Pintura Johann Alpenhütte retratando Michael Sattler instruindo discípulos anabatistas |
É
importante compreendermos que os Anabatistas do século XVI não pretendiam inovar
em questões doutrinárias, nem tinham a intenção de seguir os postulados
Protestantes emergentes diante da crise imposta pelo romanismo e o obscurantismo
religioso. O grande objetivo era resgatar os preceitos fundamentais da fé a
partir do fundamento apostólico, medida que gerou muitas objeções e
consequências para o grupo.
Para
Arnold Snyder, podemos elencar alguns pontos os quais geraram um olhar de
rejeição religioso dos movimentos majoritários do fim do Medievo. Apesar da
rejeição desses líderes religiosos, havia também uma repulsa anabatista da
forma como o Evangelho era distorcido, principalmente, pelo catolicismo romano.
Essa rejeição do movimento que buscava a restauração dos ensinos bíblicos em
sua pureza criou uma mentalidade antipatizante nos seus opositores, culminando
com severas críticas e perseguições. Entretanto, os anabatistas tinham pontos
relevantes em destaque e suas convicções eram muito bem amparadas, vejamos.
Sobre
a Igreja, eles acreditavam que era formada por crentes, nascida pelo Espírito e
centralizada em Cristo:
Uma consequência da
maneira na qual os Anabatistas discerniram a vontade de Deus era que todos os
membros eram crentes os quais haviam nascido do Espírito. Na Igreja não devia
havia pessoas com o privilégio “sacerdotal” de interpretar a vontade de Deus,
se não que a comunidade foi constituída por membros com a capacidade de
interpretar e discernir. Esta comunidade surgiu como resultado da atividade do
Espírito Santo. Era uma comunidade cujo discernimento devia estar de acordo com
a pessoa e as palavras de Cristo (p. 10).
Tinham
o cuidado de capacitar biblicamente cada membro da comunidade a fim de
testemunharem acerca de suas convicções:
A ênfase anabatista em
uma Igreja de crentes tinha como consequência que todos os seus membros deviam
se capacitar biblicamente. Embora a maioria dos Anabatistas não pudesse ler ou
escrever, no entanto sabiam de cor extensas porções da Escrituras, organizadas
por tema. Hora após hora, os anabatistas que estavam em prisões deixavam seus
carcereiros assombrados recitando de memória os fundamentos bíblicos de suas
convicções, por capítulo e versículo. Esperava-se que os membros assumissem sua
fé e fossem capazes de explicá-la e defendê-la biblicamente. As crônicas
demonstram uma notável quantidade de conhecimento bíblico por parte de homens e
mulheres comuns que haviam abraçado o Anabatismo
(p. 20-21).
Sobre
a Igreja visível, acreditavam ser necessário a manifestação dos crentes com a
finalidade de testemunharem sua obediência plena ao Evangelho:
Uma consequência da
interpretação anabatista da salvação era que a Igreja verdadeira devia ser bem
visível, integrada por aqueles que decidiram abertamente dizer “sim” à oferta
da graça em Cristo. A Igreja não deve ser “conhecida somente por Deus”, mas
deve ser visível para qualquer observador humano. Esta Igreja devia ser
reconhecida pelo arrependimento, novo nascimento e nova vida de seus membros.
Seria uma Igreja de discípulos obedientes, empenhada em seguir seu Senhor e
Mestre, Jesus Cristo (p.21).
De
forma singular, os Anabatistas do século XVI demonstraram a simplicidade
exigida pelo Evangelho e transformaram a visão religiosa de seu tempo. Fizeram
muitos migrarem da religiosidade murcha para uma vida piedosa de devoção a
Deus. Um selo que distingue o movimento Anabatista ao longo da História da
Igreja Cristã.
Referência
Snyder, C. Arnold. De semilla Anabautista: el núcleo histórico
de la identidade Anabautista. Canadá: Pandora Press, 1999.
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