Já
são mais de 8 milhões de universitários em nosso país. Um número que
impressiona, pensando que no início deste século eram apenas cerca de 2,7
milhões. Mas, diante de mais de 200 milhões de habitantes no Brasil, a
população universitária é de apenas 4%. Estar dentro de uma universidade diante
desta realidade é um privilégio.
Neste
mesmo período, o número de evangélicos também cresceu bastante. Já são hoje
cerca de 60 milhões de pessoas ou 29% da população que se declara evangélica.
Em dez anos, o número de evangélicos cresceu mais de 60%. Este número também
impressiona, mas sabemos que dentro deste contingente há pessoas que se
declaram evangélicos praticantes e outros que se declaram evangélicos não
praticantes! E mesmo os declarados praticantes, sabemos que muitas de suas
práticas não são verdadeiramente evangélicas. Não há pesquisas que mostrem a
quantidade de evangélicos universitários no Brasil, mas dá para se imaginar,
diante deste quadro, que não são muitos. Por isso é um grande privilégio ser um
universitário evangélico em nosso país.
Maurício
Jaccoud da Costa,
pastor e missionário da Cru Campus (www.cru.org.br) atuando na evangelização de
universitários. Doutorando em Teologia pela PUC-Rio pesquisando a vivência do
jovem universitário evangélico. Casado com Caroline há dez anos. Membro da
Igreja Batista Vila Sete, Maringá – PR.
O crescente ingresso de evangélicos em
Universidades brasileiras deveria ser melhor tratado pelos pastores e Igrejas.
A razão é simples. A maioria desses cristãos não está preparada para os embates
que terão de enfrentar nas aulas com professores, principalmente os ateus. Não
que isso seja um ato obrigatório: a discussão. Não é! Mas, não podemos
descartar a possibilidade de o cristão caminhar por terreno arenoso e até
movediço quando for apresentado às interpretações atuais dos pilares das
teorias acadêmicas, discursos que em muitos casos desabonarão os valores cristãos.
Diante disso, sua fé simples, sem uma argumentação coerente no campo acadêmico,
ocasionará um desânimo pela doutrina cristã de tal modo que muitos estarão
sendo tentados e até forçados a abdicar de suas convicções em vistas de suas
impossibilidades de negar aquilo que alguns lobos vorazes ensinam em suas salas
de aula.
O
processo de massificação acadêmica de hoje tem como objetivo formar pessoas
humanistas, hedonistas e desprovidas de qualquer vínculo religioso (parece ser
isso). Possivelmente uma maneira de consolidar uma perspectiva de não
dependência de Deus nem de seus preceitos. Para David Kinnaman, presidente do
Barna group que realizou uma pesquisa sobre o assunto nos Estados Unidos
recentemente, afirmou:
Os dados mostram que algumas cidades – principalmente as
gerações mais jovens – são mais resistentes ao Evangelho do que outras. É cada
vez mais comum as pessoas deixarem a religião, Deus, as igrejas e a tradição de
anos. Alguns observadores afirmam que as universidades são um terreno fértil
para o sentimento ateísta. Os dados dão suporte para entender que as
universidades são lugares confortáveis para os jovens que abandonaram a Deus e
assumiram o controle de suas próprias vidas. (fonte: https://guiame.com.br/gospel/noticias/maioria-dos-jovens-se-tornam-ateus-depois-que-entram-na-universidade-segundo-pesquisa.html)
Alguém
pode sugerir que esse comportamento é distinto no Brasil. Será? Nosso país segue
as fortes tendências americanas “por invejarmos” sua posição de primeiro mundo
e desejarmos esse status. Sua influência é marcante nas mais distintas
manifestações sociais, seja no campo individual seja no coletivo. É muito comum
vermos indivíduos usando trajes semelhantes aos americanos, muito embora o clima
não seja favorável àquela indumentária. Shows com todo aquele aparato técnico
imita categoricamente aquilo que se verifica no país do Tio Sam. Noutras
palavras, vivemos uma aculturação nos mínimos detalhes. Dada essa situação, não
é de admirar que evangélicos se desviem da fé para fazerem confissões ateístas
porque nos EUA virou hábito, mas não só por isso. Há também uma falta de
valoração pela singularidade da fé, razão que motiva os ingressos, muitas vezes
sem autoestima, a rumarem para o bem quisto e para a aceitação nos seus cursos
de graduação em razão de terem se tornado, agora, críticos da religião que
professaram. Querem ser figuras emblemáticas porque ao tomar a atitude de
romper com as convicções cristãs dizem que se libertaram dos discursos
fictícios e deixaram de ser enganadas pela “mitologia cristã”.
Um
dos ramos que ajudam na perpetuação e na disseminação do ceticismo cristão na academia
chama-se Richard Dawkins. Richard Dawkins é um professor da Universidade de
Oxford, evolucionista e famoso ateu que desabona a ideia de um Deus cristão,
criador de todas as coisas e que tem estabelecidos valores absolutos. Em
entrevista à revista Fórum sobre a existência de Deus, ele foi objetivo: “Nós
não sabemos se fadas existem. Nós não levamos a sério a existência do deus
nórdico Thor, ou de Zeus, ou de Dionísio ou de Shiva. Até que tenhamos sérias
evidências de que algum deles tenha existido ou que exista, nós não perdemos
tempo com isso. Por que deveria ser diferente com o Deus cristão, ou com o
judeu ou com o muçulmano?” (fonte: https://www.revistaforum.com.br/entrevista-com-richard-dawkins-pop-star-do-ateismo/).
