Muito
embora a criminalidade esteja em alta nos últimos anos, a convicção cristã
anabatista sempre se conservou dentro do padrão pacífico das Escrituras. Para
nós, o ensino do pacifismo não repousa na Bíblia como mera instrução teórica,
mas prática, já que requere os frutos dignos de quem passou pelo processo do
arrependimento. Essa resoluta prática, ganhou identidade, óbvio, desde o
comportamento de Cristo que “como cordeiro mudo foi levado ao matadouro”
(Isaías 53) não relutando diante da impiedade e injustiça de seus acusadores.
Como
desdobramento desta prática neotestamentária, cristãos ao longo dos séculos
enfrentaram a violência contra si de forma pacífica, sem empunharem espadas nem
se voltando de qualquer outra maneira contra aqueles que se diziam seus
inimigos. O cristão anabatista caracterizou-se pelo desapego aos revides da
vida para comporta-se pelo espírito humilde das bem-aventuranças.
No
Século XVI, momento histórico reputado como muito significativo em decorrência
da Reforma Protestante, anabatistas foram martirizadas injustamente,
simplesmente por acreditarem firmemente nos valores das Escrituras sem as
interpretações religiosas católicas e protestantes da época. Preferiram o texto
puro como fora colocado e agiram da mesma forma como liam. Se alguém batesse em
seu lado direito do rosto, ofereciam o outro... cultivando um coração puro, não
permitindo o ódio ou o rancor infernizarem seu peito. Deles, aprendemos muito.
Em
nosso tempo, outros desafios surgem para provar nossa fé. Como enfrentar a
violência de nossos dias? Não há uma perseguição explícita por procurarmos
viver a fé sem o ritualismo religioso imperante, mas devido ao excessivo pecado
no coração do homem, tudo que é de Deus ganha motivos para ser ridicularizado e
menosprezado. Apesar disso, agimos contra isso de forma pacífica. Ousamos
pregar o Evangelho para resgatar os mais vis pecadores, dando-lhes motivos para
viver pela fé. Pregamos também para os mais abastados, levando-os a compreender
que a vida não compreende apenas este período afortunado do patamar físico da
realidade humana. Há algo mais que vai além da razão humana e encontra respaldo
na fé.
Anabatistas,
vivamos a fé simples para resgatarmos os valores das Escrituras, sendo
pacíficos dentro do paradigma bíblico, sem nutrirmos qualquer sentimento de
ódio ou de destemperança. Enquanto muitos elevam seus palácios religiosos,
fruto da exploração capitalista, criando novos impérios religiosos à base da
pregação mista (mundanismo e evangelicalismo), onde a seleção dos membros se dá
pela preferência a quem possui muitos bens e que em certas ocasiões impõem o
fardo da perseguição contra nós por associação (algo descabido), reservemo-nos para
comer do pão e para beber da água com a simplicidade, agindo em favor do pobre
e do desamparado, acreditando na possibilidade de vermos almas resgatadas do
mais vil pecado e acreditemos na justiça que vem de Deus.
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