Sem dúvida, o
presente momento é de extremo consumo. Muitos indivíduos dedicam-se a comprar e
a vender itens dos mais variados, alimentando o comércio em suas relações
individuais e coletivas muito embora determinadas mercadorias não sejam essenciais,
resultando em consumo por pura alienação. Por força dessa imposição social,
associou-se o dízimo ao consumo como se o dever cristão objeta-se estritamente
a prosperidade física e material. Ou seja, dá-se o dízimo para se receber algo
em troca, como se o mesmo fosse instrumento de barganha e benefícios. Entretanto,
essa visão não corresponde ao ensino bíblico, nem à prática na Igreja durante
sua história. Essa invencionice de o dízimo, obrigatoriamente, render aumento
de capital ao doador é falácia moderna de igrejas neopentecostais.
Em Gênesis, verificamos
o primeiro momento no qual a prática é digna e correta (Gênesis 14:20). Abraão
deu o dízimo de tudo! A expressão é interessante, pois não há nenhuma
reivindicação de bênção posterior pelo rito cumprido. Nem há informações bíblicas
para confirmarmos que foi exigência divina o ato de Abraão. Desta maneira,
Abraão tomou a atitude de forma espontânea e voluntária. Apesar de Malaquias
usar outros termos dos quais sabemos que Deus abençoa os fiéis, a crítica é na
realidade para a mensagem demasiada sobre o assunto. Os pregadores da
prosperidade extrapolam em seus discursos como se quisessem barganhar com Deus.
Hoje, o cristão deve
dar o dízimo por obediência, voluntariedade e espontaneidade. O que leva alguns
a discordarem da prática do dízimo deveu-se ao fato de alguns intérpretes equivocados
e líderes do movimento neopentecostal refinar um discurso de prosperidade,
desentoando do sentido primeiro, mas criando fortes expectativas materialistas
(algo que encanta muitos indivíduos leigos). Antagonicamente, existem cristãos
que apesar de saber o que está prescrito têm restrições à doação devido à sua
avareza. Tentam com argumentações nada convencedoras desabonar a prática e dão
uma conotação veterotestamentária. Entretanto, quem é dizimista sabe aplicar valor
e espiritualidade ao ato. A entrega representa o ato de obediência ao
instituído biblicamente, um desapego aos bens materiais, uma valorização do
trabalho secular, amor à obra de Deus etc.
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