O Jornal Tocha da Verdade é uma publicação independente que tem como objetivo resgatar os princípios cristãos em toda sua plenitude. Com artigos escritos por pastores, professores de algumas áreas do saber e por estudiosos da teologia buscamos despertar a comunidade cristã-evangélica para a pureza das Escrituras. Incentivamos a prática e a ética cristã em vistas do aperfeiçoamento da Igreja de Cristo como noiva imaculada. Prezamos pela simplicidade do Evangelho e pelo não conformismo com a mundanização e a secularização do Cristianismo pós-moderno em fase de decadência espiritual.

segunda-feira, 7 de janeiro de 2019

Por que a Bíblia Sagrada foi tão perseguida?


Até ser reunida e formar o cânon do qual dispomos hoje, a Bíblia Sagrada passou por um longo processo de produção. Basta entendermos que sendo Moisés o “primeiro” escritor e João, o discípulo amado, o último, passaram-se cerca de 1.700 anos. Neste período, a possibilidade de mudanças sociais e culturais com tendências a alterar seu conteúdo era alta, tendo em vista que os povos mudam durante suas histórias. Contudo, o mais impressionante das Escrituras é verificar sua uniformidade e constância, sobretudo a forma como ela vai propondo o ensino da verdade paulatinamente ao ponto de a lei ser sombra de bens futuros (Hebreus 10:1), enquanto que o Evangelho ser considerado “alegres novas de boas coisas” (Romanos 10:15). A prevalência da Bíblia com respeito a outros livros religiosos e dogmas demonstra-se através de fatos como este, muito embora se julguem também inspirados. Essa conclusão, entretanto, fez surgir vários conflitos religiosos, pois muitos não acreditam na supremacia bíblica. A queima de Bíblias, por exemplo, demonstra a forma como os textos cristãos foram menosprezados, tendo como fim a tentativa de aniquilamento de seus ensinos. Apesar disso, a Bíblia foi preservada miraculosamente por providência divina. Vejamos alguns fatos históricos que nos falam de situações como esta.
A Bíblia inglesa, traduzida por John Wycliffe, foi perseguida por Roma:

Wycliffe, vigário da Igreja de Saint Mary em Lutterworth, completou o Novo Testamento inglês em 1380 e o Velho Testamento em 1382. Ele rejeitou muitas das heresias de Roma, incluindo a doutrina de que o povo não deveria ter a Bíblia em sua própria língua. Aqui está uma das poderosas afirmações que ele fez para as autoridades católicas: “Você diz que é uma heresia falar das Sagradas Escrituras em inglês. Você me chama de herege, porque eu traduzi a Bíblia para a língua comum do povo. Você sabe quem blasfema? Não dá o Espírito Santo a Palavra de Deus em primeiro lugar na língua materna das nações a quem foi dirigida? Por que você fala contra o Espírito Santo? Você diz que a Igreja de Deus está em perigo com este livro. Como pode ser isso? Não é somente da Bíblia que aprendemos que Deus criou uma sociedade tal como Igreja sobre a terra? Não é a Bíblia que dá toda a sua autoridade à Igreja? Não é da Bíblia que aprendemos quem é o Construtor e Soberano da Igreja, quais são as leis pelas quais ela é governada, e os direitos e privilégios dos seus membros? Sem a Bíblia, que permissão tem a Igreja para mostrar tais coisas a todos esses? É você quem coloca a Igreja em perigo ao esconder o mandado Divino, a missiva real de seu Rei, a autoridade que ela exerce e a fé que ela ordena” (David Fountain, John Wycliffe, pp. 45-47).
Roma perseguiu amargamente Wycliffe e tentou, sem sucesso, prendê-lo. O Papa Gregório XI emitiu cinco bulas contra Wycliffe, mas ele foi protegido pela rainha da Inglaterra e outros. 
Wycliffe morreu em 31 de dezembro de 1384, e 43 anos mais tarde, em 1428, a Igreja Católica desenterrou os seus ossos e os queimou. 
Roma também perseguiu os seguidores de Wycliffe, os lolardos, aprisionando-os e condenando muitos deles à morte. A torre dos lolardos em Londres foi assim chamada porque é um dos lugares onde eles foram presos e torturados. Era ilegal possuir uma cópia da Bíblia de Wycliffe, e a maioria das inestimáveis Escrituras manuscritas foram queimadas. 

