Existiam muitas
virtudes coletivas entre nós: unidade, fraternidade, cuidado... Mas um dos que
se sobressaía era, sem dúvida, o zelo. Aprendemos a ser zelosos com todas as
realidades cristãs e comprometidos com a pregação pura da Palavra seguíamos
nossa carreira. Um fato muito interessante neste momento era que os pastores de
outras igreja da “velha guarda” gostavam muito de nós. E nós gostávamos muito
da companhia deles. Estreitamos laços com esses homens de fé conservadora que
não queriam ver o mundanismo nas suas Igrejas. Um conjunto de jovens como nós,
encabeçados pelo jovem e talentoso pregador Glauco, era como bálsamo para eles diante
da iminente decadência espiritual que assolava as igrejas evangélicas no final
da década de 80 e começo da de 90, fato consumado logo em seguida.
Éramos conhecidos
pelas pregações, principalmente do pastor Glauco. Alguns de nós tinham maior
versatilidade na exposição das verdades doutrinárias do que outros. Todas as
vezes que realizávamos os cultos de mocidade, havia sempre alguém que proferia
uma breve mensagem acerca do tema conservador. Gostava muito da palavra do
Flávio que tinha uma mensagem séria, firme e resoluta. Um jovem homem
espiritual de oração cujo compromisso apresentava-se tão exemplar que não
poderíamos nutrir outro sentimento se não o de admiração e simpatia (lamento muito
a privação de sua presença em nosso meio hoje, porquanto aprendi com ele muito
e o considerava/considero um irmão mais velho). O outro irmão com boa pregação e
exposição fácil era o Henrique. Dizíamos que ele era a cópia do pastor Glauco
pregando (hoje diríamos que era o “clone”). Reproduzia em sua pregação o estilo
glauquiano do púlpito: os trejeitos, a forma de falar e modo de se vestir. Dedicávamos
um olhar afável a sua conduta, pois sua mensagem era muito bem articulada e
pensada; era um mestre entre nós através do qual gostávamos muito de buscarmos
respostas às nossas dúvidas. Respeitávamos a admiração que ele tinha pelo jovem
Glauco e a entendíamos aquele sentimento. Lamento também sua ausência, apesar
de alguns contratempos ao longo de sua jornada.
Essas histórias
representam a história de Moriá. Fomos educados a amar as Escrituras como o
jovem Glauco nos ensinou. Víamos tanta devoção em suas palavras e atitudes que
erámos constrangidos a querer o mesmo. O constrangimento não era vergonhoso,
mas estimulador para alcançarmos o patamar de espiritualidade por ele
alcançada. Com esses sentimentos, levantamos o estandarte do Evangelho para
pelejarmos numa luta apologética. Percebemos a grande responsabilidade com qual
Deus estava disposto a trabalhar através daquele pequeno grupo de jovens
sedentos por mais de Deus. Moriá se tornou um feixe de luz em meio à mudança de
conduta doutrinária de muitas igrejas das quais erámos muito assíduos. Passou a
ser um sinal de luz, um alerta de retorno aos princípios que norteiam a fé, um
clamor para o compromisso e a seriedade cristãos.
Hoje, com mais vigor,
temos continuado a dizer e falar a sã doutrina. É fato constatado que Moriá ao
longo dos anos não sofreu alteração doutrinária nem comportamental. Muitos
opositores tentaram com difamações dizer o contrário, mas quem foi e é de Moriá
sabe o que estou dizendo. Por exemplo, no retorno do irmão Leylene (perdoe-me o
irmão se escrevi seu nome errado) ao seio da Igreja, mencionou com alegria, após
ter passado anos distante de Fortaleza em razão de trabalhar e residir no
interior do Piauí, em conversa particular com o pastor Glauco, o fato de Moriá
continuar sendo a mesma. Ele disse: “Pastor, os anos passam e a Moriá continua
sendo aquela que conheci há muitos anos. NÃO MUDA!”. Isso demonstra que o sinal
de luz continua em evidência.
Infelizmente, ao
longo do caminho, muitos que ergueram a mesma voz desistiram da peleja em
Moriá. Sinto uma profunda compaixão por eles. Reconheço que não é fácil lutar
para a conservação da doutrina, mas não posso esquecer-me de quem a ordenou.
Essa ordenação não foi exclusiva para Moriá. Foi alardeada para todos os que
levam o nome de cristão, portanto sejamos fiéis como fomos no passado para que sejamos
ainda no futuro.
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