A mulher, assim
como o homem, tem participação nas atividades do Reino de Deus. Uma vez
redimida, passa a ser porta voz da ação da graça divina e agente transmissor
das verdades do Evangelho. A sensibilidade feminina, como característica
própria, se destaca a tal ponto que seus discernimentos são perspicazes, muitas
vezes lendo a alma das pessoas com grande facilidade. Aliás, essa leitura
coloca a mulher no patamar da virtuosidade, mas também de uma responsabilidade
sem medidas, visto que poder participar da ajuda do outro traz inúmeros
cuidados. Além disso, há em muitas mulheres um sentimento resoluto de
conquistar sempre algo mais; por isso lutam, estudam, dedicam-se e assumem o
compromisso de poder fazer algo semelhante àquilo feito pelos homens (virtude grandiosa
e inestimável). Talvez, por essas razões, o ingresso de mulheres no ministério
pastoral se justificou. Entretanto, a grande questão é saber se aprouve a Deus
vocacionar mulheres para o ministério. Será?
Ao lermos as Escrituras nos textos direcionados ao chamado, à vocação e
ao exercício ministerial é explícita a ideia de o ministério exigir um homem
para a função. Se não vejamos:
Em Efésios (4:11) vemos um chamado para o gênero masculino:
E Ele mesmo deu uns para
apóstolos, e outros para profetas, e outros para
evangelistas, e outros para pastores e
doutores
As aspirações para o exercício do ministério são também bem específicas:
Esta é uma palavra fiel: se alguém deseja o
episcopado, excelente obra deseja (I Timóteo
3:1)
Para que ninguém julgue as aspirações citadas no trecho acima como
ambíguo, o desenrolar do capítulo faz a menção precisa para nossa argumentação.
Com respeito às qualificações e à reputação no ministério, está escrito em I
Timóteo 3:2 uma orientação específica para o homem, equiparando o governo sobre
a casa ao que será exercido sobre a Igreja, porquanto a liderança cabe ao
homem:
É necessário, pois, que o bispo seja
irrepreensível, marido de uma mulher, vigilante, sóbrio, honesto, hospitaleiro,
apto para ensinar; não dado ao vinho, não espancador, não cobiçoso de
torpe ganância, mas moderado, não contencioso, não avarento; que governe bem a
sua própria casa, tendo seus filhos em sujeição, com toda a modéstia
(Porque, se alguém não sabe governar a sua própria casa, como terá cuidado da
igreja de Deus?) Não neófito, para que, ensoberbecendo-se, não caia na
condenação do diabo. É necessário também que tenha bom testemunho dos que estão
de fora, para que não caia em afronta, e no laço do diabo.
Se uma mulher governar sua casa, não estará incorrendo contra um
princípio bíblico? O governo familiar não é peculiaridade do marido dada sua
capacidade proveniente de Deus? Para muito além do que o feminismo prega, a
mulher é a parte mais frágil (entenda-se como sinônimo de “preciosa”) da
relação, devendo receber o amparo masculino e não ser o amparo dele. Portanto
essa linha de pensamento cristão não pode ser classificada de uma opinião
machista como costumam chamar, mas coerente, já que existe pleno respeito pelas
capacidades do gênero masculino e feminino.
O advento da teologia liberal na seara cristã “fragilizou”
conceitos das verdades bíblicas como os apresentados,
transformando-as em proposituras mutáveis de acordo com as novas tendências
mundanas. O misto de teologia liberal com a adaptação às convenções do momento
trouxe um profundo prejuízo para a verdadeira interpretação dos ensinos
bíblicos, em razão de o próprio homem reinterpretar a vontade de Deus de forma
distinta da proposta originária. Assim, a inspiração do Santo Espírito é
substituída pelo mero intelecto baseado em muitos desvios tendenciosos,
principalmente, evocados pelos meios acadêmicos que tentam a todo custo
interpretar as Escrituras se utilizando de métodos criados pelos próprios
acadêmicos. Entretanto, o texto sagrado deverá ser discernido de forma
espiritual e jamais de forma intelectual. Por mais que o meio acadêmico possa
gerar alguma contribuição para o Cristianismo, não sendo necessariamente
através de uma perfeita interpretação bíblica devido seus métodos serem
distintos do proposto pela própria Bíblia, não é através de seus intelectuais
céticos e sem fé que alcançarão o pleno entendimento. Aliás, não querem chegar
a esse nível, antes a Bíblia é objeto de crítica e ultraje, por isso, vivem propondo
novos desafios e digressões para os postulados de Cristo e dos apóstolos. Essa
mentalidade acadêmica trouxe, na verdade, o grande desvio profetizado por
Cristo desde seu tempo (Mateus 24:12). Quando o amor por algo esfria, a
tendência é procurar desabonar o mérito de outrora para justificar decisões
irreverentes que marcam novas fases e formas de conduta. Puro desleixo!
Lamentavelmente, a igreja evangélica influenciada pelo viés acadêmico
está padecendo de males porque desaprovou o antigo com seu aspecto conservador
para dar lugar ao moderno com seus desvios de paradigma. Está tão desviada que
nem sente a dor da angústia pelo seu estado nem percebe seu menosprezo pela
autenticidade do primaz. São as virgens imprudentes (Mateus 25). No caso
abordado, mulheres que ingressaram no ministério e supostos ministros que
estimularam a prática achando que estão cumprindo com a vontade de Deus, estão
na verdade desobedecendo-o e sendo participantes da apostasia prevista na
Igreja. Desta forma, precisamos resgatar as raízes cristãs “Destruindo
argumentos, e toda a altivez que se levanta contra o conhecimento de Deus” (II
Coríntios 10:5).
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