Aprendemos a ser Igreja pelo
referencial de Atos dos apóstolos. Aquela Igreja nascente, cheia do Espírito
Santo e de amor, transmiti-nos o anelo divino para seu povo e seu modus operandi muito bem caracterizado
para seguirmos seu exemplo. Se uma Igreja atual quer ser chamada de noiva de
Cristo, faça exatamente o que vê na Igreja Primitiva, já que ela comporta toda
a ideia do projeto de Deus para a dispensação da graça. Noutras palavras, creia
como ela creu, viva como ela viveu, assuma seu papel de reino e sacerdote de
Deus como ela assumiu, sem embaraços, sem pecados, vivendo e exalando o bom
perfume de Cristo.
Apesar de vivermos séculos
após o tempo de Atos não podemos nos omitir de praticar toda doutrina da Igreja
Primitiva sob a orientação apostólica. O sentimento daquele povo também deve
orientar nossas vidas, visto que queria, acima de qualquer outra coisa, servir
a Deus. Este nobre sentimento norteou não só a Igreja de Jerusalém, mas todas
que foram sendo fundadas pelo trabalho apostólico e evangelístico, como foi o
caso de Antioquia na qual os discípulos foram chamados pela primeira vez de
Cristãos. Cristão denominava o seguidor fiel de Cristo porque nos faz entender
que ele falava e anunciada toda a doutrina aprendida. Não se omitia nem
mutilava os ensinos recebidos. Existia prazer naquilo que fora recebido e
nenhum dos discípulos queria abdicar da ferramenta doutrinária uma vez que ela
servia para o fundamento da Igreja.
Ao longo dos séculos
vemos muitas Igrejas surgindo para guardar exatamente o que foi proclamado em
Atos. Montanistas, Novacianos, Donatistas, Pretrobrussianos, Arnoldistas, Cátaros,
Valdenses, Anabatistas e outros são exemplos de comunidades cujo intuito foi
restaurar o padrão primeiro, muito embora em seus tempos já existisse
perseguição devido à dominação católica nos seus territórios. Mas, eles não
cederam aos caprichos espúrios de Roma em razão de temerem mais a Deus do que
aos homens. Por conseguinte, a semente plantada por esses movimentos ainda
germina e brota, basta verificar quem se presta a guardar todos os oráculos primitivos.
Sabemos que o quadro hoje
é muito diferente da era apostólica, mas isso não é desculpa para não sermos
uma genuína Igreja. Aliás, Jesus prometeu que sua Igreja jamais sucumbiria
diante das adversidades do mundo. Ele mesmo proclamou a promessa de seu cuidado
e demonstrou a resiliência da geração futura quando disse: “as portas do
inferno não prevalecerão contra minha Igreja” (Mateus 16:18). Portanto,
percebemos cumplicidade neste propósito, porquanto Deus sempre guardará um povo
genuinamente seu, um povo fiel que pretende guardar todo o conjunto doutrinário
sem se cercar de valores desta vida e apadrinhamentos com os reis e príncipes
deste mundo. Por exemplo, essa Igreja remanescente não comunga com ideais
políticos para ser por eles protegidos, não tem a meta de participação político
partidária, não elege e não é eleita porque seu Senhor é o Cristo, Senhor dos senhores
e Rei dos reis.
O remanescente fiel é a
Igreja que mundo precisa porque ela terá em si a genuína conversão e não fará
conchaves para negociar outros meios como pretende o ecumenismo. Essa Igreja
preza pelo único meio de salvação e se concentra em receber dele graça e luz
para seu viver. Mas há muito mais! Uma Igreja cheia do Espírito Santo através
do qual se verifica calor nas pregações, vida nas palavras e fidelidade na vida
do pregador demonstra a aptidão para fazer uso da Palavra e falar de uma
experiência genuína pautada nas Escrituras. Não podemos, entretanto, esquecer
que antes de ela se manifestar ao mundo é necessário um ato específico: consagração.
Ninguém de boa fé sai sem estar em comunhão com o Altíssimo, pois paz parte do
ministério da pregação. Guardar toda a doutrina e perseverar nela é outro sinal
que distingue a Igreja que o mundo precisa.
Uma comunidade
genuinamente cristã que absorveu esse sentimento da Igreja primitiva com
piedade e devoção foi a dos Morávios, mas foi após longos períodos de luta
espiritual. O conde Zinzendorf recepcionou muitos fugitivos de perseguições na
Europa em suas terras no século XVIII com a finalidade de lhes dar abrigo. Com
o tempo, discórdias e conflitos começaram a ocorrer devido às várias correntes
religiosas que pertenciam. Foi neste momento que o conde ousou colocar todos
para orar. Ninguém poderia mais discutir, mas somente orar. Um grande
avivamento ocorreu entre eles a tal ponto que passou a ser uma comunidade
referencial na questão do Ágape. Romperam com os dilemas e conflitos para
ficarem em paz e harmonia. A partir daí começaram a ter um olhar piedoso para o
mundo e começaram a enviar muitos missionários para a África, América do Sul,
América do Norte e Ásia. Eles perceberam, quando não mais lutavam entre eles,
que agora com o espírito de piedade das Escrituras o mundo precisava deles para
anunciar as verdades percebidas pelas experiências que passaram. Além disso, os
missionários que iam não só eram sustentados pelos recursos financeiros, mas
pelas orações já que todos os dias eles oravam e se reuniam em oração numa
determinada hora. Isto aconteceu por cem anos.
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