A mentalidade de Dawkins é importada não só para os ambientes onde a biologia e
a química prevalece, mas também para o campo das humanas. Formula-se, a partir
daí, uma equação de grandeza mais que elevada, visto que se unem nesse
propósito Ludwig Feuerbach, Friederich Nietsche, Jean Paul Sartre, Michael Foucault
e Dawkins, entre muitos outros, para diminuir o valor do Cristianismo. Para
quem não sabe, Feuerbach foi o pensador que primeiro expressou a ideia de Deus
como sendo uma invenção humana. Com esses fundamentos, o ateísmo cresceu e se
reinventa (se é que podemos dizer assim), pois alcançou grande recepção nas
mais diversas correntes filosóficas: o existencialismo, o objetivismo, o
humanismo secular, o niilismo, o positivismo lógico, o anarquismo, o marxismo,
o feminismo e muitos outros. Esse cenário é, então, aquele no qual o cristão
não preparado irá caminhar ao ingressar na faculdade. Em muitos casos, ficará desassistido
e em outros negará sua fé, uma vez que o ambiente acadêmico é severo ao extremo
com os que confessam a fé cristã.
Mas,
num esforço para fortalecer o vínculo cristão e firmá-los, os ingressos
acadêmicos têm a oportunidade de um acompanhamento espiritual sério e
comprometido. O pastor Glauco Barreira Magalhães Filho desenvolve um trabalho
de capelania universitária para jovens em Fortaleza, Ceará, desde 2015,
denominado COMUNIE – Comunhão Universitária Evangélica, opondo-se a esse
sistema espúrio de alguns professores de universidades. Para o pastor Glauco:
“O jovem cristão deve revelar que a sua fé em Cristo não é ‘algo de fim de
semana’, mas o núcleo central de sua existência. Desse modo, o não cristão
poderá ver que a igreja não é para ele um mero entretenimento ou um paliativo
para as dores da vida temporal”. O pastor Glauco Barreira é conhecido pelo seu
zelo doutrinário e eclesiástico. Sensibilizado pela falta de amparo de muitos
evangélicos nas Universidades, firmou um propósito de auxiliá-los nessa
caminhada, visto que conhece bem o ambiente universitário. O pastor Glauco é
professor efetivo da faculdade de Direito da Universidade Federal do Ceará e já
foi professor e coordenador do curso de Direito de várias outras: Unifor,
Grande Fortaleza, Fametro, além de ser palestrante em eventos acadêmicos. A
proposta defendida pelo pastor Glauco é que os universitários evangélicos se
apropriem de sua fé de modo a influenciar o meio acadêmico e não o contrário.
Para ele, “a fé só mostrará a sua posição central em nossa vida quando
determinar as nossas prioridades, as nossas motivações e o nosso pensamento. Um
cristianismo que não influencie as pesquisas e a mentalidade acadêmica não
impressionará ninguém. Devemos, assim, mostrar coerência entre crenças e
práticas. A partir daí, poderemos evangelizar com autoridade, sempre prontos a
aproveitar cada oportunidade”. Para tanto, faz-se necessário um encorajamento
contínuo. O pastor Glauco está sempre realizando eventos no início e fim de cada
semestre, pregando sobre temas que envolvem o universo acadêmico e conflitam
com os valores cristãos. Durante os semestres têm participado de eventos dos
grupos de evangelização acadêmico e interagido com muitos alunos. Tem também
promovido eventos mais amplos voltados para as diversas áreas do saber, seja na
área da biologia, do direito, das ciências humanas, das ciências e tecnologias,
vinculando-as com o Cristianismo, ou seja, criando uma mentalidade na qual o
cristão poderá entender que é possível defender os valores cristãos nas
diversas áreas do saber sem negá-las. Veja as matérias dos eventos realizados:
I Simpósio da COMUNIE:
I
Simpósio de Design Inteligente do Nordeste: http://jornaltochadaverdade.blogspot.com/2017/11/design-inteligente.html
Musical
“Dá-nos a religião dos velhos tempos”:
http://jornaltochadaverdade.blogspot.com/2018/05/noite-do-musical-da-nos-religiao-dos.html
Após
vários eventos da COMUNIE, a grande questão neste momento é saber onde estão os
tantos universitários cristãos de Fortaleza (CE). Será que não se deram conta de
que a fé cristã está sofrendo um severo ataque nos centros acadêmicos? Será que
não perceberam a necessidade de unirem-se nesse propósito a fim de poderem ter
liberdade de proclamarem e defenderem sua fé nas salas de aula? Será que eles
não perceberam que políticos têm usado de políticas públicas para
apadrinhamento dos alunos e com isso incutido doutrinamento ideológico de
vertente esquerdista, que se opõe aos preceitos cristãos? Muitos
questionamentos poderão ser aqui apresentados buscando uma resposta para a
ausência desses nas reuniões e programações da COMUNIE. Parece que os
universitários cristãos não se identificaram com a causa, por mais que isso
seja em prol do próprio benefício deles.
Que
este artigo sirva de alerta e de chamamento para os próximos eventos da
COMUNIE.
Heládio Santos
Bacharel em
Ciências Sociais e Filosofia
Pós-graduado
em Comunicação Social e História
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