sabedoria (nas epístolas paulinas, posteriormente, há acréscimos
aos pré-requisitos dos diáconos). Portanto, aqueles homens foram eleitos para
servirem às mesas. Era o grupo assistencial da Igreja cujo trabalho deveria ser
dedicado ao atendimento dos necessitados, das viúvas, dos órfãos e de quem
estivesse em similar situação. Essa é a instrução bíblica da qual deveremos
situar nossa observância, porém, atualmente, questiono-me se esse paradigma tem
sido observado fielmente nas muitas igrejas evangélicas espalhadas. Por qual
razão não está sendo observado? Pelo fato de não verificar esse entendimento
nem no seu povo nem na sua liderança.
Constatamos
nas igrejas evangélicas de forma geral que a função de diácono é, na realidade,
um status hierárquico, uma oportunidade de liderança de congregação, um
servidor de distribuição da ceia e um coletor das ofertas e dízimos, ou seja, uma
função nada condizente com o instituído no princípio que norteia o ofício.
O
status hierárquico é um patamar no trajeto sucessório a fim de se alcançar um
dia o mais cobiçado dos ofícios, atualmente, o ministério pastoral, dando a
entender que o pastorado não é somente vocacional. Entrar no circuito é uma das
possibilidades de encabeçar e chegar ao ápice da liderança evangélica,
adquirindo com o tempo a atenção do povo numa função que está sendo mal
desempenhada. Quem é um diácono que executa bem sua função será reconhecido e
reputado pelos seus serviços sem, entretanto, existir uma obrigatoriedade de um
sequenciamento e elevação de categoria. Afinal, o diaconato não é vocacional,
não podendo nenhum crente achar que a função é um chamado específico de Deus,
antes é de mandato eletivo submisso às decisões da Igreja.
Ao ver
diáconos sendo utilizados apenas para servir o pão e o cálice da ceia para uma
multidão, indo de banco em banco, e também recolhendo os dízimos e as ofertas
em salvas, verificamos como estão sendo subutilizados ou, ainda, não
utilizados. Primeiro, a Bíblica nos ensina que somos nós que nos servimos na
ceia, pois todos deverão partir o pão (I Coríntios 10:16) e na contribuição,
deveremos levar o bem ao gazofilácio; e segundo, a atenção diaconal deveria
prestigiar sabiamente as situações de necessidade, pois a falta de exercício da
prática empobrece a função. Se por outro lado, devido aos discursos inflamados
de prosperidade dos pastores neopentecostais, os necessitados estão sendo
“expulsos” e oprimidos de suas igrejas, quão terrível é o contexto que se
apresenta para elas.
Portanto, a preocupação
diaconal deverá ser a de amparo e ajuda. O autêntico Cristianismo preza pelos
outros, segundo as suas necessidades, delegando a esses oficiais um trabalho
louvável, de paixão, de envolvimento e de cumprimento do querer divino no que
diz respeito ao segundo grande mandamento. Se igrejas estão assumindo outro
modelo e não o da Escritura, deverão se preocupar em retornar ao padrão
estabelecido pelos santos apóstolos.
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