Willian Tyndale é outro exemplo de tradutores da Bíblia para o vernáculo perseguido pelo catolicismo romano:

Quando jovem, Tyndale sentiu que tinha a obrigação de traduzir a Bíblia para o inglês diretamente do hebraico e grego, para que seu povo pudesse ter a Palavra de Deus das mais puras fontes. Quando ele expressou este plano para as autoridades católicas na Inglaterra, então sob domínio católico, ele soube que não seria possível fazer este trabalho em seu próprio país. 
Enquanto trabalhava em Little Sodbury Manor após a sua graduação em Oxford, Tyndale pregou naquela parte do oeste da Inglaterra e debateu a verdade com padres católicos. Uma noite, um padre exclamou: “Estamos melhor sem as leis de Deus do que as do papa”. Ouvindo isso, Tyndale replicou: “Se Deus poupar minha vida por muitos anos, farei com que um menino que empurra um arado saiba mais das Escrituras do que vós”.
Tyndale viajou para o continente para alcançar este objetivo, onde ele teve que se mudar de um lugar para outro e esconder seu trabalho por causa das autoridades eclesiásticas. 
Depois de completar o Novo Testamento e uma porção do Velho, Tyndale foi preso em maio de 1535. Ele ficou preso por 16 meses no castelo de Vilvorde, Bélgica. 
Em 6 de outubro de 1536, Tyndale foi estrangulado e depois queimado na fogueira. Suas cinzas foram jogadas no rio que corria ao lado do castelo. 

Os anabatistas também fizeram sua tradução das Escrituras para a língua do povo, mas amargaram duras perseguições e martírio:

A Bíblia alemã produzida por anabatistas apareceu em 1529, cinco anos antes da Bíblia completa de Lutero. Ela foi chamada a de A BÍBLIA DE WORMS, de acordo com o nome da cidade em que foi publicada. A tradução foi feita por dois anabatistas, Ludwig Hetzer e Hans Denck, “talentosos eruditos, bem versados em hebraico e grego, bem como em latim. Denck estudou e recebeu o grau de mestre na Universidade de Basel, sob e com Erasmus. Hetzer foi um aluno de Basel, e também da Universidade de Paris” (John Porter, The World’s Debt to the Baptists, 1914, p. 138). “Na época da sua publicação a aprovação da edição Denck-Hetzer foi ilimitada e universal. No prazo de três anos treze edições separadas apareceram em Estrasburgo, Augsburgo, Hagenau, e outros lugares... Em uma palavra, em toda a Alemanha o livro dos desprezados anabatistas foi comprado, lido, e estimado” (Ludwig Keller, Hans Denck, Ein Apostel der Wiedertaufer, p. 211; cited by Porter, p. 139).
Esta Bíblia alemã e seus tradutores sofreram o destino que já vimos tantas vezes. “Denck, sofrendo com a tuberculose, sob o decreto de banimento e proscrição, morreu na clandestinidade, na Basiléia, em 1529, um pouco antes da Bíblia vir a ser impressa. Hetzer foi preso, condenado como herege, e decapitado no mesmo ano em Constance... TODO O ESFORÇO POSSÍVEL FOI FEITO PARA SUPRIMIR ESTA ‘BÍBLIA HERETICA’; ESCRITÓRIOS DE IMPRESSÃO, LUGARES ONDE O LIVRO ERA VENDIDO, CASAS PARTICULARES E PESSOAS FORAM REVISTADAS, E TODAS AS CÓPIAS ENCONTRADAS ERAM DESTRUÍDAS. Apenas três cópias que são acessíveis a acadêmicos vieram agora ao conhecimento da existência, uma está na biblioteca da Universidade de Bonn, uma em uma biblioteca em Stuttgart, e uma na Biblioteca Pública de Nova York”.

De fato, a proposta das Escrituras de ser a única fonte da verdade provoca grande antipatia, principalmente, dos religiosos cujos intentos pretendem manobrar seu conteúdo para formularem novos dogmas, servindo-se dos fundamentos cristãos para tantas inovações e desdobramentos considerados equivocados que culminam com um pleno desvio do ensino primaz de Cristo. Apesar disso, Deus sempre preservou suas máximas com grande poder e autoridade, não permitindo sua Palavra desaparecer.

Cloud, David W. “Way of Life Literature”. Traduzido por Edimilson de Deus Teixeira. Disponível em http://www.discernimentobiblico.net/As%20pergui%E7%F5es%20do%20catolicismo%20contra%20a%20b%EDblia.html


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