A
sensibilidade cristã é muito importante em nossa caminhada, tanto para sentir os
efeitos do pecado quanto para sentir à vontade de Deus. Na desobediência, um
peso e desânimo assola o cristão, enquanto na obediência, a paz e a comunhão
fluem como um rio sempre cheio cuja corrente não cessa, sendo referencial de
vida para si, bem como para outros.
As
muitas experiências pelas quais podemos passar servem para nos tornar mais
habilitados a compreender a profundidade do amor e da graça divinos. De modo
que não podemos menosprezar nenhuma das circunstâncias nas quais fomos
inseridos. Se temos que passar por vales ou montanhas, façamos com igual
desprendimento porque aquele que nos guia estará conosco em todos os lugares e
em todos os momentos. Madame Guyon nos eleva a essa dimensão e entendimento ao
comentar:
Receba pela fé o fato de
que qualquer coisa que lhe aconteça é o desejo Dele para você, nesse momento.
Quando for ao Senhor dessa maneira, verá que seu espírito estará em paz, não
importando qual seja a sua condição. Os tempos de sequidão serão a mesma coisa
que os tempos de abundância, porque você terá aprendido a amar a Deus somente
porque você o Ama, não por causa de suas dádivas, nem mesmo por sentir sua
presença.
Segundo
Madame Guyon, essas circunstâncias da vida tentem a nos levar à “morte
espiritual”, mas não aquela da qual estão condenados os infiéis. Seu sinônimo,
na verdade, é despojamento, ou seja, tirar de sobre nós tudo aquilo que
interfere na ação de Deus em nossa vida. É desprezando as obras carnais com um
coração “mortificado” que superaremos as insinuações tentadoras para podermos
continuar com a alegria da salvação. Trazendo para as palavras da ilustre
senhora:
A vida do devoto é como
uma torrente que abre seu caminho descendo das altas montanhas aos vales e
fendas da vida, passando por várias experiências, até finalmente chegar a
experiência espiritual da morte. A partir daí a torrente experimenta a
ressurreição e uma vida de acordo com a vontade de Deus, enquanto ainda passa
por vários estágios de refinamento. Por fim, a torrente encontra seu caminho em
direção ao vasto, ilimitado oceano. Mesmo aí, a torrente não se torna
totalmente unificada com o vasto oceano, até que mais uma vez, passe pelas
relações finais com Deus.
A
maioria dos cristãos não percebem, mas há um chamado da parte de Deus sempre
ecoando em nossos corações para tornarmos essa relação com Ele mais profunda,
mais constante, mais efetiva e sem os embaraços da vida. Há uma vida profunda
em Cristo aguardando ser descoberta, porquanto é mais valiosa que tesouros
reluzentes deste mundo. Estejamos certos desta verdade para não deixarmos essa
oportunidade passar.
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